Geologia glacial Permo-Carbonífera (Subgrupo Itararé) no flanco sul do arco de Ponta Grossa, PR

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Trosdtorf Junior, Ivo
Data de Publicação: 2002
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-29092015-110747/
Resumo: Formas de terreno glaciais de micro e meso-escala (estrias, sulcos, cristas de tilito ou flutes) que ocorrem sobre arenito da Formação Furnas (Devoniano) ou arenito flúvio-glacial e tilito subglacial Subgrupo Itararé (neopaleozóico), configuram, pelo menos, duas extensas paisagens de abrasão glacial de mais de 1.500Km quadrados da área, exumadas e excelentemente preservadas, no flanco sul do arco de Ponta Grossa. Feições sobre o arenito Furnas foram erodidas por geleira deslizando sobre substrato \"duro\"/consolidado; e \"mole\" ou inconsolidado, no caso dos sedimentos neopaleozóicos. O comportamento reológico distinto reflete-se em diferenças nas feições presentes sobre os dois tipos de substrato. Aração subglacial foi o processo erosivo predominante em ambos os casos, ocorrendo sob geleira de base quente e na presença de água de degelo. A despeito do caráter consolidado do substrato Devoniano, formas de terreno glaciais erosivas positivas, tipo rochas moutonnées e dorsos de baleia, não ocorrem na região estudada. Isto deve-se ao fato de a geleira, de base plana, deslocar-se sobre substrato previamente aplainado (peneplano) durante longo período erosivo pré-Itararé, e de composição litológica, inicialmente, homogênea, e de disposição horizontal, que deve ter influenciado a erosão glacial. Estriações são retilíneas e paralelas sobre cada uma das paisagens abrasivas. Entrecruzamento de estriações de orientação diferente sobre a mesma superfície não foram encontradas, indicando formação por um único evento erosivo em cada caso. A orientação média das estriações é de N12W sobre o arenito Devoniano, e N20E sobre depósitos do Subgrupo Itararé, indicando considerável mudança no padrão de fluxo da geleira. Os dois eventos de abrasão glacial foram anteriormente atribuídos a duas distintas \"glaciações\" sucessivas, denominadas, respectivamente, Rio do Salto e Cancela, porém devem corresponder a dois eventos menores de avanço da geleira. Duas exposições de superfícies estriadas, formadas sobre rochas do Subgrupo Itararé, de especial significado em Geologia Glacial pela quantidade e diversidade de feições preservadas, ocorrem sobre arenito flúvio-glacial e glácio-marinho proximal em Palmeira, e diamictitos (tilito de alojamento) em São Luís de Purunã. Neste último local, formas de terreno glaciais deposicionais de pequeno porte, do tipo flute, foram encontradas. Trata-se do primeiro registro destas feições em sucessões glaciais pré-pleistocênicas. A correlação entre essas superfícies e as que se situam sobre rochas do Subgrupo Itararé em outros afloramentos, não está ainda clara. Nos dois casos, as superfícies são múltiplas, refletindo oscilação da margem da geleira neopaleozóica, envolvendo alternância de condições de alta velocidade e erosão, e baixa velocidade e deposição. A despeito de sua origem subglacial não há evidências de deformação intensa por esforço cisalhante. A preservação dessas feições de erosão posterior ocorreu pela deposição de till subglacial e/ou pela sedimentação subaquática de silte. Excelentes exposições do Subgrupo Itararé em Witmarsum permitem distinguir várias sucessões de diamictitos, incluindo tilitos subglaciais e supraglaciais associados a, no mínimo, sete episódios de avanço e recuo da geleira. Durante uma dessas fases, verificou-se a instalação de condições periglaciais, documentadas pela ocorrência de cunhas de areia (sand wedges) e clastos partidos. Intercalações de arenitos marinhos rasos no pacote de diamictitos indicam a ocorrência de eventos marinhos transgressivos pós-glaciais. Depósitos coliniformes de diamictito deformado identificados na seção estudada, são interpretados como morainas de empurrão sazonais, associadas a oscilações da margem da geleira. A preservação dessas formas de terreno constitui registro singular e inédito em sucessões glaciogênicas pré-pleistocênicas. Os diversos ciclos estratigráficos glaciais reconhecidos no Subgrupo Itararé, no flanco sul do arco de Ponta Grossa, são atribuíveis à combinação de episódios de avanço e recuo do lobo glacial Paraná e movimentos glácio iso- e eustáticos. Esses movimentos ocorreram no contexto de eventos tectônicos de maior escala, ligados à evolução tectônica do arco de Ponta Grossa no neopaleozóico.
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Aração subglacial foi o processo erosivo predominante em ambos os casos, ocorrendo sob geleira de base quente e na presença de água de degelo. A despeito do caráter consolidado do substrato Devoniano, formas de terreno glaciais erosivas positivas, tipo rochas moutonnées e dorsos de baleia, não ocorrem na região estudada. Isto deve-se ao fato de a geleira, de base plana, deslocar-se sobre substrato previamente aplainado (peneplano) durante longo período erosivo pré-Itararé, e de composição litológica, inicialmente, homogênea, e de disposição horizontal, que deve ter influenciado a erosão glacial. Estriações são retilíneas e paralelas sobre cada uma das paisagens abrasivas. Entrecruzamento de estriações de orientação diferente sobre a mesma superfície não foram encontradas, indicando formação por um único evento erosivo em cada caso. 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A correlação entre essas superfícies e as que se situam sobre rochas do Subgrupo Itararé em outros afloramentos, não está ainda clara. Nos dois casos, as superfícies são múltiplas, refletindo oscilação da margem da geleira neopaleozóica, envolvendo alternância de condições de alta velocidade e erosão, e baixa velocidade e deposição. A despeito de sua origem subglacial não há evidências de deformação intensa por esforço cisalhante. A preservação dessas feições de erosão posterior ocorreu pela deposição de till subglacial e/ou pela sedimentação subaquática de silte. Excelentes exposições do Subgrupo Itararé em Witmarsum permitem distinguir várias sucessões de diamictitos, incluindo tilitos subglaciais e supraglaciais associados a, no mínimo, sete episódios de avanço e recuo da geleira. Durante uma dessas fases, verificou-se a instalação de condições periglaciais, documentadas pela ocorrência de cunhas de areia (sand wedges) e clastos partidos. Intercalações de arenitos marinhos rasos no pacote de diamictitos indicam a ocorrência de eventos marinhos transgressivos pós-glaciais. Depósitos coliniformes de diamictito deformado identificados na seção estudada, são interpretados como morainas de empurrão sazonais, associadas a oscilações da margem da geleira. A preservação dessas formas de terreno constitui registro singular e inédito em sucessões glaciogênicas pré-pleistocênicas. Os diversos ciclos estratigráficos glaciais reconhecidos no Subgrupo Itararé, no flanco sul do arco de Ponta Grossa, são atribuíveis à combinação de episódios de avanço e recuo do lobo glacial Paraná e movimentos glácio iso- e eustáticos. Esses movimentos ocorreram no contexto de eventos tectônicos de maior escala, ligados à evolução tectônica do arco de Ponta Grossa no neopaleozóico.Landforms of glacial erosion of micro to meso-scale(striae, furrows, flutes)occur on sandstone of the Furnas Formation, and on Fluvio-glacial and subglacial tillite from the Itararé Subgrupo. They make up two superposed extense landscapes of glacial abrasion of over 1.5000Km² of area, exthumed and preserved, on the southern flanck of the Ponta Grossa arch. Features on the Furnas sandstone have been eroded by a glacier flowing on a hard (consolidated) bed, the substratum was soft or inconsolidated on the Paleozoic sediments. The different reologic behavior of the glacier bed is reflected on differences of features present on the two types of glacial substrata. Glacialplowing was the predominant erosional process in both cases, associated to a warm based glacier and presence of subglacial meltwater. In spite its hardness, positive glacial erosional features, as roches moutonnées, whale backs, etc, do not occur on the Devonian sandstone. This is due to the glacier having displaced on a previourly existing peneplain formed during a pre-Itararé Subgroup regional erosional phase, plus the homogenous lithology and horizontal disposition of beds.Striations are rectilinear and parallel on each abraded landscape. Intersection of striae with different directions was not found, indication a single erosional event in each case. The mean direction of striations vary from N12°W to N20°E on the Devonian and late Paleozoic rocks respestively. Sense of glacier movement was toward north. The two glacial erosional events have been assigned to two different successive \"glaciations\", named Rio do Salto and Cancela, but correspond most probably to events of glacier advance.Two exposures of striated surfaces on the fluvio-glacial and glacial-marine beds an on lodgement tilite of Itararé Subgroup in Palmeira and São Luis de Purunã, respectively, exhibit a variety of features and bear special importance in terms of Glacial Geology. In the later outcrop depositional glacial landsforms similar to glacial flutes have also been found. This is the first record of such features in the pre-Pleistocene succession. Correlation between these surfaces and those on top of Itararé elsewhere on the Ponta Grossa arch rocks is not entirely clear. In the two cases above the surfaces are multiple, reflecting oscilation of the glacier margin and alternating conditions of fast flow and erosion and slow flow and deposition. In spite of their subglacial origin, no evidence of strong shear deformation was found. Features were preserved from further erosion by a cover of subglacial till or of a bed of silt eposited on top of striated surfaces. Excellent exposures of Itararé Sbgroup rocks at Witmarsum contain several diamictite successions made up of subglacial and supraglacial tillites resulting from at least seven episodes of advance and retreat of the glacier. During one of those phases periglacial conditions occurred as documented by sand wedges and frost shattered clasts. Intercalation of shallow marine sandstone beds in the diamictite section indicate post-glacial, marine transgressive events. Hill-like deposits of deformed diamictite found in the studied area were interpreted as seasonal push moraines, resulting from oscilation of the glacier margin. Preservation of this type of proglacial landform is unique in pre-Pleistocene glaciogenic successions. The several stratigraphic cycles recognized in the Itararé Subgroup in the study area, have probably been controlled by a combination of advance and retreat of the Paraná glacial lobe and associated glacio eu- and isostatic movements. These movements occurred in the context of larger scale tectonic events, that look place during the tectonic evolution of the Ponta Grossa arch in the late Paleozoic.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPRocha Campos, A. C. (Antonio Carlos)Trosdtorf Junior, Ivo2002-02-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44136/tde-29092015-110747/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:58Zoai:teses.usp.br:tde-29092015-110747Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:58Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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