Caracterização de indivíduos idosos portadores de hipercolesterolemia familiar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Coutinho, Elaine dos Reis
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-03042023-154132/
Resumo: A hipercolesterolemia familiar (HF) é uma doença autossômica dominante associada ao desenvolvimento precoce de doenças cardiovasculares ateroscleróticas (DCVA) e mortalidade. O tratamento hipolipemiante pode alterar a história natural da HF e há poucas informações sobre idosos (60 anos) com HF. Este estudo inicialmente demonstra uma análise transversal descritiva de idosos hipercolesterolêmicos com variante genética positiva e a comparação em relação aos seus pares não mutados. Avaliou-se 462 indivíduos com mais de 60 anos (198 positivos e 264 negativos para variantes de HF). Não houve diferenças quanto à idade mediana [%25;75%] 66 (62;71) e 66 (63;71) anos. Em ambos os grupos houve maior frequência do sexo feminino, porém houve mais sexo masculino no grupo HF 37,4% vs. 24,2%, p=0,002. Não foram observadas diferenças entre HF e não HF no uso de LLT 88,5% vs. 91,5%, p=0,29. Apesar da maior duração do LLT em HF com 11(7;20) vs. 7 (3;13) anos, p<0,001, em ambos os grupos o tratamento foi iniciado tardiamente, aos 54 (47;61) e 59 (52;64) anos , p<0,001, respectivamente em HF e não HF. A HF apresentou maiores frequências de DCVA prévia e precoce respectivamente 40,9% vs. 27,3%, p=0,002, e 22,2% vs. 9,0%, p<0,001. Na HF, sexo masculino [HR (IC95%)] 2,67 (1,50-4,73), p=0,001, e idade de início LLT 0,96 (0,93-0,99), p=0,009, foram independentemente associados com ASCVD. Também foram avaliadas características de idosos com e sem HF relacionadas ao desenvolvimento de DCVA durante seguimento no Programa Hipercol Brasil. Os indivíduos foram divididos em 4 grupos de acordo com a presença ou ausência da mutação e DCVA prévia (infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral isquêmico, revascularização carotídea ou coronariana e angina com estenose 50% na angiografia) e avaliados em relação aos valores lipídicos, terapia hipolipemiante e desenvolvimento de novos eventos de DCVA durante 4,8 anos de seguimento. Houve maior prevalência de indivíduos do sexo masculino, um maior número de diabéticos, tabagistas atuais e prévios e valores mais baixos de HDL-C nos grupos que desenvolveram DCVA (todos valores de p < 0,05). Em relação à análise univariada de Cox para avaliação de parâmetros associados à DCVA, sexo masculino (p=0,002), presença de variante genética (p=0,006), diabetes mellitus (p=0,006), tabagismo atual (p=0,028) e DCVA prévia (p=0,000) associaram-se de forma positiva com o desenvolvimento de um evento cardiovascular. Além disso, considerando-se o grupo com variante e DCVA prévias negativos como referência, todos os outros grupos apresentaram um maior risco HR de ocorrência de DCVA no seguimento, sendo que a maior HR ocorreu naqueles com variante+/DVCA+. De modo semelhante, após ajuste multivariado o fator independente para a ocorrência de DCVA foi a presença de evento cardiovascular prévio. Assim, conclui-se que apesar da HF ser uma doença que cursa com DCVA precoce, o defeito monogênico como causa de hipercolesterolemia e suas complicações têm sua importância diminuída em relação à presença de histórico pessoal positivo para DCVA
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Não houve diferenças quanto à idade mediana [%25;75%] 66 (62;71) e 66 (63;71) anos. Em ambos os grupos houve maior frequência do sexo feminino, porém houve mais sexo masculino no grupo HF 37,4% vs. 24,2%, p=0,002. Não foram observadas diferenças entre HF e não HF no uso de LLT 88,5% vs. 91,5%, p=0,29. Apesar da maior duração do LLT em HF com 11(7;20) vs. 7 (3;13) anos, p<0,001, em ambos os grupos o tratamento foi iniciado tardiamente, aos 54 (47;61) e 59 (52;64) anos , p<0,001, respectivamente em HF e não HF. A HF apresentou maiores frequências de DCVA prévia e precoce respectivamente 40,9% vs. 27,3%, p=0,002, e 22,2% vs. 9,0%, p<0,001. Na HF, sexo masculino [HR (IC95%)] 2,67 (1,50-4,73), p=0,001, e idade de início LLT 0,96 (0,93-0,99), p=0,009, foram independentemente associados com ASCVD. Também foram avaliadas características de idosos com e sem HF relacionadas ao desenvolvimento de DCVA durante seguimento no Programa Hipercol Brasil. Os indivíduos foram divididos em 4 grupos de acordo com a presença ou ausência da mutação e DCVA prévia (infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral isquêmico, revascularização carotídea ou coronariana e angina com estenose 50% na angiografia) e avaliados em relação aos valores lipídicos, terapia hipolipemiante e desenvolvimento de novos eventos de DCVA durante 4,8 anos de seguimento. Houve maior prevalência de indivíduos do sexo masculino, um maior número de diabéticos, tabagistas atuais e prévios e valores mais baixos de HDL-C nos grupos que desenvolveram DCVA (todos valores de p < 0,05). Em relação à análise univariada de Cox para avaliação de parâmetros associados à DCVA, sexo masculino (p=0,002), presença de variante genética (p=0,006), diabetes mellitus (p=0,006), tabagismo atual (p=0,028) e DCVA prévia (p=0,000) associaram-se de forma positiva com o desenvolvimento de um evento cardiovascular. Além disso, considerando-se o grupo com variante e DCVA prévias negativos como referência, todos os outros grupos apresentaram um maior risco HR de ocorrência de DCVA no seguimento, sendo que a maior HR ocorreu naqueles com variante+/DVCA+. De modo semelhante, após ajuste multivariado o fator independente para a ocorrência de DCVA foi a presença de evento cardiovascular prévio. Assim, conclui-se que apesar da HF ser uma doença que cursa com DCVA precoce, o defeito monogênico como causa de hipercolesterolemia e suas complicações têm sua importância diminuída em relação à presença de histórico pessoal positivo para DCVAFamilial hypercholesterolemia (HF) is a dominant inherited disorder associated with early cardiovascular disease onset (CVD) and mortality. Lipid-lowering therapy (LLT) can change the natural history of FH, but there is scant information about elder people (60 years) with FH. In this study, we described characteristics about elder individuals with FH and the differences between hypercholesterolemic elder without variant for FH. 462 older were evaluated (198 with and 264 without FH variants). There were no differences regarding median age [%25;75%], 66 (62;71) and 66 (63;71) years. In both groups, there were a higher frequency of females, but there were more males in the FH group (37.4% vs. 24.2%, p=0.002). There were no differences between FH and non-FH regarding the use of LLT (88.5% vs. 91.5%, p=0.29). Despite the longer duration of LLT, 11(7;20) vs. 7 (3;13) years, p<0.001 in both groups the treatment has started later, at 54 (47;61) and 59 (52) ;64) years, p<0.001, respectively in FH and non-HF. The FH+ also presented the highest frequencies of ASCVD, and early events 40.9% vs. 27.3%, p=0.002, and 22.2% vs. 9.0%, p<.001. Finally, male gender [HR (95%CI)] 2.67 (1.50-4.73), p=0.001, and age of LLT onset 0.96 (0.93-0.99), p=0.009 , were independently associated with ASCVD. After, we evaluated the characteristics of elderly people with and without FH related to the development of ASCVD during a period of 4.8 years. Subjects were divided into 4 groups according to the presence or absence of the mutation and previous ASCVD (myocardial infarction or ischemic stroke, carotid or coronary revascularization and angina with stenosis 50% on angiography). There were a higher prevalence of males, diabetes, current and previous smokers and lower HDL-C values in the groups that developed ASCVD (all p-values < 0.05). In univariate Cox analysis to male gender (p=0.002), presence of a genetic variant (p=0.006), diabetes mellitus (p=0.006), current smoking (p=0.028) and ASCVD (p=0.000) were positively associated with the development of a cardiovascular onset. In addition, considering as the reference group those individuals with negative variant and previous ASCVD, all other groups had a higher HR of developing ASCVD during the follow-up, with the highest HR occurring in those with variant+/ASCVD+. Finally, multivariate analysis showed that the independent risk factor for the occurrence of ASCVD was the presence of a previous cardiovascular event. Thus, this study shows that although FH is a disease that commonly leads to early ASCVD, the monogenic defects as a cause of hypercholesterolemia have less importance than the presence of a positive personal history for ASCVDBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSantos Filho, Raul Dias dosCoutinho, Elaine dos Reis2022-11-22info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-03042023-154132/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-04-17T16:26:14Zoai:teses.usp.br:tde-03042023-154132Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-04-17T16:26:14Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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