Vozes sociais na \'não pessoa\': circulação dialógica no processo de letramento

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vanda Mari Trombetta
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.8.2017.tde-22082017-163507
Resumo: Aquilo que é posto na terceira pessoa, aquilo de que se fala/escreve, quando considerado como produto da interação autor/destinatário(s), traz, no apelo ao já-dito, um terceiro elemento (uma terceira voz) na composição do objeto de discurso. Este último, por se constituir também a partir de um já-dito, de uma voz social, expressa uma réplica específica do locutor, de acordo com as diversas posições as diferentes experiências sociais que ele, na qualidade de escrevente, assume na interação. Pensar o objeto de discurso como uma voz social é, portanto, assumi-lo como produto da réplica do locutor a destinatários (BAKHTIN, [1979] 2010a), o que permite refletir não só sobre a interação presente, mas também constituindo-a sobre possíveis dizeres ligados a práticas sociais recuperadas pelo escrevente. Para tanto, ao assumir a participação de um terceiro na produção de linguagem, busca-se descrevê-lo, no caso das redações de vestibular, em termos das vozes que participam dos textos dos vestibulandos e defini-las segundo práticas letradas a que o escrevente tem/teve acesso (direto ou indireto). O quadro teórico da análise dialógica (BAKHTIN [1961-1962, 1975, 1979] 2010 a, b, c) e o CÍRCULO), o da argumentação (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005), o das teorias do letramento (STREET, 2012b, 2014) e o paradigma indiciário (GINZBURG, 1989) são assumidos como arcabouço teórico-metodológico do trabalho. Desse modo, são buscados os fenômenos que mobilizam o aparecimento de indícios materializados nos textos, fenômenos ao mesmo tempo ligados ao que há de específico da situação enunciativa imediata, por um lado, e aos que se mostram como elementos estabilizados nas e pelas interações ao longo da história, por outro. O corpus é composto por 264 redações de vestibular do exame da FUVEST de 2006, cujo tema foi trabalho. Os resultados obtidos evidenciam que a construção do objeto de discurso trabalho é um diálogo entre três interlocutores rigorosamente presentes nessa produção escrita: o escrevente, o(s) destinatário(s) e determinadas vozes do já-dito, cujas marcas se alojam no objeto de discurso, constituindo-o e a ele se impondo.
id USP_d47986e5c3ec922b14356ceb81d715d8
oai_identifier_str oai:teses.usp.br:tde-22082017-163507
network_acronym_str USP
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository_id_str 2721
spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis Vozes sociais na \'não pessoa\': circulação dialógica no processo de letramento Social voices in the no-person: dialogical circulation in literacy process 2017-06-08Manoel Luiz Goncalves CorreaJuliana Alves AssisEdilaine BuinCristiane Carneiro CapristanoFabiana Cristina KomesuVanda Mari TrombettaUniversidade de São PauloFilologia e Língua PortuguesaUSPBR Already-said College entrance exam texts Discourse object Já-dito Letramento Literacy Objeto de discurso Redação de vestibular Social voices Vozes sociais Aquilo que é posto na terceira pessoa, aquilo de que se fala/escreve, quando considerado como produto da interação autor/destinatário(s), traz, no apelo ao já-dito, um terceiro elemento (uma terceira voz) na composição do objeto de discurso. Este último, por se constituir também a partir de um já-dito, de uma voz social, expressa uma réplica específica do locutor, de acordo com as diversas posições as diferentes experiências sociais que ele, na qualidade de escrevente, assume na interação. Pensar o objeto de discurso como uma voz social é, portanto, assumi-lo como produto da réplica do locutor a destinatários (BAKHTIN, [1979] 2010a), o que permite refletir não só sobre a interação presente, mas também constituindo-a sobre possíveis dizeres ligados a práticas sociais recuperadas pelo escrevente. Para tanto, ao assumir a participação de um terceiro na produção de linguagem, busca-se descrevê-lo, no caso das redações de vestibular, em termos das vozes que participam dos textos dos vestibulandos e defini-las segundo práticas letradas a que o escrevente tem/teve acesso (direto ou indireto). O quadro teórico da análise dialógica (BAKHTIN [1961-1962, 1975, 1979] 2010 a, b, c) e o CÍRCULO), o da argumentação (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005), o das teorias do letramento (STREET, 2012b, 2014) e o paradigma indiciário (GINZBURG, 1989) são assumidos como arcabouço teórico-metodológico do trabalho. Desse modo, são buscados os fenômenos que mobilizam o aparecimento de indícios materializados nos textos, fenômenos ao mesmo tempo ligados ao que há de específico da situação enunciativa imediata, por um lado, e aos que se mostram como elementos estabilizados nas e pelas interações ao longo da história, por outro. O corpus é composto por 264 redações de vestibular do exame da FUVEST de 2006, cujo tema foi trabalho. Os resultados obtidos evidenciam que a construção do objeto de discurso trabalho é um diálogo entre três interlocutores rigorosamente presentes nessa produção escrita: o escrevente, o(s) destinatário(s) e determinadas vozes do já-dito, cujas marcas se alojam no objeto de discurso, constituindo-o e a ele se impondo. That which comes in the third person, that about which one says / writes, when it is considered a product of authors / addressees interactions, brings, by referring to an already-said, brings a third element (a third voice) in the composition of discourse objects. This last, due to also constitute itself from an already-said, a social voice, expressa reply from the addresser, in accordance with the many several positions the different social experiences that the addresser, as the author, takes in interactions. To think discourse objects as social voices is, thus, to accept it as a product of addressers replies to addressees (BAKHTIN, [1979] 2010a 2006), which allows to think not only about the present interaction, but also as its constitutive element on possible utterances linked by addressers to social practices authors bring to bear on their texts. For doing this, by accepting the participation of a third in language production, we aim to describe it, as regards college entrance exam texts, in terms of voices that participate in college entrance exam texts and define them according to school practices authors have had or have (direct or indirect) access. The theoretical foundation sof dialogical analysis (BAKHTIN [1961-1962, 1975, 1979] 2010 a, b, c) and the CIRCLE), modern rhetoric (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005), literacy theories (STREET, 2012b, 2014), and the indiciary paradigm (GINZBURG, 1989), are taken as the works theoretical-methodological basis. Thus, phenomena are examined that mobilize the emergence of marks materialized in texts, phenomena at the same time linked to the specificities of the immediate enunciative situation, on the one side, and to what appear as elements stabilized in and by interactions throughout history, on the other. The corpus is composed by 264 FUVEST 2006 college entrance exam texts having work as their subject. Results obtained show that the construction of the discourse object work is a dialogue among three rigorously present interlocutors in these written productions: the addresser/author, addressees and some identifiable voices of the already-said, whose marks are summoned in discourse objects, constituting them and imposing themselves on them. https://doi.org/10.11606/T.8.2017.tde-22082017-163507info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T19:53:46Zoai:teses.usp.br:tde-22082017-163507Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T13:09:00.708287Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
dc.title.pt.fl_str_mv Vozes sociais na \'não pessoa\': circulação dialógica no processo de letramento
dc.title.alternative.en.fl_str_mv Social voices in the no-person: dialogical circulation in literacy process
title Vozes sociais na \'não pessoa\': circulação dialógica no processo de letramento
spellingShingle Vozes sociais na \'não pessoa\': circulação dialógica no processo de letramento
Vanda Mari Trombetta
title_short Vozes sociais na \'não pessoa\': circulação dialógica no processo de letramento
title_full Vozes sociais na \'não pessoa\': circulação dialógica no processo de letramento
title_fullStr Vozes sociais na \'não pessoa\': circulação dialógica no processo de letramento
title_full_unstemmed Vozes sociais na \'não pessoa\': circulação dialógica no processo de letramento
title_sort Vozes sociais na \'não pessoa\': circulação dialógica no processo de letramento
author Vanda Mari Trombetta
author_facet Vanda Mari Trombetta
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Manoel Luiz Goncalves Correa
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Juliana Alves Assis
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Edilaine Buin
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Cristiane Carneiro Capristano
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Fabiana Cristina Komesu
dc.contributor.author.fl_str_mv Vanda Mari Trombetta
contributor_str_mv Manoel Luiz Goncalves Correa
Juliana Alves Assis
Edilaine Buin
Cristiane Carneiro Capristano
Fabiana Cristina Komesu
description Aquilo que é posto na terceira pessoa, aquilo de que se fala/escreve, quando considerado como produto da interação autor/destinatário(s), traz, no apelo ao já-dito, um terceiro elemento (uma terceira voz) na composição do objeto de discurso. Este último, por se constituir também a partir de um já-dito, de uma voz social, expressa uma réplica específica do locutor, de acordo com as diversas posições as diferentes experiências sociais que ele, na qualidade de escrevente, assume na interação. Pensar o objeto de discurso como uma voz social é, portanto, assumi-lo como produto da réplica do locutor a destinatários (BAKHTIN, [1979] 2010a), o que permite refletir não só sobre a interação presente, mas também constituindo-a sobre possíveis dizeres ligados a práticas sociais recuperadas pelo escrevente. Para tanto, ao assumir a participação de um terceiro na produção de linguagem, busca-se descrevê-lo, no caso das redações de vestibular, em termos das vozes que participam dos textos dos vestibulandos e defini-las segundo práticas letradas a que o escrevente tem/teve acesso (direto ou indireto). O quadro teórico da análise dialógica (BAKHTIN [1961-1962, 1975, 1979] 2010 a, b, c) e o CÍRCULO), o da argumentação (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2005), o das teorias do letramento (STREET, 2012b, 2014) e o paradigma indiciário (GINZBURG, 1989) são assumidos como arcabouço teórico-metodológico do trabalho. Desse modo, são buscados os fenômenos que mobilizam o aparecimento de indícios materializados nos textos, fenômenos ao mesmo tempo ligados ao que há de específico da situação enunciativa imediata, por um lado, e aos que se mostram como elementos estabilizados nas e pelas interações ao longo da história, por outro. O corpus é composto por 264 redações de vestibular do exame da FUVEST de 2006, cujo tema foi trabalho. Os resultados obtidos evidenciam que a construção do objeto de discurso trabalho é um diálogo entre três interlocutores rigorosamente presentes nessa produção escrita: o escrevente, o(s) destinatário(s) e determinadas vozes do já-dito, cujas marcas se alojam no objeto de discurso, constituindo-o e a ele se impondo.
publishDate 2017
dc.date.issued.fl_str_mv 2017-06-08
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://doi.org/10.11606/T.8.2017.tde-22082017-163507
url https://doi.org/10.11606/T.8.2017.tde-22082017-163507
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo
dc.publisher.program.fl_str_mv Filologia e Língua Portuguesa
dc.publisher.initials.fl_str_mv USP
dc.publisher.country.fl_str_mv BR
publisher.none.fl_str_mv Universidade de São Paulo
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
instname:Universidade de São Paulo (USP)
instacron:USP
instname_str Universidade de São Paulo (USP)
instacron_str USP
institution USP
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)
repository.mail.fl_str_mv virginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.br
_version_ 1794502975141445632