O papel da obesidade no desenvolvimento de lesões renais e da barreira de ultrafiltração glomerular: contribuições de leptina.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cardoso, Vanessa Gerolde
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/42/42137/tde-14012022-192332/
Resumo: A obesidade está associada a múltiplos fatores de risco para o desenvolvimento de comorbidades como inflamação sistêmica e lesões renais. Lesões na barreira de ultrafiltração glomerular podem causar comprometimento do processo de filtração glomerular. A nefrina é um dos principais componentes da barreira de ultrafiltração glomerular, portanto, alterações na expressão desta proteína indicam comprometimento da função renal. Assim, o objetivo deste estudo foi investigar o papel da obesidade, assim como da inflamação e da angiotensina II, no desenvolvimento de lesões renais e da barreira de ultrafiltração glomerular. A contribuição da leptina para a função renal neste contexto também foi avaliada. Métodos: Os protocolos estão de acordo com o CEUA (nº 13/2017). Foram utilizados 44 camundongos, sendo 16 C57BL/6J e 28 ob/ob. Os animais foram distribuídos em dois protocolos experimentais. No primeiro, os camundongos tinham cerca de 8 semanas e foram tratados com leptina por 28 dias, no segundo os animais tinham 18 semanas e foram tratados com leptina por 42 dias. Os camundongos dos dois protocolos foram distribuídos em três grupos: controle magro (CTL), obesos (ob/ob) e obesos tratados com leptina (ob/ob - lep). O tratamento com leptina foi realizado por meio de inserção de minibomba osmótica. As minibombas foram preenchidas com solução contendo leptina na dose de 3,5 μg/dia por 28 ou 42 dias. Durante o período de tratamento, a ingestão de alimentos foi monitorada diariamente. O ganho de peso e a glicemia foram monitorados semanalmente. Ao final do período de tratamento, os animais foram mantidos em gaiolas metabólicas por 24 horas para avaliação da ingestão de água e coleta de urina. Por fim, os animais foram submetidos à eutanásia e foi feita coleta de sangue e tecido renal. A função renal foi avaliada pela concentração plasmática de creatinina e uréia e pela excreção urinária de albumina. O tecido renal foi utilizado para avaliar a expressão gênica por qPCR, análises histológicas e imunofluorescência. Resultados: No protocolo experimental de 28 dias, o tratamento com leptina parece não ter sido eficaz já que não houve redução no peso dos animais obesos tratados com leptina em relação aos animais obesos sem tratamento. Porém, os camundongos obesos apresentaram alterações discretas como, aumento da ureia plasmática, na expressão de agiotensinogênio e de MCP1 no tecido renal e da área glomerular. O tratamento com leptina não foi capaz de reverter a maior parte dos parâmetros observados. Estes resultados indicam que em camundongos ob/ob, há alteração renal mesmo em animais jovens. Já no protocolo de 42 dias, a redução de peso e medidas plasmáticas de leptina confirmaram a eficiência do tratamento com este hormônio. Nos animais obesos houve aumento da ureia plasmática, na excreção urinária de albumina e na expressão de fatores inflamatórias e de componentes do sistema renina angiotensina intrarrenal. A leptina se mostrou parcialmente renoprotetora. Neste grupo, não houve hipertrofia glomerular nos animais obesos, porém, houve redução da expressão de nefrina e proliferação celular que pode indicar expansão mesangial, o tratamento com leptina não reverteu esses parâmetros. Conclusão: A obesidade prejudica a função renal, aumenta a expressão de moléculas inflamatórias e do SRA intrarenal e diminui a expressão de nefrina. A terapia com leptina foi parcialmente renoprotetora, uma vez que reverteu alguns dos parâmetros observados. As características renais dos animais obesos têm muitas semelhanças com a glomerulopatia relacionada a obesidade.
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A contribuição da leptina para a função renal neste contexto também foi avaliada. Métodos: Os protocolos estão de acordo com o CEUA (nº 13/2017). Foram utilizados 44 camundongos, sendo 16 C57BL/6J e 28 ob/ob. Os animais foram distribuídos em dois protocolos experimentais. No primeiro, os camundongos tinham cerca de 8 semanas e foram tratados com leptina por 28 dias, no segundo os animais tinham 18 semanas e foram tratados com leptina por 42 dias. Os camundongos dos dois protocolos foram distribuídos em três grupos: controle magro (CTL), obesos (ob/ob) e obesos tratados com leptina (ob/ob - lep). O tratamento com leptina foi realizado por meio de inserção de minibomba osmótica. As minibombas foram preenchidas com solução contendo leptina na dose de 3,5 μg/dia por 28 ou 42 dias. Durante o período de tratamento, a ingestão de alimentos foi monitorada diariamente. O ganho de peso e a glicemia foram monitorados semanalmente. 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Estes resultados indicam que em camundongos ob/ob, há alteração renal mesmo em animais jovens. Já no protocolo de 42 dias, a redução de peso e medidas plasmáticas de leptina confirmaram a eficiência do tratamento com este hormônio. Nos animais obesos houve aumento da ureia plasmática, na excreção urinária de albumina e na expressão de fatores inflamatórias e de componentes do sistema renina angiotensina intrarrenal. A leptina se mostrou parcialmente renoprotetora. Neste grupo, não houve hipertrofia glomerular nos animais obesos, porém, houve redução da expressão de nefrina e proliferação celular que pode indicar expansão mesangial, o tratamento com leptina não reverteu esses parâmetros. Conclusão: A obesidade prejudica a função renal, aumenta a expressão de moléculas inflamatórias e do SRA intrarenal e diminui a expressão de nefrina. A terapia com leptina foi parcialmente renoprotetora, uma vez que reverteu alguns dos parâmetros observados. As características renais dos animais obesos têm muitas semelhanças com a glomerulopatia relacionada a obesidade.Obesity is associated with multiple risk factors to the development of comorbidities such as systemic inflammation and kidney injuries. Lesions in the glomerular ultrafiltration barrier may cause impairment of the kidney filtration process. Nephrine is one of the main components of the glomerular ultrafiltration barrier, so changes in the expression of this protein indicate impaired renal function. Thus, the aim of this study was to investigate the role of obesity as well as inflammation and angiotensin II, in the development of kidney and glomerular ultrafiltration barrier injuries. The contribution of leptin to kidney function in this context was also evaluated. Methods: The protocols are in agreement with CEUA (nº 13/2017). Forty-four mice were used in this study, sixteen C57BL / 6J and twenty-eight obese ob/ob mice. The animals were distributed in two experimental protocols. In the first protocol, mice were about eight weeks old and treated with leptin for 28 days, in the second protocol the animals were eighteen weeks old and were treated with leptin for 42 days. Mice from the two protocols were randomly distributed into three groups: lean control (CTL), obese (ob/ob) and obese treated with leptin (ob/ob - lep). Leptin treatment was carried out by inserting an osmotic mini-pump. The mini-pumps were filled with a solution containing leptin at a dose of 3.5 μg/day for 28 or 42 days. During the treatment period, food intake was monitored daily. Weight gain and blood glucose were monitored weekly. At the end of the treatment period, the animals were kept in metabolic cages for 24 hours to assess water intake and urine collection. Finally, the animals were euthanized and blood and renal tissue were collected. Renal function was assessed by plasma creatinine and urea concentration and urinary albumin excretion. Renal tissue was used to evaluate gene expression by qPCR, histological analysis and immunofluorescence. Results: In the 28-days experimental protocol, leptin treatment does not seem to have been effective since there was no reduction in the leptin treated obese animals weight compared to obese animals without treatment. However, obese mice of this group showed mild changes such as increased plasma urea, increased expression of agiotensinogen and MCP1 in renal tissue and increased glomerular area. Leptin treatment was not able to reverse most of the observed parameters. These results indicate that in ob/ob mice, there is renal alteration in young animals. In the 42-days protocol, weight reduction and plasma leptin measurements confirmed the efficiency of leptin treatment. In obese animals, there was an increase in plasma urea, urinary albumin excretion, expression of inflammatory factors and components of the intrarenal renin-angiotensin system. In these parameters, leptin was partially renoprotective. In this group, there was no glomerular hypertrophy in obese animals, however, there was a reduction in nephrine expression and cell proliferation that may indicate mesangial expansion, and leptin treatment did not reverse these parameters. Conclusion: Obesity impairs renal function, increases the expression of inflammatory molecules and intrarenal RAS and decreases the expression of nephrine. Leptin therapy was partially renoprotective, since it reversed some of the observed parameters. 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