Habitação popular na área central de Manaus: processos de territorialização e de desterritorialização de palafitas e flutuantes

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Simões, Isabella de Bonis Silva
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16137/tde-01062022-183939/
Resumo: O presente trabalho investigou e analisou a habitação popular em ambiente úmido na área central de Manaus ao longo do século XX e seus desdobramentos no século XXI. O interesse desta pesquisa é entender as necessidades habitacionais em Manaus que desencadearam o processo de ocupação sobre as águas da cidade, sobretudo as do Rio Negro e seus afluentes, que possuem grandes mudanças de nível durante seu ciclo anual. O fenômeno de ocupar zonas úmidas na área central nos bairros do Educandos, São Raimundo e igarapés do Centro Histórico começou de maneira discreta na década de 1920, porém após quarenta anos Manaus possuía um sistema territorial complexo de habitação palafítica nos beiradões e casas flutuantes sobre o Rio Negro e igarapés intraurbanos. O processo de territorialização e consolidação dessas comunidades se deu até o Golpe Militar de 1964, quando a implementação de novos projetos de desenvolvimento, sobretudo o da Zona Franca de Manaus, gerou uma ofensiva governamental apoiada pelas elites locais contra esse modo de habitar, com o intuito de higienizar e modernizar a cidade. Assim, a partir de 1967 inicia um processo de desterritorialização dessas moradias úmidas que resultou no espraiamento da pobreza e precariedade urbana em diversos bairros da cidade de Manaus. Apesar da violência operada pelos governos responsáveis pela dissolução das moradias úmidas, os beiradões de palafitas e a ocupação de igarapés intraurbanos permaneceram e continuaram se adensando ao longo das décadas de 1970 e 1980. Assim, na década de 1990 o Governo do Amazonas lançou o projeto da Manaus Moderna, que previa a construção de uma via que ligava o porto de Manaus com o Distrito Industrial. Para realizar esse projeto foi feita a drenagem de alguns trechos de igarapés, o que ocasionou a remoção de inúmeras palafitas. Posteriormente, já no século XXI temos a implementação do PROSAMIM (Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus), com um modelo de projeto muito próximo ao da Manaus Moderna, porém além da drenagem dos igarapés propôs também habitação sobre os leitos canalizados. Esses projetos levaram à quase extinção de habitações úmidas na região central e a uma periferização ainda maior da habitação popular. A pesquisa se vale de vasta investigação em acervos fotográficos, fontes oficiais e jornais locais para consolidar a visão panorâmica pretendida sobre o morar sobre as águas nesta cidade.
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O fenômeno de ocupar zonas úmidas na área central nos bairros do Educandos, São Raimundo e igarapés do Centro Histórico começou de maneira discreta na década de 1920, porém após quarenta anos Manaus possuía um sistema territorial complexo de habitação palafítica nos beiradões e casas flutuantes sobre o Rio Negro e igarapés intraurbanos. O processo de territorialização e consolidação dessas comunidades se deu até o Golpe Militar de 1964, quando a implementação de novos projetos de desenvolvimento, sobretudo o da Zona Franca de Manaus, gerou uma ofensiva governamental apoiada pelas elites locais contra esse modo de habitar, com o intuito de higienizar e modernizar a cidade. Assim, a partir de 1967 inicia um processo de desterritorialização dessas moradias úmidas que resultou no espraiamento da pobreza e precariedade urbana em diversos bairros da cidade de Manaus. Apesar da violência operada pelos governos responsáveis pela dissolução das moradias úmidas, os beiradões de palafitas e a ocupação de igarapés intraurbanos permaneceram e continuaram se adensando ao longo das décadas de 1970 e 1980. Assim, na década de 1990 o Governo do Amazonas lançou o projeto da Manaus Moderna, que previa a construção de uma via que ligava o porto de Manaus com o Distrito Industrial. Para realizar esse projeto foi feita a drenagem de alguns trechos de igarapés, o que ocasionou a remoção de inúmeras palafitas. Posteriormente, já no século XXI temos a implementação do PROSAMIM (Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus), com um modelo de projeto muito próximo ao da Manaus Moderna, porém além da drenagem dos igarapés propôs também habitação sobre os leitos canalizados. Esses projetos levaram à quase extinção de habitações úmidas na região central e a uma periferização ainda maior da habitação popular. A pesquisa se vale de vasta investigação em acervos fotográficos, fontes oficiais e jornais locais para consolidar a visão panorâmica pretendida sobre o morar sobre as águas nesta cidade.The present work investigated and analyzed popular housing in a humid environment in the central area of Manaus throughout the 20th century and its consequences in the 21st century. The interest of this research is to understand the housing needs in Manaus that triggered the occupation process over the citys waters, especially those of the Rio Negro and its tributaries, which have major changes in level during their annual cycle. The phenomenon of occupying wetlands in the central area in the neighborhoods of Educandos, São Raimundo and igarapés in the Historic Center began discreetly in the 1920s, but after forty years Manaus had a complex territorial system of stilt housing in the beiradões and floating houses on the Rio Negro and intra-urban streams. The process of territorialization and consolidation of these communities took place until the 1964 Military Coup, when the implementation of new development projects, especially in the Manaus Free Zone, generated a government offensive supported by local elites against this way of living, with the in order to sanitize and modernize the city. Thus, from 1967 onwards, a process of deterritorialization of these humid dwellings began, which resulted in the spread of poverty and urban precariousness in several neighborhoods in the city of Manaus. Despite the violence operated by the governments responsible for the dissolution of damp housing, the stilt walls and the occupation of intra-urban streams remained and continued to thicken throughout the 1970s and 1980s. Thus, in the 1990s the Government of Amazonas launched the Manaus Moderna project, which foresaw the construction of a road connecting the port of Manaus with the Industrial District. To carry out this project, some stretches of streams were drained, which led to the removal of numerous stilts. Later, in the 21st century, we have the implementation of PROSAMIM (Social and Environmental Program for Igarapés de Manaus), with a project model very close to that of Modern Manaus, but in addition to draining the streams, it also proposed housing on the canalized beds. These projects led to the near extinction of humid housing in the central region and an even greater peripheralization of popular housing. The research draws on extensive investigation in photographic collections, official sources and local newspapers to consolidate the intended panoramic view of living on water in this city.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPLeitão, Karina OliveiraSimões, Isabella de Bonis Silva2021-12-14info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16137/tde-01062022-183939/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-08-03T12:35:36Zoai:teses.usp.br:tde-01062022-183939Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-08-03T12:35:36Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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