A temporalidade e a síndrome de Asperger
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2004 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-22092014-113322/ |
Resumo: | A temporalidade é considerada, na perspectiva teórica deste estudo, como uma condição essencial do indivíduo no mundo, possibilitando a constituição de sentido do percebido e do vivido e evidenciando, ainda, a circunstância da qual partem todas as possíveis concepções de tempo. Além disso, o homem também é considerado em sua intencionalidade, na qual está dirigido para algo, ou seja, só pode haver mundo percebido e definido para o sujeito que pode percebê-lo, estando voltado para ele. A síndrome de Asperger (SA), um transtorno invasivo de desenvolvimento pertencente ao espectro autístico, caracteriza-se por seus portadores apresentarem um modo de interação extremamente peculiar, no qual é considerada a presença de prejuízos relacionados à simbolização, à comunicação e à socialização. Em uma vertente teórica psicossocial, esses aspectos têm sido compreendidos a partir da possibilidade de haver uma inabilidade inata na criança autista que compromete a atitude conativo-afetiva (relacionada à intencionalidade) fundamental no processo de desenvolvimento. Questões a respeito da rigidez na experiência da duração de períodos de tempo, das dificuldades para aceitação e compreensão da possibilidade de mudanças de fatos previstos e da aparente restrição de perspectiva temporal, independentemente do nível intelectual, têm sido evidenciadas na prática clínica com esta população. Dessa forma, o presente trabalho objetivou caracterizar a noção de tempo e a temporalidade em portadores da síndrome de Asperger. Sua constituição ocorreu em duas fases complementares e fundamentais. Na primeira, a partir de uma amostra de trinta indivíduos em cada grupo (grupo síndrome de Asperger e grupo de comparação) verificaram-se aspectos de noção de duração tempo através de instrumentos quantitativos e qualitativos. Na segunda fase a partir de uma amostra de quinze indivíduos em cada grupo (grupo síndrome de Asperger e grupo de comparação) investigaram-se, através de entrevista qualitativa, temas relacionados à temporalidade. Na descrição dos resultados pôde-se constatar uma temporalidade restrita evidenciada pela presença de prejuízos relacionados à continuidade no contato com o ambiente, à limitada perspectiva no sentido do devir e noção de tempo a partir de elementos espaciais, em detrimento dos aspectos subjetivos, restringindo o compartilhar do tempo comum e a formação de projetos de vida |
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A temporalidade e a síndrome de AspergerTemporality and Asperger syndromeAsperger syndrome/diagnosisAutistic disordersComunicação socialSíndrome de Asperger/diagnósticoSocial communicationTempoTimeTranstorno autísticoA temporalidade é considerada, na perspectiva teórica deste estudo, como uma condição essencial do indivíduo no mundo, possibilitando a constituição de sentido do percebido e do vivido e evidenciando, ainda, a circunstância da qual partem todas as possíveis concepções de tempo. Além disso, o homem também é considerado em sua intencionalidade, na qual está dirigido para algo, ou seja, só pode haver mundo percebido e definido para o sujeito que pode percebê-lo, estando voltado para ele. A síndrome de Asperger (SA), um transtorno invasivo de desenvolvimento pertencente ao espectro autístico, caracteriza-se por seus portadores apresentarem um modo de interação extremamente peculiar, no qual é considerada a presença de prejuízos relacionados à simbolização, à comunicação e à socialização. Em uma vertente teórica psicossocial, esses aspectos têm sido compreendidos a partir da possibilidade de haver uma inabilidade inata na criança autista que compromete a atitude conativo-afetiva (relacionada à intencionalidade) fundamental no processo de desenvolvimento. Questões a respeito da rigidez na experiência da duração de períodos de tempo, das dificuldades para aceitação e compreensão da possibilidade de mudanças de fatos previstos e da aparente restrição de perspectiva temporal, independentemente do nível intelectual, têm sido evidenciadas na prática clínica com esta população. Dessa forma, o presente trabalho objetivou caracterizar a noção de tempo e a temporalidade em portadores da síndrome de Asperger. Sua constituição ocorreu em duas fases complementares e fundamentais. Na primeira, a partir de uma amostra de trinta indivíduos em cada grupo (grupo síndrome de Asperger e grupo de comparação) verificaram-se aspectos de noção de duração tempo através de instrumentos quantitativos e qualitativos. Na segunda fase a partir de uma amostra de quinze indivíduos em cada grupo (grupo síndrome de Asperger e grupo de comparação) investigaram-se, através de entrevista qualitativa, temas relacionados à temporalidade. Na descrição dos resultados pôde-se constatar uma temporalidade restrita evidenciada pela presença de prejuízos relacionados à continuidade no contato com o ambiente, à limitada perspectiva no sentido do devir e noção de tempo a partir de elementos espaciais, em detrimento dos aspectos subjetivos, restringindo o compartilhar do tempo comum e a formação de projetos de vidaBased on a theoretic-phenomenological perspective, temporality is defined as an essential condition of a person in view of the world. This condition is determinant to build what is perceived and experienced as well as makes evident the circumstances from which all possible conceptions of time emerge. In addition, the subject is also considered accordingly to his intentionality by which he is directed towards something. In other words, a defined and perceived world can only exist for a subject who, being directed towards it, can conceive that world through his senses and consciousness. The Asperger syndrome (AS), a pervasive developmental disorder belonging to the autistic spectrum, is characterized in individuals showing a very peculiar pattern of interaction, particularly displaying deficits of symbolization, communication and socialization. Under a psychosocial point of view, these aspects have been understood as an innate lack of affective-conative attitude impairing the development of autistic children. In clinical practice dealing with these children, professionals have been asking questions on their inflexibility in time span experience, on the difficulties in accepting and understanding changes and on the apparent restriction of the perspective in temporality independently of their intellectual levels. Temporality in Asperger syndrome was herein investigated aiming at its characterization. The study was constituted by two complementary and fundamental phases. In the first phase (N = 30 for the AS group; N = 30 for the comparison group) aspects of time notion were evaluated through quantitative and qualitative instruments. In the second phase (N = 15 for the AS group; N = 15 for the comparison group) matters related to temporality were investigated through a qualitative interview. The results have shown a restricted temporality evidenced by impairments related to the continuity of contact with the environment, by a limited perspective in the sense of becoming, and by a notion of time based on spatial elements, all in detriment of subjective aspects, thus restricting time sharing with people and elaboration of projects of lifeBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPAssumpcao Junior, Francisco BaptistaZukauskas, Patrícia Ribeiro2004-03-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5160/tde-22092014-113322/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2016-07-28T16:11:55Zoai:teses.usp.br:tde-22092014-113322Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212016-07-28T16:11:55Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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A temporalidade é considerada, na perspectiva teórica deste estudo, como uma condição essencial do indivíduo no mundo, possibilitando a constituição de sentido do percebido e do vivido e evidenciando, ainda, a circunstância da qual partem todas as possíveis concepções de tempo. Além disso, o homem também é considerado em sua intencionalidade, na qual está dirigido para algo, ou seja, só pode haver mundo percebido e definido para o sujeito que pode percebê-lo, estando voltado para ele. A síndrome de Asperger (SA), um transtorno invasivo de desenvolvimento pertencente ao espectro autístico, caracteriza-se por seus portadores apresentarem um modo de interação extremamente peculiar, no qual é considerada a presença de prejuízos relacionados à simbolização, à comunicação e à socialização. Em uma vertente teórica psicossocial, esses aspectos têm sido compreendidos a partir da possibilidade de haver uma inabilidade inata na criança autista que compromete a atitude conativo-afetiva (relacionada à intencionalidade) fundamental no processo de desenvolvimento. Questões a respeito da rigidez na experiência da duração de períodos de tempo, das dificuldades para aceitação e compreensão da possibilidade de mudanças de fatos previstos e da aparente restrição de perspectiva temporal, independentemente do nível intelectual, têm sido evidenciadas na prática clínica com esta população. Dessa forma, o presente trabalho objetivou caracterizar a noção de tempo e a temporalidade em portadores da síndrome de Asperger. Sua constituição ocorreu em duas fases complementares e fundamentais. Na primeira, a partir de uma amostra de trinta indivíduos em cada grupo (grupo síndrome de Asperger e grupo de comparação) verificaram-se aspectos de noção de duração tempo através de instrumentos quantitativos e qualitativos. Na segunda fase a partir de uma amostra de quinze indivíduos em cada grupo (grupo síndrome de Asperger e grupo de comparação) investigaram-se, através de entrevista qualitativa, temas relacionados à temporalidade. Na descrição dos resultados pôde-se constatar uma temporalidade restrita evidenciada pela presença de prejuízos relacionados à continuidade no contato com o ambiente, à limitada perspectiva no sentido do devir e noção de tempo a partir de elementos espaciais, em detrimento dos aspectos subjetivos, restringindo o compartilhar do tempo comum e a formação de projetos de vida |
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