Os labirintos da aula universitária
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-10022017-130943/ |
Resumo: | Definiu-se como objetivo deste trabalho compreender a aula universitária em suas múltiplas determinações, mediações, contradições e dimensões, sobretudo por se configurar como o espaço-tempo privilegiado de realização do processo educativo na universidade e por ser um objeto relativamente naturalizado pelos sujeitos do campo da pedagogia universitária, que tem se constituído como um campo de práticas, formação e pesquisa sobre a docência no ensino superior. Na medida em que este campo tem construído sua trajetória numa direção tendencialmente reformista, identificou-se a necessidade de conhecer e propor elementos impulsionadores de uma práxis pedagógica humanizadora, crítica e revolucionária. Para tanto, realizou-se uma pesquisa etnográfica fundamentada no materialismo histórico. A produção de dados deu-se em cinco disciplinas, uma em cada um dos cinco cursos selecionados (Licenciatura em Física, Engenharia Civil, Pedagogia, Arquitetura e Urbanismo, Artes Plásticas) na Universidade de São Paulo, totalizando 240 horas entre observações de aula e entrevistas. O trabalho de campo evidenciou a aula como um fenômeno complexo, dinâmico e contraditório, submetido, entre outras coisas, à burocracia institucional, ao currículo fragmentado, às pressões do capital, às diferentes demandas dos estudantes, às variadas intencionalidades pedagógicas, às dificuldades didático-pedagógicas decorrentes da ausência de formação para a docência, à organização reificada do espaço e do tempo, às condições precarizadas de trabalho docente, à naturalização das formas de produção e mobilização dos corpos e afetos no processo educativo, e aos (des)encontros dos sujeitos deste processo e suas respectivas trajetórias. Com base na discussão dos dados, percebeu-se a necessidade, no âmbito do processo educativo, de docentes e estudantes estabelecerem relações: mediadas e não-cotidianas com o saber científico; de alteridade entre si; qualitativas no, e com o tempo e o espaço; e transgressoras com os corpos. A partir disso, elencou-se quatro elementos impulsionadores de uma práxis pedagógica humanizadora, crítica e revolucionária: crítica, alteridade, criatividade, afetividade. Concluiu-se que para além da necessidade de construção ampliada de um movimento que tencione instaurar uma nova hegemonia na universidade e na educação superior como um todo, caberia aos sujeitos do campo da pedagogia universitária, na sua esfera de ação mais circunscrita, atuarem inspirados nos quatro elementos elencados, especialmente na aula, onde, apesar de todos os constrangimentos, ainda há possibilidades para o exercício da autonomia docente. |
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Para tanto, realizou-se uma pesquisa etnográfica fundamentada no materialismo histórico. A produção de dados deu-se em cinco disciplinas, uma em cada um dos cinco cursos selecionados (Licenciatura em Física, Engenharia Civil, Pedagogia, Arquitetura e Urbanismo, Artes Plásticas) na Universidade de São Paulo, totalizando 240 horas entre observações de aula e entrevistas. O trabalho de campo evidenciou a aula como um fenômeno complexo, dinâmico e contraditório, submetido, entre outras coisas, à burocracia institucional, ao currículo fragmentado, às pressões do capital, às diferentes demandas dos estudantes, às variadas intencionalidades pedagógicas, às dificuldades didático-pedagógicas decorrentes da ausência de formação para a docência, à organização reificada do espaço e do tempo, às condições precarizadas de trabalho docente, à naturalização das formas de produção e mobilização dos corpos e afetos no processo educativo, e aos (des)encontros dos sujeitos deste processo e suas respectivas trajetórias. Com base na discussão dos dados, percebeu-se a necessidade, no âmbito do processo educativo, de docentes e estudantes estabelecerem relações: mediadas e não-cotidianas com o saber científico; de alteridade entre si; qualitativas no, e com o tempo e o espaço; e transgressoras com os corpos. A partir disso, elencou-se quatro elementos impulsionadores de uma práxis pedagógica humanizadora, crítica e revolucionária: crítica, alteridade, criatividade, afetividade. Concluiu-se que para além da necessidade de construção ampliada de um movimento que tencione instaurar uma nova hegemonia na universidade e na educação superior como um todo, caberia aos sujeitos do campo da pedagogia universitária, na sua esfera de ação mais circunscrita, atuarem inspirados nos quatro elementos elencados, especialmente na aula, onde, apesar de todos os constrangimentos, ainda há possibilidades para o exercício da autonomia docente.The aim of this research is to comprehend the university class in its multiple determinations, mediations, contradictions, and dimensions, especially for it setting up as the privileged space-time of educational process\' realization at the university and for being a relatively naturalized object by individuals of the field of university pedagogy, which has being constituted as a field of practice, formation and research on teaching in higher education. Insofar as this field has built its trajectory on a tendentiously reformist direction, it was identified the need to know and propose components for boosting a humanizing, critical and revolutionary pedagogical praxis. Therefore, it was used an ethnographic research based on historical materialism. Data collection took place in five disciplines, one in each of the five selected undergraduate courses (Licentiate Degree in Physics, Civil Engineering, Pedagogy, Architecture and Urban Design, Plastic Arts) at the University of São Paulo, with a total of 240 hours of classroom observations and interviews. Fieldwork highlighted class as a complex, dynamic and contradictory phenomenon and submitted, among other things, to institutional bureaucracy, to fragmented curriculum, to capital pressures, to different demands of the students, to different pedagogical intentionalities, to reified organization of space and time, to precarious teaching work conditions, to naturalization of the forms of production and mobilization of bodies and affects in educational process, and to (un)meetings of the subjects of this process and their trajectories. Based on the discussion of the data, it was realized that, within the educational process, teachers and students need to establish: mediated and non-daily relations with scientific knowledge; otherness; qualitative relations in and with time and space; and transgressive body relations. From this, it has listed four components for boosting a humanizing, critical, and revolutionary pedagogical praxis: critical, alterity, creativity, affectivity. It was concluded that beyond the need to build a larger movement that intends to establish a new hegemony in university and higher education as a whole, it would be up to the individuals of the university pedagogy field, in its circumscribed sphere of action, to act inspired by the four listed elements, especially in class, where, despite all the constraints, there are still possibilities for the exercise of teaching autonomy.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAlmeida, Maria Isabel deCorrêa, Guilherme Torres2016-11-04info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-10022017-130943/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2018-07-17T16:34:08Zoai:teses.usp.br:tde-10022017-130943Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212018-07-17T16:34:08Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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