Ondas de calor e a mortalidade de idosos por doenças respiratórias e cardiovasculares nas capitais dos estados brasileiros: Uma análise no presente (1996-2016) e projeções para o futuro próximo (2030-2050) e futuro distante (2079-2099) em diferentes
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/14/14133/tde-19072022-151610/ |
Resumo: | As ondas de calor vêm se tornando mais frequentes e mais intensas em todo o mundo, inclusive no Brasil. A literatura aponta que devido às mudanças climáticas episódios de calor extremo deverão ser ainda mais frequentes no futuro. Os idosos são mais vulneráveis ao calor extremo devido aos seus mecanismos termorregulatórios disfuncionais, além disso são mais propensos às doenças que envolvem os sistemas que regulam a temperatura corporal, como doenças respiratórias (DRSP) e cardiovasculares (DCV). Neste contexto, essa tese objetivou quantificar a mortalidade de idosos por DRSP e DCV relacionadas às ondas de calor durante os períodos quentes e frios nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. As análises foram feitas no período do presente (1996 a 2016), futuro próximo (2030 a 2050) e futuro distante (2079 a 2099). Para as projeções foram considerados dois cenários de mudanças climáticas (RCP4.5 e RCP8.5) e dois modelos climáticos regionalizados (Eta-HADGEM2-ES e Eta-MIROC5). Outro aspecto importante nas projeções futuras foi a quantificação da mortalidade para as hipóteses de adaptação e não adaptação ao clima futuro. As ondas de calor foram identificadas nas capitais brasileiras tanto no presente quanto no futuro utilizando a definição de que uma onda de calor é um período de pelos menos de três dias consecutivos com temperaturas máximas diárias acima dos limiares diários do 90º, 95º e 98º percentis da temperatura máxima do período climatológico de referência. Além de identificadas, as ondas de calor foram caracterizadas quanto a sua frequência, duração e intensidade. Utilizando Modelos Lineares Generalizados (GLM), os impactos das ondas de calor sobre a mortalidade de idosos por DCV e DRSP puderam ser quantificados em todas as capitais do país, inicialmente em termos de risco relativo (RR) e posteriormente em taxa de mortalidade. Afim de obter uma medida resumo dos impactos das ondas de calor sobre a mortalidade de idosos no Brasil como um todo e em suas regiões, processos meta-analíticos foram aplicados. Os resultados mostraram que os modelos climáticos possuem resultados convergentes, contudo, o modelo Eta-HADGEM2-ES mostrou projeções mais pessimistas para o futuro em comparação com o modelo Eta-MIROC5. Assim como também, as projeções no cenário RCP8.5 foram mais pessimistas, principalmente no futuro distante (2079-2099). As projeções mostraram que a temperatura máxima no Brasil é esperada aumentar em até 5,8°C e a umidade relativa diminuir em até -11%, por consequência as projeções mostraram que as ondas de calor nas capitais brasileiras serão mais frequentes, mais intensas e mais persistentes tanto no período quente quanto no período frio. Os resultados mostraram que devido ao aumento das ondas de calor no futuro, o risco de mortalidade associados às ondas de calor também deve aumentar, especialmente para ondas de calor mais intensas (P98). Em média no Brasil, o risco de mortalidade de idosos por DCV é esperado aumentar em até 1257% em relação ao presente e por DRSP em até 1433% no pior cenário projetado. Os resultados mostraram que se não houver adaptação, espera-se que a taxa de mortalidade de idosos relacionada às ondas de calor no Brasil aumente, especialmente em 2079-2099 no cenário RCP8.5 (em média 974 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DCV e 20 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DRSP). Espera-se que a mortalidade relacionada às ondas de calor aumente muito mais nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste do país, principalmente por DCV. Já em um pressuposto de adaptação hipotética, espera-se que a taxa de mortalidade relacionada às ondas de calor ainda aumente, mas o aumento será muito menor do que sob a hipótese de nenhuma adaptação (em média 80 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DCV e 1,7 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DRSP). Portanto, a adaptação às ondas de calor é extremamente importante para reduzir o número de óbitos de idosos por DCV e DRSP no Brasil no futuro. Contudo, o Índice de Adaptação Urbana (UAI) mostrou que nenhuma capital brasileira atualmente possui um potencial adaptativo considerado ideal, sendo necessária a atenção de políticas públicas, principalmente, nas dimensões de habitação, gestão ambiental e respostas aos impactos climáticos para que o potencial adaptativo das capitais brasileiras aumente, podendo assim, evitar o aumento da mortalidade da população idosa nos próximos anos. |
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Os idosos são mais vulneráveis ao calor extremo devido aos seus mecanismos termorregulatórios disfuncionais, além disso são mais propensos às doenças que envolvem os sistemas que regulam a temperatura corporal, como doenças respiratórias (DRSP) e cardiovasculares (DCV). Neste contexto, essa tese objetivou quantificar a mortalidade de idosos por DRSP e DCV relacionadas às ondas de calor durante os períodos quentes e frios nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. As análises foram feitas no período do presente (1996 a 2016), futuro próximo (2030 a 2050) e futuro distante (2079 a 2099). Para as projeções foram considerados dois cenários de mudanças climáticas (RCP4.5 e RCP8.5) e dois modelos climáticos regionalizados (Eta-HADGEM2-ES e Eta-MIROC5). Outro aspecto importante nas projeções futuras foi a quantificação da mortalidade para as hipóteses de adaptação e não adaptação ao clima futuro. As ondas de calor foram identificadas nas capitais brasileiras tanto no presente quanto no futuro utilizando a definição de que uma onda de calor é um período de pelos menos de três dias consecutivos com temperaturas máximas diárias acima dos limiares diários do 90º, 95º e 98º percentis da temperatura máxima do período climatológico de referência. Além de identificadas, as ondas de calor foram caracterizadas quanto a sua frequência, duração e intensidade. Utilizando Modelos Lineares Generalizados (GLM), os impactos das ondas de calor sobre a mortalidade de idosos por DCV e DRSP puderam ser quantificados em todas as capitais do país, inicialmente em termos de risco relativo (RR) e posteriormente em taxa de mortalidade. Afim de obter uma medida resumo dos impactos das ondas de calor sobre a mortalidade de idosos no Brasil como um todo e em suas regiões, processos meta-analíticos foram aplicados. Os resultados mostraram que os modelos climáticos possuem resultados convergentes, contudo, o modelo Eta-HADGEM2-ES mostrou projeções mais pessimistas para o futuro em comparação com o modelo Eta-MIROC5. Assim como também, as projeções no cenário RCP8.5 foram mais pessimistas, principalmente no futuro distante (2079-2099). As projeções mostraram que a temperatura máxima no Brasil é esperada aumentar em até 5,8°C e a umidade relativa diminuir em até -11%, por consequência as projeções mostraram que as ondas de calor nas capitais brasileiras serão mais frequentes, mais intensas e mais persistentes tanto no período quente quanto no período frio. Os resultados mostraram que devido ao aumento das ondas de calor no futuro, o risco de mortalidade associados às ondas de calor também deve aumentar, especialmente para ondas de calor mais intensas (P98). Em média no Brasil, o risco de mortalidade de idosos por DCV é esperado aumentar em até 1257% em relação ao presente e por DRSP em até 1433% no pior cenário projetado. Os resultados mostraram que se não houver adaptação, espera-se que a taxa de mortalidade de idosos relacionada às ondas de calor no Brasil aumente, especialmente em 2079-2099 no cenário RCP8.5 (em média 974 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DCV e 20 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DRSP). Espera-se que a mortalidade relacionada às ondas de calor aumente muito mais nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste do país, principalmente por DCV. Já em um pressuposto de adaptação hipotética, espera-se que a taxa de mortalidade relacionada às ondas de calor ainda aumente, mas o aumento será muito menor do que sob a hipótese de nenhuma adaptação (em média 80 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DCV e 1,7 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DRSP). Portanto, a adaptação às ondas de calor é extremamente importante para reduzir o número de óbitos de idosos por DCV e DRSP no Brasil no futuro. Contudo, o Índice de Adaptação Urbana (UAI) mostrou que nenhuma capital brasileira atualmente possui um potencial adaptativo considerado ideal, sendo necessária a atenção de políticas públicas, principalmente, nas dimensões de habitação, gestão ambiental e respostas aos impactos climáticos para que o potencial adaptativo das capitais brasileiras aumente, podendo assim, evitar o aumento da mortalidade da população idosa nos próximos anos.Heat waves are becoming more frequent and more intense all over the world, including in Brazil. The literature points out that due to climate change, extreme heat episodes should be even more frequent in the future. The elderly are more vulnerable to extreme heat due to their dysfunctional thermoregulatory mechanisms, in addition they are more prone to diseases involving the systems that regulate body temperature, such as respiratory (RSPD) and cardiovascular (CVD) diseases. In this context, this thesis aimed to quantify the mortality of elderly people from RSPD and CVD related to heat waves during hot and cold periods in the capitals of the 26 Brazilian states and in the Federal District. The analyzes were carried out in the period of the present (1996 to 2016), near future (2030 to 2050) and distant future (2079 to 2099). For the projections, two climate change scenarios (RCP4.5 and RCP8.5) and two regionalized climate models (Eta-HADGEM2-ES and Eta-MIROC5) were considered. Another important aspect in future projections was the quantification of mortality for the hypotheses of adaptation and non-adaptation to the future climate. Heat waves were identified in Brazilian capitals both in the present and in the future using the definition that a heat wave is a period of at least three consecutive days with maximum daily temperatures above the daily thresholds of the 90th, 95th and 98th percentiles of the maximum temperature of the climatological reference period. In addition to being identified, heat waves were characterized as to their frequency, duration and intensity. Using Generalized Linear Models (GLM), the impacts of heat waves on the mortality of elderly people from CVD and RSPD were quantified in all the country\'s capitals, initially in terms of relative risk (RR) and later in mortality rate. In order to obtain a summary measure of the impacts of heat waves on mortality among the elderly in Brazil and its regions, meta-analytic processes were applied to the results obtained for Brazilian capitals. The results showed that the climate models have convergent results, however, the Eta-HADGEM2-ES model showed more pessimistic projections for the future compared to the Eta-MIROC5 model. As well, the projections in the RCP8.5 scenario were more pessimistic, especially in the distant future (2079-2099). The projections showed that the maximum temperature in Brazil is expected to increase by up to 5.8°C and the relative humidity will decrease by up to -11% in the future, consequently the projections showed that heat waves in Brazilian capitals will be more frequent, more intense and more persistent in both hot and cold periods. The results showed that due to the increase in heat waves in the future, the risk of mortality associated with heat waves is also expected to increase, especially for more intense heat waves (P98). On average in Brazil, the risk of elderly mortality from CVD is expected to increase by up to 1257% compared to the present and by DRSP by up to 1433% in the worst-case scenario. The results showed that if there is no adaptation, it is expected that the heatwave-related elderly mortality in Brazil will increase, especially in 2079-2099 in the RCP8.5 scenario (an average of 974 annual deaths per 100,000 elderly inhabitants due to CVD and 20 annual deaths per 100,000 elderly people due to RSPD). Mortality related to heat waves is expected to increase much more in the North, Midwest and Southeast regions of the country, mainly due to CVD. On the other hand, under a hypothetical adaptation assumption, it is expected that the death rate related to heat waves will still increase, but the increase will be much smaller than under the hypothesis of no adaptation (on average 80 annual deaths from CVD per 100,000 elderly inhabitants and 1.7 annual deaths from RSPD per 100,000 elderly inhabitants). Therefore, adaptation to heat waves is extremely important to reduce the number of elderly deaths from CVD and RSPD in Brazil in the future. However, the Urban Adaptation Index (UAI) showed that no Brazilian capital currently has an adaptive potential considered ideal, requiring attention from public policies, mainly in the dimensions of housing, environmental management and responses to climate impacts so that the adaptive potential of Brazilian capitals increases, thus being able to avoid the increase in the mortality of the elderly population in the coming years.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPGoncalves, Fabio Luiz TeixeiraDiniz, Fernanda Rodrigues2022-05-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/14/14133/tde-19072022-151610/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2022-08-02T19:08:35Zoai:teses.usp.br:tde-19072022-151610Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212022-08-02T19:08:35Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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As ondas de calor vêm se tornando mais frequentes e mais intensas em todo o mundo, inclusive no Brasil. A literatura aponta que devido às mudanças climáticas episódios de calor extremo deverão ser ainda mais frequentes no futuro. Os idosos são mais vulneráveis ao calor extremo devido aos seus mecanismos termorregulatórios disfuncionais, além disso são mais propensos às doenças que envolvem os sistemas que regulam a temperatura corporal, como doenças respiratórias (DRSP) e cardiovasculares (DCV). Neste contexto, essa tese objetivou quantificar a mortalidade de idosos por DRSP e DCV relacionadas às ondas de calor durante os períodos quentes e frios nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. As análises foram feitas no período do presente (1996 a 2016), futuro próximo (2030 a 2050) e futuro distante (2079 a 2099). Para as projeções foram considerados dois cenários de mudanças climáticas (RCP4.5 e RCP8.5) e dois modelos climáticos regionalizados (Eta-HADGEM2-ES e Eta-MIROC5). Outro aspecto importante nas projeções futuras foi a quantificação da mortalidade para as hipóteses de adaptação e não adaptação ao clima futuro. As ondas de calor foram identificadas nas capitais brasileiras tanto no presente quanto no futuro utilizando a definição de que uma onda de calor é um período de pelos menos de três dias consecutivos com temperaturas máximas diárias acima dos limiares diários do 90º, 95º e 98º percentis da temperatura máxima do período climatológico de referência. Além de identificadas, as ondas de calor foram caracterizadas quanto a sua frequência, duração e intensidade. Utilizando Modelos Lineares Generalizados (GLM), os impactos das ondas de calor sobre a mortalidade de idosos por DCV e DRSP puderam ser quantificados em todas as capitais do país, inicialmente em termos de risco relativo (RR) e posteriormente em taxa de mortalidade. Afim de obter uma medida resumo dos impactos das ondas de calor sobre a mortalidade de idosos no Brasil como um todo e em suas regiões, processos meta-analíticos foram aplicados. Os resultados mostraram que os modelos climáticos possuem resultados convergentes, contudo, o modelo Eta-HADGEM2-ES mostrou projeções mais pessimistas para o futuro em comparação com o modelo Eta-MIROC5. Assim como também, as projeções no cenário RCP8.5 foram mais pessimistas, principalmente no futuro distante (2079-2099). As projeções mostraram que a temperatura máxima no Brasil é esperada aumentar em até 5,8°C e a umidade relativa diminuir em até -11%, por consequência as projeções mostraram que as ondas de calor nas capitais brasileiras serão mais frequentes, mais intensas e mais persistentes tanto no período quente quanto no período frio. Os resultados mostraram que devido ao aumento das ondas de calor no futuro, o risco de mortalidade associados às ondas de calor também deve aumentar, especialmente para ondas de calor mais intensas (P98). Em média no Brasil, o risco de mortalidade de idosos por DCV é esperado aumentar em até 1257% em relação ao presente e por DRSP em até 1433% no pior cenário projetado. Os resultados mostraram que se não houver adaptação, espera-se que a taxa de mortalidade de idosos relacionada às ondas de calor no Brasil aumente, especialmente em 2079-2099 no cenário RCP8.5 (em média 974 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DCV e 20 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DRSP). Espera-se que a mortalidade relacionada às ondas de calor aumente muito mais nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste do país, principalmente por DCV. Já em um pressuposto de adaptação hipotética, espera-se que a taxa de mortalidade relacionada às ondas de calor ainda aumente, mas o aumento será muito menor do que sob a hipótese de nenhuma adaptação (em média 80 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DCV e 1,7 mortes anuais a cada 100 mil habitantes idosos por DRSP). Portanto, a adaptação às ondas de calor é extremamente importante para reduzir o número de óbitos de idosos por DCV e DRSP no Brasil no futuro. Contudo, o Índice de Adaptação Urbana (UAI) mostrou que nenhuma capital brasileira atualmente possui um potencial adaptativo considerado ideal, sendo necessária a atenção de políticas públicas, principalmente, nas dimensões de habitação, gestão ambiental e respostas aos impactos climáticos para que o potencial adaptativo das capitais brasileiras aumente, podendo assim, evitar o aumento da mortalidade da população idosa nos próximos anos. |
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