Cidade em preto e branco: turismo, memória e as narrativas reivindicadas da São Paulo Negra

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rodrigues, Denise dos Santos
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100140/tde-23042021-120824/
Resumo: As histórias reproduzidas nas cidades são produtos de narrativas oficiais perpetuadas para rememorar e exaltar heróis, representantes e datas. Esses destaques não são elaborados ao acaso, eles são reflexos de grupos hegemônicos que definem e reforçam aquilo que se quer preservar. O Turismo, como atividade que interage com essas construções narrativas, pode reproduzir esses discursos. A presente pesquisa tem por objetivo analisar como a construção das narrativas oficiais difundidas na história de São Paulo interage com a presença, história e memória negras na região central da cidade e suas relações com o turismo paulistano. O recorte espacial da pesquisa são os distritos da Sé, República, Liberdade e Bela Vista, locais que remontam às origens e expansão de São Paulo, ainda hoje são considerados pontos turísticos importantes e são territórios fortemente marcados pela história negra na capital paulista. Para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se do método de pesquisa de caráter qualitativo e exploratório, por meio das abordagens bibliográfica e documental, técnicas de análise de conteúdo e entrevistas semiestruturadas. Para identificar como os órgãos oficiais reproduzem as marcas que se referem à presença negra em diferentes momentos, analisaram-se oito mapas cartográficos do século XIX e, além desses, o Mapa Geral de São Paulo, o Guia da Cidade e o Roteiro Temático Afro. As entrevistas foram realizadas com dois grupos, três ativistas dos movimentos negros e culturais, e quatro organizadores de roteiros que trazem como protagonista essa presença negra paulistana. Os resultados da pesquisa indicam que as memórias, histórias e as personalidades negras em São Paulo sofreram com um processo de apagamento gradual, contínuo e intensivo resultado de uma política racista de branqueamento da cidade, que também recaiu sobre as práticas turísticas. Mesmo ao trazer a perspectiva da pluralidade cultural, a presença negra pouco aparece nos guias e mapas elaborados por órgãos oficiais de Turismo. Apesar de existir um roteiro específico de temática afro, o documento encontra-se desatualizado, incompleto e carece de informações que versem sobre a negritude na formação da sociedade paulistana e brasileira e a ela remontem. Contudo, ao mesmo tempo em que o Turismo reforça uma narrativa de apagamentos por meio de políticas oficiais que destacam a presença imigrante e bandeirante, tal narrativa é confrontada por meio de iniciativas de afroturismo que resistem, recontam e reivindicam a São Paulo Negra. O Turismo afrocentrado busca contestar as narrativas difundidas e reivindicar a presença negra na construção e desenvolvimento da maior cidade do país. Dessa forma, entende-se que o Turismo paulistano acaba por reforçar o racismo estrutural existente e necessita reavaliar os processos para endossar a prática antirracista. Enquanto isso, a sociedade civil busca formas de resgatar, valorizar e reivindicar as narrativas negras por meio da atividade turística, ao mostrar que é possível repensar a área como instrumento de conhecimento e informação
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O recorte espacial da pesquisa são os distritos da Sé, República, Liberdade e Bela Vista, locais que remontam às origens e expansão de São Paulo, ainda hoje são considerados pontos turísticos importantes e são territórios fortemente marcados pela história negra na capital paulista. Para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se do método de pesquisa de caráter qualitativo e exploratório, por meio das abordagens bibliográfica e documental, técnicas de análise de conteúdo e entrevistas semiestruturadas. Para identificar como os órgãos oficiais reproduzem as marcas que se referem à presença negra em diferentes momentos, analisaram-se oito mapas cartográficos do século XIX e, além desses, o Mapa Geral de São Paulo, o Guia da Cidade e o Roteiro Temático Afro. As entrevistas foram realizadas com dois grupos, três ativistas dos movimentos negros e culturais, e quatro organizadores de roteiros que trazem como protagonista essa presença negra paulistana. Os resultados da pesquisa indicam que as memórias, histórias e as personalidades negras em São Paulo sofreram com um processo de apagamento gradual, contínuo e intensivo resultado de uma política racista de branqueamento da cidade, que também recaiu sobre as práticas turísticas. Mesmo ao trazer a perspectiva da pluralidade cultural, a presença negra pouco aparece nos guias e mapas elaborados por órgãos oficiais de Turismo. Apesar de existir um roteiro específico de temática afro, o documento encontra-se desatualizado, incompleto e carece de informações que versem sobre a negritude na formação da sociedade paulistana e brasileira e a ela remontem. Contudo, ao mesmo tempo em que o Turismo reforça uma narrativa de apagamentos por meio de políticas oficiais que destacam a presença imigrante e bandeirante, tal narrativa é confrontada por meio de iniciativas de afroturismo que resistem, recontam e reivindicam a São Paulo Negra. O Turismo afrocentrado busca contestar as narrativas difundidas e reivindicar a presença negra na construção e desenvolvimento da maior cidade do país. Dessa forma, entende-se que o Turismo paulistano acaba por reforçar o racismo estrutural existente e necessita reavaliar os processos para endossar a prática antirracista. Enquanto isso, a sociedade civil busca formas de resgatar, valorizar e reivindicar as narrativas negras por meio da atividade turística, ao mostrar que é possível repensar a área como instrumento de conhecimento e informaçãoThe histories reproduced in the cities are products from official narratives perpetuated to rememorate and exalt heroes, representatives, and dates. These spotlights are not elaborated at random; they are reflexes of hegemonic groups that define and reinforce what they want to preserve. Tourism as an activity that interacts with those narrative constructions may reproduce such speeches. The current research has as objective to analyze how the constructions of official narratives disseminated in the history of São Paulo interact with the black presence, history, and memories in the central city area and their relationship with São Paulos Tourism. The spatial clipping of this research are the districts of Sé, República, Liberdade and, Bela Vista, places that reassemble the origins and expansion of São Paulo, even today are considered remarkable touristic attractions and territories strongly marked by the black history in the city. To achieve the proposed objectives, it was utilized a qualitative and exploratory research method; through a documental and bibliographical approach; the techniques were content analysis and semi-structured interview. To identify how the official agencies reproduce the marks that refer to the black presence in different times were analyzed eight cartographic maps of the 19th century and, in addition to these, the General Map of São Paulo, the City Guide, and the Afro Guide. The interviews were conducted with two different groups: three black and cultural movement activists; and four guide organizers who bring as protagonists this black presence in São Paulos city. The results of this research indicate that the memories, histories, and black personalities in São Paulo suffered from an intensive and continuous gradual erasure process, the result of a racist and whitening policy of the city that also was absorbed by the touristic practices. Even when bringing the perspective of cultural plurality, black presence hardly appears in the guides and maps elaborated by official tourism agencies. Despite existing a specific Afro Guide, the document is outdated, incomplete, and lacks information on the blackness in the formation of both São Paulo and Brazilian societies and goes back to it. However, at the same time Tourism reinforces a narrative of erasures through official policies that highlight the immigrant and Bandeirantes presence, such narrative is confronted through afro tourism that resists, retell, and reclaim the Black São Paulo. The afro-centered tourism tries to contest the widespread narratives and reclaim the black presence in the development and construction in the biggest city of the country. Thus, it is understood that São Paulos Tourism ends up reinforcing the existent structural racism and needs to reevaluate the processes to endorse the anti-racist practices. Meanwhile, civil society seeks ways to rescue, valorize and reclaim the black narratives through Tourism, by showing that it is possible to rethink the area as an instrument of knowledge and informationBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPTrigo, Luiz Gonzaga GodoiRodrigues, Denise dos Santos2021-02-23info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/100/100140/tde-23042021-120824/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-08-20T02:10:02Zoai:teses.usp.br:tde-23042021-120824Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-08-20T02:10:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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