Rancière, bordas da escrita

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Blanco, Daniela Cunha
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-04062019-112825/
Resumo: O intuito desse trabalho é pensar a concepção de escrita em Jacques Rancière a partir da hipótese de que ela pode ser compreendida como algo além do gesto de traçar palavras no papel seguindo as regras de uma gramática, podendo, antes, ser pensada a partir da ideia de partilha do sensível; ideia que expressa um sentido duplo de divisão e de comum, de algo que é partilhado ao mesmo tempo que dividido, expressando o sentido de um modo de viver juntos que é dissensual. A escrita reuniria o pensamento de uma estética da política e de uma política da estética, dando a ver o aspecto político inerente a toda discussão estética tanto quanto o aspecto estético inerente a todo debate político. Essa relação entre estética e política implica em pensarmos como essa concepção de escrita em Rancière embaralha as bordas que desenham seu próprio significado e, ainda, as bordas que desenham as divisões entre os campos de saberes, entre ficção e realidade, entre artes e ciências humanas. Desse modo, esse trabalho passará pelo pensamento do entrelaçamento entre as diversas artes e a filosofia com o intuito de dar a ver como configuram um espaço comum de pensamento no qual se expressa um aspecto político dos modos de visibilidade das coisas, da ordenação dos elementos de uma narrativa e das maneiras de distribuição de lugares e funções. A escrita em Rancière, assim, será pensada a partir do encontro de uma miríade de modos de ver e habitar o mundo que configuram uma comunidade de pensamento. Esta, por sua vez, deve ser pensada no interior daquilo que o autor denomina como regime estético das artes, a saber, um regime de identificação das artes compreendido a partir da mudança no modo de pensamento que teria tomado forma na literatura do século XIX, a partir do que teria deixado de fazer sentido a preponderância da razão sobre o sensível, da forma sobre a matéria. Esse novo modo de pensamento teria reconfigurado nossos modos de vida, tornando possível a afirmação de que as coisas banais da vida não se separam do pensamento e que ambos relacionar-se-iam pela capacidade de expressão do sensível. O sensível, nesse regime estético, não está à serviço da razão no interior de uma ordenação causal da narrativa que se empenha por naturalizar os espaços e os tempos, mas, antes, é autônomo; o que implica pensar que as experiências estéticas e políticas podem afetar ou ser afetadas por qualquer um. Nesse sentido, a ideia de comunidade de pensamento surge como figura importante do pensamento dessa escrita que é algo além do jogo com as palavras e que será pensada como a operação de uma partilha do sensível. Pretendese, assim, construir uma concepção de escrita em Rancière a partir do diálogo entre o cinema, a literatura e a filosofia. A escrita, assim, deve surgir como conceito que perpassa as diversas divisões dos campos, traçando uma teia comum de pensamento, sempre a se mover e a se refazer, a redesenhar suas bordas e limites.
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Essa relação entre estética e política implica em pensarmos como essa concepção de escrita em Rancière embaralha as bordas que desenham seu próprio significado e, ainda, as bordas que desenham as divisões entre os campos de saberes, entre ficção e realidade, entre artes e ciências humanas. Desse modo, esse trabalho passará pelo pensamento do entrelaçamento entre as diversas artes e a filosofia com o intuito de dar a ver como configuram um espaço comum de pensamento no qual se expressa um aspecto político dos modos de visibilidade das coisas, da ordenação dos elementos de uma narrativa e das maneiras de distribuição de lugares e funções. A escrita em Rancière, assim, será pensada a partir do encontro de uma miríade de modos de ver e habitar o mundo que configuram uma comunidade de pensamento. Esta, por sua vez, deve ser pensada no interior daquilo que o autor denomina como regime estético das artes, a saber, um regime de identificação das artes compreendido a partir da mudança no modo de pensamento que teria tomado forma na literatura do século XIX, a partir do que teria deixado de fazer sentido a preponderância da razão sobre o sensível, da forma sobre a matéria. Esse novo modo de pensamento teria reconfigurado nossos modos de vida, tornando possível a afirmação de que as coisas banais da vida não se separam do pensamento e que ambos relacionar-se-iam pela capacidade de expressão do sensível. O sensível, nesse regime estético, não está à serviço da razão no interior de uma ordenação causal da narrativa que se empenha por naturalizar os espaços e os tempos, mas, antes, é autônomo; o que implica pensar que as experiências estéticas e políticas podem afetar ou ser afetadas por qualquer um. Nesse sentido, a ideia de comunidade de pensamento surge como figura importante do pensamento dessa escrita que é algo além do jogo com as palavras e que será pensada como a operação de uma partilha do sensível. Pretendese, assim, construir uma concepção de escrita em Rancière a partir do diálogo entre o cinema, a literatura e a filosofia. A escrita, assim, deve surgir como conceito que perpassa as diversas divisões dos campos, traçando uma teia comum de pensamento, sempre a se mover e a se refazer, a redesenhar suas bordas e limites.The purpose of this work is to think Jacques Rancière\'s conception of writing starting from the hypothesis that it can be understood as something other than the gesture of tracing words on paper following the rules of a grammar. Instead, it may be thought out of the idea of distribution of the sensible; an idea that expresses a double sense: one of division and other of common, of something that is shared while being divided, expressing the sense of a way of living together that is dissensual. Writing would bring together the thought of an aesthetic of politics and of a politics of aesthetics, showing the political aspect inherent to any aesthetic discussion as much as the aesthetic aspect inherent to any political debate. This relation between aesthetics and politics implies in thinking how this conception of writing in Rancière shuffles the edges that draw their own meaning and also the edges that draw the divisions between the fields of knowledge, between fiction and reality, between arts and the human sciences. In this way, this work will go through the intertwining between the various arts and philosophy in order to show how they form a common space of thought which express a political aspect of the modes of visibility of things, of the ordenation of the elements of a narrative and of the ways of distributing places and functions. The writing in Rancière, thus, will be thought from the meeting of a myriad of ways of seeing and inhabiting the world that form a community of thought. This, in turn, must be thought within what the author calls the aesthetic regime of the arts, namely, a regime of identification of the arts understood as the changes in the mode of thought that would have taken shape in the literature of the nineteenth century, from what would have ceased to make sense the preponderance of reason over the sensible, of form over matter. This new way of thinking would have reconfigured our ways of life, making possible the assertion that the banal things of life do not separate from thought and that both would relate to each other because of the capacity of expression of the sensible. The sensitive, in this aesthetic regime, is not at the service of reason within a causal order of the narrative that strives to naturalize spaces and times, but rather is autonomous; which implies that aesthetic and political experiences can affect or be affected by anyone. In this sense, the idea of community of thought emerges as an important figure in the thinking of this writing that is something beyond the play with words and which will be thought of as the operation of a distribution of the sensible. It is intended, therefore, to construct a conception of writing in Rancière from the dialogue between cinema, literature and philosophy. Writing, then, must emerge as a concept that runs through the various divisions of the fields, tracing a common web of thought, always moving and redoing itself, redrawing its edges and boundaries.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFavaretto, Celso FernandoBlanco, Daniela Cunha2019-02-22info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-04062019-112825/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2019-06-07T17:40:33Zoai:teses.usp.br:tde-04062019-112825Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212019-06-07T17:40:33Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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