Análise do impacto da coprofagia sobre a digestibilidade, produtos de fermentação fecal e análise sensorial de fezes em cães adultos saudáveis

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fasolai, Ana Beatriz
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10135/tde-05052023-092306/
Resumo: A coprofagia é um hábito comum em caninos, embora extremamente aversivo para seres humanos. Este comportamento pode ter várias causas; em alguns cães estas podem ser fisiológicas ou por má absorção de nutrientes; em outros, decorrentes de distúrbios comportamentais desencadeados por diversas origens, como intenção de esconder as fezes ou manipulá-las por tédio em sua rotina. Na questão nutricional a carência por nutrientes pode levar à ingestão de fezes. As causas comportamentais são, na maioria, objeto de estudos mais aprofundados e, além da etiologia, as possíveis consequências são importantes para a compreensão dos efeitos desse comportamento. Porém, mesmo em face da alta frequência de cães que manifestam tal comportamento, escassas pesquisas sobre este assunto foram desenvolvidas, e pouco é conhecido sobre as circunstâncias, fatores predisponentes, e impactos. A escassez de informações impossibilita o entendimento das reais consequências, bem como da influência de tal comportamento em experimentos nutricionais com fins de pesquisa. O presente estudo objetivou avaliar a influência do comportamento coprofágico em parâmetros de digestibilidade, produtos de fermentação fecal das fezes de cães adultos saudáveis coprofágicos (COP), em comparação aos resultados encontrados em cães não coprofágicos (NCOP). Foram utilizados 12 animais, igualmente distribuídos em dois grupos, de acordo com a presença ou não do comportamento coprofágico. Os cães tiveram a higidez avaliada previamente por meio de exame físico, hemograma e exames bioquímicos. Após tal triagem, estes receberam dieta de adaptação por 28 dias, e então foram avaliados durante sete dias, os quais compreenderam cinco dias para coleta total destinada à avaliação da digestibilidade aparente dos nutrientes, e dois dias para os parâmetros de avaliação de pH fecal e produtos de fermentação, como concentração de ácido lático, de amônia, de ácidos graxos de cadeias curta e ramificada, nas fezes. Os resultados obtidos foram analisados pelo teste Shapiro Wilk para determinação da normalidade, e posteriormente avaliados entre grupos pelo teste T-Student (para dados pareados e não pareados). As variáveis não paramétricas foram analisadas pelo teste de Wilcoxon. Foram considerados significativos valores de p<0,05. Quanto à produção fecal, escore fecal e coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) dos nutrientes (matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, fibra bruta, matéria mineral, extrativos não-nitrogenados, e matéria orgânica) apenas nos extrativos não-nitrogenados foi observada diferença entre os CDAs dos grupos de animais coprofágicos e não coprofágicos. Também não foram observadas diferenças entre os grupos de cães quanto às concentrações dos produtos fermentativos avaliados. Após análise dos dados obtidos foi possível concluir que o hábito coprofágico de cães saudáveis não altera a digestibilidade aparente dos nutrientes ingeridos, com exceção dos extrativos não-nitrogenados (p = 0,0408). Este achado pode ter sido influenciado pelo fato de que o valor de extrativos não-nitrogenados é estimado a partir de cálculos, os quais incluem análise de baixa acurácia e precisão, o que pode resultar em falsa afirmativa. Ademais, o comportamento de coprofagia não altera a produção e escore fecal dos animais, pH fecal, concentrações de ácido lático, amônia, ácidos graxos de cadeia curtas e ramificada nas fezes, após a ingestão destas pelos animais.
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As causas comportamentais são, na maioria, objeto de estudos mais aprofundados e, além da etiologia, as possíveis consequências são importantes para a compreensão dos efeitos desse comportamento. Porém, mesmo em face da alta frequência de cães que manifestam tal comportamento, escassas pesquisas sobre este assunto foram desenvolvidas, e pouco é conhecido sobre as circunstâncias, fatores predisponentes, e impactos. A escassez de informações impossibilita o entendimento das reais consequências, bem como da influência de tal comportamento em experimentos nutricionais com fins de pesquisa. O presente estudo objetivou avaliar a influência do comportamento coprofágico em parâmetros de digestibilidade, produtos de fermentação fecal das fezes de cães adultos saudáveis coprofágicos (COP), em comparação aos resultados encontrados em cães não coprofágicos (NCOP). Foram utilizados 12 animais, igualmente distribuídos em dois grupos, de acordo com a presença ou não do comportamento coprofágico. Os cães tiveram a higidez avaliada previamente por meio de exame físico, hemograma e exames bioquímicos. Após tal triagem, estes receberam dieta de adaptação por 28 dias, e então foram avaliados durante sete dias, os quais compreenderam cinco dias para coleta total destinada à avaliação da digestibilidade aparente dos nutrientes, e dois dias para os parâmetros de avaliação de pH fecal e produtos de fermentação, como concentração de ácido lático, de amônia, de ácidos graxos de cadeias curta e ramificada, nas fezes. Os resultados obtidos foram analisados pelo teste Shapiro Wilk para determinação da normalidade, e posteriormente avaliados entre grupos pelo teste T-Student (para dados pareados e não pareados). As variáveis não paramétricas foram analisadas pelo teste de Wilcoxon. Foram considerados significativos valores de p<0,05. Quanto à produção fecal, escore fecal e coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) dos nutrientes (matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, fibra bruta, matéria mineral, extrativos não-nitrogenados, e matéria orgânica) apenas nos extrativos não-nitrogenados foi observada diferença entre os CDAs dos grupos de animais coprofágicos e não coprofágicos. Também não foram observadas diferenças entre os grupos de cães quanto às concentrações dos produtos fermentativos avaliados. Após análise dos dados obtidos foi possível concluir que o hábito coprofágico de cães saudáveis não altera a digestibilidade aparente dos nutrientes ingeridos, com exceção dos extrativos não-nitrogenados (p = 0,0408). Este achado pode ter sido influenciado pelo fato de que o valor de extrativos não-nitrogenados é estimado a partir de cálculos, os quais incluem análise de baixa acurácia e precisão, o que pode resultar em falsa afirmativa. Ademais, o comportamento de coprofagia não altera a produção e escore fecal dos animais, pH fecal, concentrações de ácido lático, amônia, ácidos graxos de cadeia curtas e ramificada nas fezes, após a ingestão destas pelos animais.Coprophagia is a common habit in canines, although extremely aversive for humans. This behavior can have several causes; in some dogs these may be physiological or due to malabsorption of nutrients; in others, resulting from behavioral disturbances triggered by various origins, such as the intention to hide the feces or manipulate them out of boredom in their routine. In terms of nutrition, the lack of nutrients can lead to the ingestion of feces. Behavioral causes are, for the most part, the object of further studies and, in addition to the etiology, the possible consequences are important for understanding the effects of this behavior. However, even in the face of the high frequency of dogs that manifest such behavior, little research on this subject has been carried out, and little is known about the circumstances, predisposing factors, and impacts. The scarcity of information makes it impossible to understand the real consequences, as well as the influence of such behavior in nutritional experiments for research purposes. The present study aimed to evaluate the influence of coprophagic behavior on digestibility parameters, fecal fermentation products of the feces of healthy coprophagic adult dogs (COP), in comparison to the results found in non-coprophagic dogs (NCOP). Twelve animals were used, equally divided into two groups, according to the presence or absence of coprophagic behavior. The dogs had their health previously evaluated through physical examination, blood count and biochemical tests. After such screening, they received an adaptation diet for 28 days, and then were evaluated for seven days, which comprised five days for the total collection intended for the evaluation of the apparent digestibility of the nutrients, and two days for the evaluation parameters of fecal pH and fermentation products, such as concentration of lactic acid, ammonia, short and branched chain fatty acids, in feces. The results obtained were analyzed using the Shapiro Wilk test to determine normality, and subsequently evaluated between groups using the T-Student test (for paired and unpaired data). Nonparametric variables were analyzed using the Wilcoxon test. Values of p<0.05 were considered significant. Regarding fecal production, fecal score and apparent digestibility coefficients (ADC) of nutrients (dry matter, crude protein, ether extract, crude fiber, mineral matter, non-nitrogen extractives, and organic matter) only in non-nitrogen extractives was observed difference between the ADCs of the groups of coprophagic and non-coprophagic animals. There were also no differences between the groups of dogs regarding the concentrations of the fermentative products evaluated. After analyzing the data obtained, it was possible to conclude that the coprophagic habit of healthy dogs does not change the apparent digestibility of ingested nutrients, with the exception of non-nitrogen extractives (p = 0.0408). This finding may have been influenced by the fact that the value of non-nitrogenated extracts is estimated from calculations, which include analysis of low accuracy and precision, which can result in false statements. Furthermore, the behavior of coprophagy does not change the production and fecal score of the animals, fecal pH, concentrations of lactic acid, ammonia, short and branched chain fatty acids in the feces, after ingestion of these by the animals.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPVendramini, Thiago Henrique AnnibaleFasolai, Ana Beatriz2022-12-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10135/tde-05052023-092306/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2023-11-14T17:36:02Zoai:teses.usp.br:tde-05052023-092306Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-11-14T17:36:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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