Um meio maleável: aportes psicanalíticos para grupos terapêuticos de adolescentes com comportamento suicida ou de automutilação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bruno Esposito
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/D.47.2022.tde-03102022-104818
Resumo: Este trabalho parte da constatação de que a problemática do comportamento suicida e da automutilação vêm impondo-se entre adolescentes com uma frequência crescente no mundo contemporâneo, inclusive no Brasil, com uma intensificação dos pedidos de assistência, sobretudo nos serviços públicos. No entanto, os espaços de atendimento voltados a essa população são ainda escassos e pouco instrumentalizados, do ponto de vista teórico-técnico, para o manejo de tais situações críticas e complexas. A literatura demonstra que as taxas de abandono de tratamento nessa população são muito expressivas, e nossa hipótese é de que isso se dá pela falta de maleabilidade dos dispositivos clínicos ofertados pelas instituições. Sendo os grupos terapêuticos um recurso privilegiado para a adesão e intervenção com adolescentes, retomamos o conceito psicanalítico de meio maleável proposto inicialmente por Marion Milner e posteriormente desenvolvido por René Roussillon para analisar um dispositivo de grupo terapêutico de adolescentes com comportamento suicida ou de automutilação, visando a identificar balizas teóricotécnicas úteis para constituí-lo como meio maleável. O método empregado nesta pesquisa é teórico-clínico, articulando um percurso teórico (acerca da adolescência na contemporaneidade e suas famílias, dos aportes da psicanálise de grupo e das características do enquadre à luz de adolescentes com comportamento suicida ou de automutilação), com a experiência clínica do autor, que, por quase dez anos, integrou uma equipe de atendimento a esses adolescentes em um serviço de saúde mental público da cidade de São Paulo. Na discussão, são propostas três balizas que destacam diferentes momentos dos grupos terapêuticos com tais adolescentes, do grupo fluindo, do grupo do silêncio e do corpo, e do grupo implodindo, cada um deles apresentando diferentes características quanto à tarefa, ao enquadre, às dinâmicas transferenciais e principalmente ao trabalho do coordenador. A discussão é permeada por vinhetas clínicas de grupos terapêuticos de adolescentes com comportamento suicida ou de automutilação, que, ao se articularem à teoria, permitem-nos fundamentar as diferentes modalidades de coordenação de acordo com o momento do grupo. Conclui-se que a capacidade do coordenador de compreender as nuances clínicas presentes nas diferentes balizas grupais e de se adaptar às necessidades técnicas de cada momento são fundamentais para que a experiência do dispositivo de grupo se dê enquanto meio maleável, permitindo ao adolescente utilizá-lo também nas suas diferentes dimensões subjetivas, implicando uma melhor adesão e benefícios terapêuticos do dispositivo
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No entanto, os espaços de atendimento voltados a essa população são ainda escassos e pouco instrumentalizados, do ponto de vista teórico-técnico, para o manejo de tais situações críticas e complexas. A literatura demonstra que as taxas de abandono de tratamento nessa população são muito expressivas, e nossa hipótese é de que isso se dá pela falta de maleabilidade dos dispositivos clínicos ofertados pelas instituições. Sendo os grupos terapêuticos um recurso privilegiado para a adesão e intervenção com adolescentes, retomamos o conceito psicanalítico de meio maleável proposto inicialmente por Marion Milner e posteriormente desenvolvido por René Roussillon para analisar um dispositivo de grupo terapêutico de adolescentes com comportamento suicida ou de automutilação, visando a identificar balizas teóricotécnicas úteis para constituí-lo como meio maleável. O método empregado nesta pesquisa é teórico-clínico, articulando um percurso teórico (acerca da adolescência na contemporaneidade e suas famílias, dos aportes da psicanálise de grupo e das características do enquadre à luz de adolescentes com comportamento suicida ou de automutilação), com a experiência clínica do autor, que, por quase dez anos, integrou uma equipe de atendimento a esses adolescentes em um serviço de saúde mental público da cidade de São Paulo. Na discussão, são propostas três balizas que destacam diferentes momentos dos grupos terapêuticos com tais adolescentes, do grupo fluindo, do grupo do silêncio e do corpo, e do grupo implodindo, cada um deles apresentando diferentes características quanto à tarefa, ao enquadre, às dinâmicas transferenciais e principalmente ao trabalho do coordenador. A discussão é permeada por vinhetas clínicas de grupos terapêuticos de adolescentes com comportamento suicida ou de automutilação, que, ao se articularem à teoria, permitem-nos fundamentar as diferentes modalidades de coordenação de acordo com o momento do grupo. Conclui-se que a capacidade do coordenador de compreender as nuances clínicas presentes nas diferentes balizas grupais e de se adaptar às necessidades técnicas de cada momento são fundamentais para que a experiência do dispositivo de grupo se dê enquanto meio maleável, permitindo ao adolescente utilizá-lo também nas suas diferentes dimensões subjetivas, implicando uma melhor adesão e benefícios terapêuticos do dispositivo This work starts from the observation that the problem of suicidal behavior and self harm has been imposing itself among adolescents with increasing frequency in the contemporary world, including in Brazil, with an intensification of treatment requests, especially in public services. Nonetheless, the health services aimed at this population are still scarce and poorly trained, from a theoretical-technical point of view, to handle such critical and complex situations. The literature demonstrates that the treatment dropout rates are very expressive, and our hypothesis is that this is related to the lack of pliability of the clinical settings offered by the institutions. As therapeutic groups are a privileged resource for adherence and intervention with adolescents, we recuperate the psychoanalytic concept of pliable medium proposed initially by Marion Milner and later developed by René Roussillon to analyze a therapeutic group setting with adolescents with suicidal behavior or self harm, aiming to identify theoretical-technical references to constitute it as a pliable medium. This research uses a theoretical-clinical method, articulating a theoretical path (about contemporary adolescence and its families, about group psychoanalysis contributions and about the setting characteristics according to adolescents with suicidal behavior or self harm), with the author´s clinical experience, that was part of a treatment team to these patients for almost ten years in a mental health public service in the city of São Paulo. In the discussion, three references are proposed highlighting different moments of therapeutic groups with such adolescents: the group flowing, the group of the silence and the body, and the group imploding, each moment presenting different characteristics regarding the goal, the setting, the transference dynamics and especially to the group coordinator work. The discussion is pervaded by clinical vignettes of therapeutic groups with adolescents with suicidal behavior or self harm that, when articulated to the theory, allow us to substantiate the different modalities of coordination regarding the group moment. We conclude that the capability of the coordinator on comprehending the clinical shades presented in the different group references, and to adapt to the clinical needs of each moment are essential for the group setting experience to be like a pliable medium, allowing the adolescent to use it also in his different subjective dimensions, taking to a better adherence and therapeutic benefits from the group https://doi.org/10.11606/D.47.2022.tde-03102022-104818info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:09:18Zoai:teses.usp.br:tde-03102022-104818Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:04:36.978432Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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