A aula em vida, vidas em aula: entre chegadas e partidas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lilian dos Santos Silva
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/T.48.2023.tde-14062023-110510
Resumo: Em que consiste uma aula? Como é possível circunscrevê-la? Esta pesquisa dedica-se a perscrutar movimentações que se dão nesse intervalo singular de tempo e espaço. Para tanto, interpela uma aula imantada por modos de pensamento literários. Se uma aula, em seu prosseguimento, em sua voragem, é capaz de promover um arrastão, levar a outros lugares, como se dá esse jogo? Exploram-se efeitos que essa dinâmica pode suscitar pontos de virada, insights, variações , em aliança a uma proposição já posta no campo de pesquisa, qual seja, \"aula como acontecimento\", que opera como plataforma de lançamento à investigação. Na ambiência de uma aula, consideramos que tudo são forças: pessoas, leituras, temperaturas, luminosidades, aromas, vozes, sons. Para além de corpos físicos, forças de diversas naturezas estão em contato. A partir de um encontro entre elas, tomamos uma aula como uma força composta por forças. Tal apreensão dá a ver contágios, contaminações, afecções, em que forças \"fazem corpo com\" outras forças. A aula como encontro marcado agendado, definido , com o qual se pactua, abre-se ao imponderável. A fim de abordar uma aula como um encontro de forças e como um encontro marcado, acionamos uma vertente externa à área da educação; mobilizam-se os modos de escrita literários dos romances A montanha mágica, de Thomas Mann, e Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa. Esses materiais são cingidos por nós por uma espécie de via cinematográfica; capturamos ações moventes que sobressaem nos enredos, referentes a relações de forças nos romances. Ancora-se a discussão dessa temática por meio de perspectivas filosóficas deleuzianas e deleuzo-guattarianas: agenciamentos, forças intercessoras, variação contínua/limite e afecções. A tomada que se faz de largada acerca de forças também advém daí. Nessa seara, o referencial teórico-conceitual conta com uma série de produções de autores parceiros da educação. Cruzando esses acionamentos aos modos de escrita dos romances, é produzida uma experimentação da qual se depreendem os movimentos de aclimatar, contingenciar e partir, referentes a uma aclimatação, um contingenciamento e partidas. Ou seja, desta intersecção deriva um campo de contágio que permite discutir aula conforme uma atmosfera sensível, uma escrita oral e variações. Em vista disso, entremeiam-se aqueles modos de escrita a uma escrita oral, a qual defendemos que ocorre em aula. Por essa aproximação, miramos impactos que se dão na correnteza das palavras e uma espécie de turbilhão que certos modos de escrita são capazes de incitar. Na medida em que esses modos literários estão a serviço da aula, examina-se um acontecimento (no sentido deleuziano e deleuzo-guattariano) que não é propriamente literário e que também se conecta a uma condição-aula. A ligação entre esses dois campos, contudo, não é imediata. Não há correlações lineares; os romances não abordam aula nem o ambiente escolar e de ensino. Aí reside a contribuição desta proposta: oferecer uma maneira outra de olhar para aula a \"coisa\" da aula, o fenômeno-aula, o evento-aula, a ocorrência-aula. Apresentamos um modo possível de ler uma aula, de escutá-la, de flagrá-la.
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spelling info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis A aula em vida, vidas em aula: entre chegadas e partidas The class in life, the lives in class: between arrivals and departures 2023-03-24Cintya Regina RibeiroJulio Roberto Groppa AquinoKaryne Dias CoutinhoJosé Emílio Major NetoRoberto Duarte Santana NascimentoLilian dos Santos SilvaUniversidade de São PauloEducaçãoUSPBR Afecção Affection Aula Class Deleuze and Guattari Deleuze e Guattari Educação Education Literatura Literature Em que consiste uma aula? Como é possível circunscrevê-la? Esta pesquisa dedica-se a perscrutar movimentações que se dão nesse intervalo singular de tempo e espaço. Para tanto, interpela uma aula imantada por modos de pensamento literários. Se uma aula, em seu prosseguimento, em sua voragem, é capaz de promover um arrastão, levar a outros lugares, como se dá esse jogo? Exploram-se efeitos que essa dinâmica pode suscitar pontos de virada, insights, variações , em aliança a uma proposição já posta no campo de pesquisa, qual seja, \"aula como acontecimento\", que opera como plataforma de lançamento à investigação. Na ambiência de uma aula, consideramos que tudo são forças: pessoas, leituras, temperaturas, luminosidades, aromas, vozes, sons. Para além de corpos físicos, forças de diversas naturezas estão em contato. A partir de um encontro entre elas, tomamos uma aula como uma força composta por forças. Tal apreensão dá a ver contágios, contaminações, afecções, em que forças \"fazem corpo com\" outras forças. A aula como encontro marcado agendado, definido , com o qual se pactua, abre-se ao imponderável. A fim de abordar uma aula como um encontro de forças e como um encontro marcado, acionamos uma vertente externa à área da educação; mobilizam-se os modos de escrita literários dos romances A montanha mágica, de Thomas Mann, e Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa. Esses materiais são cingidos por nós por uma espécie de via cinematográfica; capturamos ações moventes que sobressaem nos enredos, referentes a relações de forças nos romances. Ancora-se a discussão dessa temática por meio de perspectivas filosóficas deleuzianas e deleuzo-guattarianas: agenciamentos, forças intercessoras, variação contínua/limite e afecções. A tomada que se faz de largada acerca de forças também advém daí. Nessa seara, o referencial teórico-conceitual conta com uma série de produções de autores parceiros da educação. Cruzando esses acionamentos aos modos de escrita dos romances, é produzida uma experimentação da qual se depreendem os movimentos de aclimatar, contingenciar e partir, referentes a uma aclimatação, um contingenciamento e partidas. Ou seja, desta intersecção deriva um campo de contágio que permite discutir aula conforme uma atmosfera sensível, uma escrita oral e variações. Em vista disso, entremeiam-se aqueles modos de escrita a uma escrita oral, a qual defendemos que ocorre em aula. Por essa aproximação, miramos impactos que se dão na correnteza das palavras e uma espécie de turbilhão que certos modos de escrita são capazes de incitar. Na medida em que esses modos literários estão a serviço da aula, examina-se um acontecimento (no sentido deleuziano e deleuzo-guattariano) que não é propriamente literário e que também se conecta a uma condição-aula. A ligação entre esses dois campos, contudo, não é imediata. Não há correlações lineares; os romances não abordam aula nem o ambiente escolar e de ensino. Aí reside a contribuição desta proposta: oferecer uma maneira outra de olhar para aula a \"coisa\" da aula, o fenômeno-aula, o evento-aula, a ocorrência-aula. Apresentamos um modo possível de ler uma aula, de escutá-la, de flagrá-la. What does a class consist of? How can it be circumscribed? This research is dedicated to investigating movements that occur in this unique interval of time and space. To this end, it approaches a class magnetized by literary modes of thought. If a class, in its continuation, in its vortex, is capable of promoting a dragnet, taking it to other places, how does this game unfold? We explore the effects that this dynamic can provoke turning points, insights, variations , in alliance with a proposition already placed in the field of research, \"aula como acontecimento\" (class as a happening), which operates as a launching pad for this investigation. In the ambiance of a class, we consider that everything is a force: people, readings, temperatures, luminosity, scents, voices, sounds. Beyond physical bodies, forces of various natures are in contact. From a meeting among them, we take a class as a force composed of forces. Such apprehension reveals contagions, contaminations, affections, in which forces merge with other forces. The class as an appointment scheduled, defined , with which a pact is made, opens up to the imponderable. In order to approach a class as a meeting of forces and as a scheduled meeting, we set in motion an aspect external to the area of education; the literary writing modes of the novels are mobilized: The magic mountain, by Thomas Mann, and Grande sertão: veredas, by João Guimarães Rosa. We take these materials in a kind of cinematographic way; we capture moving actions that stand out in the plots, referring to forces relations in the novels. The discussion of this theme is anchored through Deleuzian and Deleuzo-Guattarian philosophical perspectives: agencies, intercessory forces, continuous variation/limit and affections. The initial apprehension about the forces also comes from that. In this area, the theoretical-conceptual framework relies on a series of productions by authors that are partners in education. Crossing these productions to the novels\' writing modes, an experimentation is produced, from which the movements of acclimatize, contingency and depart are inferred, referring to an acclimatization, a contingency and departures. That is, from this intersection derives a field of contagion that allows discussing a class according to a sensitive atmosphere, an oral writing and variations. In view of this, those literary modes of writing are interspersed with an oral writing, which we defend takes place in class. Through this approximation, we aim for impacts that occur in the flow of words and a kind of turmoil that certain modes of writing are capable of inciting. Once these literary modes are at the service of the class, we examine a happening (in the Deleuzian and Deleuzo-Guattarian sense) that is not exactly literary and that is also connected to a class condition. The connection between these two fields, however, is not immediate. There are no linear correlations; the novels do not address the class or the school and teaching environment. Therein lies the contribution of this proposal: to offer a different way of looking at the class the \"thing\" of the class, the phenomenon of the class, the event of the class, the incident of the class. We present a possible way to read a class, to listen to it, to catch it. https://doi.org/10.11606/T.48.2023.tde-14062023-110510info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:56:56Zoai:teses.usp.br:tde-14062023-110510Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:39:13.966802Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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