Caracterização clínica, imunológica e molecular de pacientes com Síndromes Periódicas Febris Autoinflamatórias

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mendonça, Leonardo Oliveira
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5146/tde-02082024-162124/
Resumo: As doenças inflamatórias sistêmicas, inicialmente classificadas como autoimunes, foram redefinidas nas últimas décadas frente aos novos conhecimentos do sistema imune. Consideradas raras, essas doenças são classificadas em dois grandes grupos: autoinflamatórias e autoimunes, cuja diferenciação é relevante tanto para o diagnóstico, tratamento imunológico e prognósticos clínicos corretos. As doenças autoimunes são consideradas desordens sistêmicas originadas no sistema imune adaptativo. Por outro lado, as doenças autoinflamatórias, podendo ser monogênicas ou poligênicas, são geradas a partir de desregulação do sistema imune inato. Além disso, a ausência de linfócitos T autorreativos e de anticorpos tecido-específicos podem definir determinadas entidades clínicas como autoinflamatórias. Sua classificação e caracterização clínica são melhor estabelecidas na faixa etária pediátrica, mas há pouco conhecimento sobre esse conjunto de doenças, seja por fenótipos diferentes, por atraso no diagnóstico, ou por manifestaçoes incompletas. Este estudo teve como objetivo caracterizar clínica, imunológica e geneticamente uma coorte de pacientes brasileiros com Síndromes Autoinflamatórias Clássicas. Para tanto, foram avaliados 295 indivíduos com doença autoinflamatória (53% do sexo feminino) com variação de número de indivíduos para os diferentes tipos de análises realizadas. A maior parte dos indivíduos (73%) teve início da doença na faixa etária pediátrica, com atraso global médio de diagnóstico de 7 anos e com distribuição geográfica em todo o Brasil. Metade dos pacientes não tinha diagnóstico definido no período do encaminhamento para o estudo. Daqueles encaminhados com diagnóstico, 20% apresentavam doenças monogênicas clássicas e não definidas, e destas, 46% com Síndromes Inflamatórias Sistêmicas Indefinidas. Observamos que a faixa etária pediátrica de início da doença foi mais frequente em CAPS (p = 0,008), Síndrome de Hiper-IgD (p = 0,008), PFAPA (p < 0,0001) e Síndrome Inflamatória Sistema Indefinida (SS) (p < 0,001), sendo que Síndrome de Schnitzler teve maior frequência de início na faixa etária adulta (p = 0,008). A caracterização imunológica incluiu avaliação da Ativação direcionada in-vitro de inflamossomas NLRP3 e pirina (n=24 pacientes) (estímulo de cultura celular e ELISA), pesquisa de linfócitos TCD3+ CD4/CD8 negativos e TCR/ (célula T duplo negativa, DNT) (citometria de fluxo, n=141) e de células T reguladoras (Treg) (citometria de fluxo, n=32 pacientes, 18 com diagnóstico de imunodesregulação e 14 com autoinflamação; e 10 controles saudáveis), assinatura de Interferon (PCR em tempo real, n=31 pacientes e 8 controles saudáveis). Foi realizado também sequenciamento de todo o genoma em 156 pacientes, por meio do projeto genomas raros. Observamos que 10% dos indivíduos com doença autoinflamatória apresentaram frequências superiores a 1,5% de células DNT e 4% com frequência acima de 2,5% para linfócitos totais, em diversos diagnósticos. A assinatura de interferon tipo 1 foi positiva em 81 (25/31) dos pacientes com suspeita de interferonopatias. A frequência de células Treg (CD4+, CD25+, CD127-) foi maior nos indivíduos com imunodesregulação (p = 0,0061) em relação aos controles. No entanto, a intensidade de expressão (MFI, mediana de intensidade de fluorescência) de FOXP3 foi menor (p= 0,039) nesses mesmos pacientes. Em relação ao sequenciamento gênico, 17% apresentaram resultado positivo com relevância clínica
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Por outro lado, as doenças autoinflamatórias, podendo ser monogênicas ou poligênicas, são geradas a partir de desregulação do sistema imune inato. Além disso, a ausência de linfócitos T autorreativos e de anticorpos tecido-específicos podem definir determinadas entidades clínicas como autoinflamatórias. Sua classificação e caracterização clínica são melhor estabelecidas na faixa etária pediátrica, mas há pouco conhecimento sobre esse conjunto de doenças, seja por fenótipos diferentes, por atraso no diagnóstico, ou por manifestaçoes incompletas. Este estudo teve como objetivo caracterizar clínica, imunológica e geneticamente uma coorte de pacientes brasileiros com Síndromes Autoinflamatórias Clássicas. Para tanto, foram avaliados 295 indivíduos com doença autoinflamatória (53% do sexo feminino) com variação de número de indivíduos para os diferentes tipos de análises realizadas. A maior parte dos indivíduos (73%) teve início da doença na faixa etária pediátrica, com atraso global médio de diagnóstico de 7 anos e com distribuição geográfica em todo o Brasil. Metade dos pacientes não tinha diagnóstico definido no período do encaminhamento para o estudo. Daqueles encaminhados com diagnóstico, 20% apresentavam doenças monogênicas clássicas e não definidas, e destas, 46% com Síndromes Inflamatórias Sistêmicas Indefinidas. Observamos que a faixa etária pediátrica de início da doença foi mais frequente em CAPS (p = 0,008), Síndrome de Hiper-IgD (p = 0,008), PFAPA (p < 0,0001) e Síndrome Inflamatória Sistema Indefinida (SS) (p < 0,001), sendo que Síndrome de Schnitzler teve maior frequência de início na faixa etária adulta (p = 0,008). 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A frequência de células Treg (CD4+, CD25+, CD127-) foi maior nos indivíduos com imunodesregulação (p = 0,0061) em relação aos controles. No entanto, a intensidade de expressão (MFI, mediana de intensidade de fluorescência) de FOXP3 foi menor (p= 0,039) nesses mesmos pacientes. Em relação ao sequenciamento gênico, 17% apresentaram resultado positivo com relevância clínicaSystemic inflammatory diseases, initially classified as autoimmune, have been redefined in recent decades in the light of new knowledge about the immune system. Considered rare, these diseases are classified into two large groups: autoinflammatory and autoimmune, whose differentiation is relevant for diagnosis, immunological treatment and correct clinical prognosis. Autoimmune diseases are considered to be systemic disorders originating in the adaptive immune system. On the other hand, autoinflammatory diseases, which can be monogenic or polygenic, are generated from deregulation of the innate immune system. In addition, the absence of autoreactive T lymphocytes and tissue-specific antibodies can define certain clinical entities as autoinflammatory. Their classification and clinical characterization are better established in the paediatric age group, but there is little knowledge about this group of diseases, either because of different phenotypes, delayed diagnosis or incomplete manifestations. This study aimed to clinically, immunologically and genetically characterize a cohort of Brazilian patients with Classic Autoinflammatory Syndromes. To this end, 295 individuals with autoinflammatory disease (53% female) were evaluated, with a variation in the number of individuals for the different types of analysis carried out. Most of the individuals (73%) had onset of the disease in the pediatric age group, with an average global delay in diagnosis of 7 years and with a geographical distribution throughout Brazil. Half of the patients had no definite diagnosis at the time of referral to the study. Of those referred with a diagnosis, 20% had classic and undefined monogenic diseases, and of these, 46% had undefined Systemic Inflammatory Syndromes. We observed that the pediatric age group of disease onset was more frequent in CAPS (p = 0.008), Hyper-IgD Syndrome (p = 0.008), PFAPA (p < 0.0001) and Undefined Systemic Inflammatory Syndrome (SS) (p < 0.001), with Schnitzler Syndrome having a higher frequency of onset in the adult age group (p = 0.008). Immunological characterization included assessment of in-vitro Targeted Activation of NLRP3 and pyrin inflammasomes (n=24 patients) (cell culture stimulation and ELISA), search for CD3+ CD4/CD8- negative T lymphocytes and TCR/ (double negative T cell, DNT) (flow cytometry, n=141) and regulatory T cells (Treg) (flow cytometry, n=32 patients, 18 diagnosed with immunoregulation and 14 with autoinflammation; and 10 healthy controls), Interferon signature (real-time PCR, n=31 patients and 8 healthy controls). Whole genome sequencing was also carried out on 156 patients through the rare genomes project. We found that 10% of individuals with autoinflammatory disease had frequencies of more than 1.5% of DNT cells and 4% had frequencies of more than 2.5% for total lymphocytes, in various diagnoses. The type 1 interferon signature was positive in 81 (25/31) of patients with suspected interferonopathies. The frequency of Treg cells (CD4+, CD25+, CD127-) was higher in individuals with immunodysregulation (p = 0.0061) compared to controls. However, the expression intensity (MFI, median fluorescence intensity) of FOXP3 was lower (p= 0.039) in these same patients. With regard to gene sequencing, 17% had positive results with clinical relevanceBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCastro, Fabio Fernandes MoratoMendonça, Leonardo Oliveira2024-04-12info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5146/tde-02082024-162124/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-08-16T16:16:02Zoai:teses.usp.br:tde-02082024-162124Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-08-16T16:16:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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