Contribuição à estratigrafia da região de Taió, Santa Catarina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rocha Campos, A. C. (Antonio Carlos)
Data de Publicação: 1964
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/44/44140/tde-10082016-110932/
Resumo: O presente trabalho contém os resultados de investigações estratigráficas e paleontológicas realizadas na região de Taió, Santa Catarina. Acompanha-se de um mapa geológico na escala de 1:27.000. O interesse geológico principal dessa região reside na ocorrência de fósseis marinhos descobertos por Annibal Alves Bastos, em 1929 e estudados sucessivamente por F. R. Cowper Reed (1930, 1935) e W. Kegel e M. T. da Costa (1951). A região é constituída, predominantemente, por sedimentos (Grupos Tubarão e Passa Dois) mas, também, por rochas ígneas (sills e diques de diabásio). O Grupo Tubarão é formado, na parte inferior, por sedimentos proglaciais \"várvicos\", de excepcional desenvolvimento na área, e, na parte superior, por rochas das Formações Bonito e Palermo. A Formação Bonito (230 m de espessura, aproximadamente), é constituída localmente, por arenitos finos a médios, geralmente feldspáticos, contendo pequenas espessuras de folhelhos, siltitos e carvão intercalados. O horizonte marinho é representado por alguns decímetros de arenito fino, situando-se, estratigraficamente, na parte média-superior local da Formação Bonito. Existe somente um nível de fósseis marinhos na região. A ingressão ocupou, provavelmente, parte da antiga bacia de deposição dos sedimentos glaciais e teve, aparentemente, caráter restrito. A Formação Palermo (cerca de 120 m de espessura), é constituída por siltitos compactos ou estratificados. O Grupo Passa Dois é representado na região por ocorrência restrita de calcários da Formação Irati. O tectonismo que afetou a área estudada parece não ter sido intenso; algumas falhas foram assinaladas com base nas fotografias e nas observações de campo. As primeiras descrições dos fósseis de Taió foram feitas por Cowper Reed (1930, 1935) que distinguiu as seguintes entidades: Aviculopecten (Deltopecten) catharinae, A. (Deltopecten) relegatus, A. (Deltopecten) unicus, A. (Deltopecten) miscellus, A.) (Deltopecten ?) crassicostatus, Pseudamusium ? sp., Stutchburia brasiliensis, Spathella tayoensis, Allorisma ? sp., Edmondia sp., Maeonia cf. cuneata, Solenopsis sp., Schizodus occidentalis, Schizodus ? sp., Bellerophon ? cf. micromphalus, Chonetes (ou Chonetella) ? e Discinesca tayoensis. Kegel e Costa (1951) referiram os pectidíneos a um novo gênero, Heteropecten, assinalando ainda duas novas espécies, H. plasticosta, H. bastosi e uma variedade, H. catharinae var. dyglipha. No presente trabalho, entretanto, concluímos que as diversas \"espécies\" de Heteropecten dos autores prévios, constituem, na realidade variantes morfológicas ligadas entre si por formas de transição. A maioria dos outros gêneros de lamelibrânquios assinalados por Reed, em face da presente revisão, foi atribuída a novas entidades genéricas. Desse modo, a lista faunística atual fica assim constituída: Lamellibranchia: Heteropecten catharinae (Reed), 1930; Tayoa erichseni Campos, 1964; Kegelia tayoensis (Reed), 1930; Schizodus occidentalis Reed, 1930; Cowperreedia brasiliensis (Reed), 1930; Bastosia Bastosia costata Campos, 1964; Gastropoda: Warthia sp.; Brachiopoda: Orbiculoidea tayoensis (Reed), 1935. Foi assinalada também a presença de equinodermas (ofiuróides e asteróides) associados aos fósseis de Taió. A assembléia fóssil parece constituir uma tanatocenose formada por conchas acumuladas por correntes ou ondas, em águas rasas, submetidas em alguns locais à exposição subaérea. O caráter endêmico da fauna não permite correlação segura com outras bacias nacionais, ou extra-nacionais. A vinculação anteriormente sugerida com achados de Nova Gales do Sul, Austrália, não se positivou através das investigações aqui contidas. A existência de fauna permo-carbonífera de caráter mais cosmopolita no Uruguai e Argentina, poderia sugerir uma origem meridional para as ocorrências da Bacia do Paraná.
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