Infinitivo flexionado em português brasileiro: frequência e percepções sociolinguísticas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Canever, Fernanda
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-04042018-184015/
Resumo: Tomando como objeto o emprego variável da flexão do infinitivo (INF) no português brasileiro (PB), este estudo tem dois interesses centrais: (i) analisar se o emprego da forma flexionada (INFflex) está aumentando nos três contextos sintáticos opcionais originais\" (Bossaglia, 2013a) - orações adverbiais, complementos oracionais de nomes e complementos oracionais de adjetivos - e (ii) investigar se valores sociais positivos, tais como o prestígio geralmente associado à concordância verbal em PB (Mendes & Oushiro, 2015; Naro & Scherre, 1991; Rubio & Gonçalves, 2012; Scherre & Naro, 2014, 2006), estariam sendo atribuídos a INFflex. Para investigar a primeira hipótese, analisa-se quantitativamente o emprego de INFflex em um corpus formado por 1346 teses produzidas por alunos de diferentes unidades da USP entre 1995 e 2014. Quanto à segunda, busca-se, por meio de um estudo de percepção sociolinguística que se desenvolveu com base na técnica de estímulos pareados (Campbell-Kibler, 2008; Labov et al., 2006; Mendes, 2016b; Oushiro, 2015) verificar se falantes são julgados\" como mais inteligentes\", mais escolarizados\" e mais formais\" na presença de INFflex. Os resultados da análise dos dados de produção demonstram que, ao contrário do que se esperava, INFflex não está aumentando na escrita acadêmica. Por outro lado, verificaram-se taxas altas de INFflex com o verbo ser - independentemente do contexto sintático e da pessoa verbal -, em orações adverbiais antepostas à oração principal e com as preposições/locuções prepositivas antes de, ao, após, depois de e por. No que diz respeito à distribuição de INFflex de acordo com a área do conhecimento, verificaram-se maiores proporções de INFflex nas orações adverbiais em teses da área de Humanas. O teste de percepção, por sua vez, revelou que, em contextos sintáticos nos quais o emprego de INFflex é considerado opcional, não houve diferença significativa na forma como as vozes\" foram julgadas; porém, em contextos sintáticos nos quais flexionar o infinitivo é considerado um erro\" do ponto de vista prescritivo, a presença de INFflex levou a percepções de menor inteligência\", menor escolaridade\" e menor formalidade\". Especificamente no caso dos contextos não padrão, verificou-se, ainda, um efeito significativo da variável Idade do participante: as percepções dos participantes mais jovens foram mais neutras\", ao passo que as respostas dos acima de 50 anos foram mais polarizadas: quanto mais velhos, mais negativamente julgaram versões com INFflex e mais positivamente versões com INF0. Tais resultados sugerem que falantes mais jovens percebem com mais naturalidade usos hipercorrigidos de INFflex.
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spelling Infinitivo flexionado em português brasileiro: frequência e percepções sociolinguísticasInflected infinitive in Brazilian Portuguese: frequency and sociolinguistic perceptionsFrequênciaFrequencyInfinitivo flexionadoInflected infinitiveLinguistic variationsPercepções sociolinguístcasSociolinguistic perceptionsVariações linguísticasTomando como objeto o emprego variável da flexão do infinitivo (INF) no português brasileiro (PB), este estudo tem dois interesses centrais: (i) analisar se o emprego da forma flexionada (INFflex) está aumentando nos três contextos sintáticos opcionais originais\" (Bossaglia, 2013a) - orações adverbiais, complementos oracionais de nomes e complementos oracionais de adjetivos - e (ii) investigar se valores sociais positivos, tais como o prestígio geralmente associado à concordância verbal em PB (Mendes & Oushiro, 2015; Naro & Scherre, 1991; Rubio & Gonçalves, 2012; Scherre & Naro, 2014, 2006), estariam sendo atribuídos a INFflex. Para investigar a primeira hipótese, analisa-se quantitativamente o emprego de INFflex em um corpus formado por 1346 teses produzidas por alunos de diferentes unidades da USP entre 1995 e 2014. Quanto à segunda, busca-se, por meio de um estudo de percepção sociolinguística que se desenvolveu com base na técnica de estímulos pareados (Campbell-Kibler, 2008; Labov et al., 2006; Mendes, 2016b; Oushiro, 2015) verificar se falantes são julgados\" como mais inteligentes\", mais escolarizados\" e mais formais\" na presença de INFflex. Os resultados da análise dos dados de produção demonstram que, ao contrário do que se esperava, INFflex não está aumentando na escrita acadêmica. Por outro lado, verificaram-se taxas altas de INFflex com o verbo ser - independentemente do contexto sintático e da pessoa verbal -, em orações adverbiais antepostas à oração principal e com as preposições/locuções prepositivas antes de, ao, após, depois de e por. No que diz respeito à distribuição de INFflex de acordo com a área do conhecimento, verificaram-se maiores proporções de INFflex nas orações adverbiais em teses da área de Humanas. O teste de percepção, por sua vez, revelou que, em contextos sintáticos nos quais o emprego de INFflex é considerado opcional, não houve diferença significativa na forma como as vozes\" foram julgadas; porém, em contextos sintáticos nos quais flexionar o infinitivo é considerado um erro\" do ponto de vista prescritivo, a presença de INFflex levou a percepções de menor inteligência\", menor escolaridade\" e menor formalidade\". Especificamente no caso dos contextos não padrão, verificou-se, ainda, um efeito significativo da variável Idade do participante: as percepções dos participantes mais jovens foram mais neutras\", ao passo que as respostas dos acima de 50 anos foram mais polarizadas: quanto mais velhos, mais negativamente julgaram versões com INFflex e mais positivamente versões com INF0. Tais resultados sugerem que falantes mais jovens percebem com mais naturalidade usos hipercorrigidos de INFflex.Focusing on the variable use of inected in_nitives (INF) in Brazilian Portuguese (BP), the goal of this study is twofold: (i) to investigate if the use of the inflected variant (INFflex) is increasing in three originally\" optional syntactic contexts (Bossaglia, 2013a : 27) - adverbial clauses, noun complements and adjective complements - and (ii) to investigate if positive social values, such as the prestige usually associated with verbal agreement in BP (Mendes & Oushiro, 2015; Naro & Scherre, 1991; Rubio & Gon_calves, 2012; Scherre & Naro, 2014, 2006), are being assigned to INFflex. To test the first hypothesis, the use of INFflex is analyzed in a corpus of 1.346 theses written by USP graduate students from different areas of knowledge from 1995 to 2014. As for the second hypothesis, a matched-guise experiment was conducted (Campbell-Kibler, 2008; Lambert et al., 1960; Mendes, 2016a; Oushiro, 2015) to test if speakers are perceived as more intelligent\", more educated\" and more formal\" when heard using the INFflex guises. Contradicting the study\'s hypothesis, production data show no increase in the use of INFflex in academic writing. However, high rates of INFflex were attested with the verb be - regardless of the syntactic contexts and grammatical person -, in preposed adverbial clauses and with the prepositions antes de, ao, após, depois de and por. As for the area of knowledge, higher rates of INFflex in adverbial clauses were attested in Human Sciences theses. Perception data show no difference in how the voices were perceived when INFflex was used in adverbial clauses. On the other hand, voices were perceived as less intelligent\", less educated\" and less formal\" when INFflex was used in hypercorrect contexts, as expected. In addition, a significant age effect was found in hypercorrect contexts: the older participants, the more negatively they perceived the INFflex guises and the more positively they perceived the non-inflected (INF0) guises. These results suggest that younger speakers perceive hypercorrect use of INFflex as more natural.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPMendes, Ronald BelineCanever, Fernanda2017-10-20info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-04042018-184015/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-09-20T19:49:24Zoai:teses.usp.br:tde-04042018-184015Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-09-20T19:49:24Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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