Gestantes soropositivas ao HIV: histórias sobre ser mulher e mãe

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bertagnoli, Marina Simões Flório Ferreira
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-25112012-182140/
Resumo: Os primeiros casos de Aids surgiram no início da década de 1980 provocando reações de medo, preconceito e impotência na população e também na comunidade científica. Estudos epidemiológicos indicaram, naquela época, maior incidência de casos entre indivíduos homossexuais estabelecendo, inicialmente, uma relação entre os casos de adoecimento e a conduta de integrantes de grupos historicamente marginalizados. Paralelamente, investigações clínicas demonstraram fragilidade imunológica entre os indivíduos acometidos e conduziram as pesquisas à descoberta de um agente infeccioso, o HIV (Human Immunodeficiency Virus). As mudanças na forma de compreender e descrever a epidemia de HIV/Aids acompanharam estes processos e passaram, por fim, a considerar condições materiais e subjetivas de vida como elementos estruturantes da vulnerabilidade à contaminação. Neste contexto, as relações de gênero e a submissão do feminino são elementos importantes para a discussão da vulnerabilidade entre mulheres e seus efeitos para as práticas de prevenção. Este estudo buscou identificar, no relato de gestantes soropositivas ao HIV, sentidos acerca de suas vivências na(s) relações conjugais, relações familiares e sociais, convivência com a soropositividade, saúde reprodutiva e a experiência da maternidade, analisando-os sob a perspectiva das relações de gênero e da vulnerabilidade feminina. Foram realizadas entrevistas individuais com dez gestantes soropositivas ao HIV em atendimento pré-natal junto ao Ambulatório de Moléstias Infecciosas em Ginecologia e Obstetrícia (AMIGO) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP (HCFMRP-USP), serviço público de saúde e referência para a região. Os resultados apontam que dificuldades para distribuição do poder nas relações de gênero e a precarização das condições de vida são elementos estruturantes do processo de vulnerabilização ao contágio por HIV; há ainda rompimento de relações sociais e descontinuidade das perspectivas de vida em decorrência do medo do preconceito e da morte provocados pelo diagnóstico de soropositividade e um esforço para o redimensionamento do cuidado com os filhos, além de estratégias para reorganização da vida que vão se configuram ao longo do processo de enfrentamento ao contágio. Na maioria dos casos analisados, as mulheres reconhecem a si como vítimas da ação de seus parceiros, culpando-os pelo contágio. Aponta-se a necessidade de reestruturação das práticas de saúde no atendimento a mulheres soropositivas ao HIV, considerando a necessidade de fortalecimento de seus recursos cognitivos e afetivos para o enfrentamento das vicissitudes do contágio e consequente ruptura com a naturalização como vítimas. Dentre as estratégias para o fortalecimento destas mulheres, a discussão de sua apropriação do processo do contágio e a problematização do aceite tácito da pretensa superioridade masculina e das exigências do parceiro ou da família, são propostas para que se reconheça a passividade feminina como elemento que vulnerabiliza as mulheres, além de fragilizar práticas preventivas (CAPES).
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As mudanças na forma de compreender e descrever a epidemia de HIV/Aids acompanharam estes processos e passaram, por fim, a considerar condições materiais e subjetivas de vida como elementos estruturantes da vulnerabilidade à contaminação. Neste contexto, as relações de gênero e a submissão do feminino são elementos importantes para a discussão da vulnerabilidade entre mulheres e seus efeitos para as práticas de prevenção. Este estudo buscou identificar, no relato de gestantes soropositivas ao HIV, sentidos acerca de suas vivências na(s) relações conjugais, relações familiares e sociais, convivência com a soropositividade, saúde reprodutiva e a experiência da maternidade, analisando-os sob a perspectiva das relações de gênero e da vulnerabilidade feminina. Foram realizadas entrevistas individuais com dez gestantes soropositivas ao HIV em atendimento pré-natal junto ao Ambulatório de Moléstias Infecciosas em Ginecologia e Obstetrícia (AMIGO) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP (HCFMRP-USP), serviço público de saúde e referência para a região. Os resultados apontam que dificuldades para distribuição do poder nas relações de gênero e a precarização das condições de vida são elementos estruturantes do processo de vulnerabilização ao contágio por HIV; há ainda rompimento de relações sociais e descontinuidade das perspectivas de vida em decorrência do medo do preconceito e da morte provocados pelo diagnóstico de soropositividade e um esforço para o redimensionamento do cuidado com os filhos, além de estratégias para reorganização da vida que vão se configuram ao longo do processo de enfrentamento ao contágio. Na maioria dos casos analisados, as mulheres reconhecem a si como vítimas da ação de seus parceiros, culpando-os pelo contágio. Aponta-se a necessidade de reestruturação das práticas de saúde no atendimento a mulheres soropositivas ao HIV, considerando a necessidade de fortalecimento de seus recursos cognitivos e afetivos para o enfrentamento das vicissitudes do contágio e consequente ruptura com a naturalização como vítimas. Dentre as estratégias para o fortalecimento destas mulheres, a discussão de sua apropriação do processo do contágio e a problematização do aceite tácito da pretensa superioridade masculina e das exigências do parceiro ou da família, são propostas para que se reconheça a passividade feminina como elemento que vulnerabiliza as mulheres, além de fragilizar práticas preventivas (CAPES).The first AIDS cases appeared at the begining of 1980s provoking fear reactions, prejudice and impotence on the population and also on the scientific community. Epidemical studies indicated, in that time, a larger number of cases incidence among homosexual individuals demonstrating, at the beginning, a relationship between the illness cases and the group integrals marginal behaviour historically. Parallel, clinical investigations demonstrated immunology weakness among the onset individuals and conducted the researches to find out an infectious agent, HIV (Human Immunodeficiency Virus). Changes on the form of understanding and describing the HIV/AIDS epidemic followed these processes and at the end turned into considering material and subjective conditions of life as structural elements of the vulnerability among women and its effects for the prevention practices. This study searched to identify, concerning to HIV-positive pregnant women, considering their married, family and social relationship life history, familiarity with positive serum, reproductive health and maternity experience, analysing them under a perspective of female gender vulnerability relations. Individual interviews with ten HIV-positive pregnant women, who were pre-natal assisted in a gynaecology and obstetrics infectious deseases ambulatory (AMIGO) in Hospital das Clinicas da Faculadae de Medicina de Ribeirão Preto USP (HCFMRP-USP), a public health service as well as a reference for the region, were carried out. The results show that difficulties to the power distribution on gender relations and precariousness conditions of life are structural elements of HIV vulnerabity; yet there is a break of social relations and life perspectivity discontinuity due to prejudice and fear of death coming from the positivity serum and also an effort to redeem their childrens care, besides strategies to reorganize their lives occurences that will appear together with facing the contagion process. In the majority of the analysed cases, these women recognize themselves as being her partners actions, victims, blaming them for the contagion. Practice structures needs, in health attendance to these women, are pointed out, considering the necessity to reenforce their cognitive and affective resources, in order to face contagion vicissitudes and consequently rapture with the naturalization as victims. Among the strategies to the reenforcement of these women, the discussion of their appropriation contagion process as well as the assumed male superiority tacit acceptance problematic and families and husbands demandings are proposals to female passiviness as an element of women vulnerability, besides weakening preventive practices (CAPES).Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPFigueiredo, Marco Antonio de CastroBertagnoli, Marina Simões Flório Ferreira2012-09-28info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-25112012-182140/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:10:34Zoai:teses.usp.br:tde-25112012-182140Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:10:34Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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