Entre o trauma e o tabu: o não-lugar da memória da luta armada na transição pactuada brasileira - análise dos testemunhos de presos políticos da ditadura militar
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8161/tde-03062021-141125/ |
Resumo: | O presente trabalho tem como objeto de estudo testemunhos de presos políticos da ditadura militar (1964-1985), colhidos por meio de entrevistas em audiovisual, entre 2002 e 2010, no escopo do projeto \"Intolerância e Resistência: Testemunhos da repressão política no Brasil\". Os testemunhos apresentam elaborações de vítimas da repressão e relatam suas trajetórias de vida. No momento da gravação das entrevistas, uma série de revisionismos e disputas políticas tensionavam as memórias sociais acerca do passado da ditadura militar. Buscamos analisar os testemunhos de 8 ex-militantes de organizações de luta armada tendo como referência metodológica a História Oral. Buscamos compreender de que forma as memórias desses sujeitos se relacionam com três memórias sociais sobre o período, marcadas pela conciliação política. Esta reflexão ocorre a partir de três objetivos centrais: ao elaborarem suas memórias, esses sujeitos encaram sua experiência como \"idealismo juvenil\"? Definem sua luta política como \"resistência democrática\"? Enxergam-se como \"vitoriosos politicamente\", apesar da derrota nas armas? Essas perguntas visam respondem à seguinte hipótese: o processo de redemocratização cobriu a Nova República com um manto de silêncio acerca do passado - materializado na Lei de Anistia - constituindo para os ex-presos políticos uma espécie \"não-lugar\", dificultando a elaboração de suas memórias, fazendo com que, muitas vezes, assimilem as memórias sociais hegemônicas, quando elaboram suas memórias individuais. A memória dos presos políticos da luta armada pode nos iluminar algumas contradições do processo de redemocratização e da própria Nova República, evidenciando o silêncio sobre o passado como chave para a manutenção de violências. |
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Entre o trauma e o tabu: o não-lugar da memória da luta armada na transição pactuada brasileira - análise dos testemunhos de presos políticos da ditadura militarBetween trauma and taboo: the non-place of armed struggles memory in the Brazilian agreed transition - analysis of the testimonies of political prisoners of the military dictatorshipArmed struggleDitadura MilitarHistória OralLuta ArmadaMemóriaMemoryMilitary dictatorshipOral HistoryPolitical prisonersPresos PolíticosO presente trabalho tem como objeto de estudo testemunhos de presos políticos da ditadura militar (1964-1985), colhidos por meio de entrevistas em audiovisual, entre 2002 e 2010, no escopo do projeto \"Intolerância e Resistência: Testemunhos da repressão política no Brasil\". Os testemunhos apresentam elaborações de vítimas da repressão e relatam suas trajetórias de vida. No momento da gravação das entrevistas, uma série de revisionismos e disputas políticas tensionavam as memórias sociais acerca do passado da ditadura militar. Buscamos analisar os testemunhos de 8 ex-militantes de organizações de luta armada tendo como referência metodológica a História Oral. Buscamos compreender de que forma as memórias desses sujeitos se relacionam com três memórias sociais sobre o período, marcadas pela conciliação política. Esta reflexão ocorre a partir de três objetivos centrais: ao elaborarem suas memórias, esses sujeitos encaram sua experiência como \"idealismo juvenil\"? Definem sua luta política como \"resistência democrática\"? Enxergam-se como \"vitoriosos politicamente\", apesar da derrota nas armas? Essas perguntas visam respondem à seguinte hipótese: o processo de redemocratização cobriu a Nova República com um manto de silêncio acerca do passado - materializado na Lei de Anistia - constituindo para os ex-presos políticos uma espécie \"não-lugar\", dificultando a elaboração de suas memórias, fazendo com que, muitas vezes, assimilem as memórias sociais hegemônicas, quando elaboram suas memórias individuais. A memória dos presos políticos da luta armada pode nos iluminar algumas contradições do processo de redemocratização e da própria Nova República, evidenciando o silêncio sobre o passado como chave para a manutenção de violências.This study examines the testimonies of political prisoners of the Brazilian military dictatorship (1964-1985), collected by audiovisual interviews, between 2002 and 2010, for the Project \'Intolerance and Resistance: Testimonies of political repression in Brazil\". The testimonies present elaborations of victims of repression and narrate their life trajectories. During the collection of the interviews, a series of revisionisms and political disputes were tensioning the social memories regarding the military dictatorship\'s past. We analyzed the testimonies of eight former members of armed fighting organizations, with Oral History as the methodological reference. We seek understanding of how these subjects memories can be related to three social memories of the period, marked by political conciliation. This reflection has three central goals: when elaborating these memories, do the subjects face their experiences as \"juvenile idealism\"? Do they characterize their political struggle as \"democratic resistance\"? Do they see themselves as \"politically victorious\", in spite of the lost armed combat? These questions aim to respond to the following hypothesis: the process of re-democratization covered the New Republic in silencing regarding the past - materialized in the Amnesty Law - creating for the former political prisoners a \"non-place\", leading the elaboration of their own individual memories towards assimilating the hegemonic social memories. The memory of the political prisoners from armed fighting may shed light on some contradictions in the process of re-democratization and the New Republic itself, evidencing the silence about the past as the key to the maintenance of violence.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPIokoi, Zilda Marcia GricoliSouza, Rodrigo Basilio Pereira de2020-11-13info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8161/tde-03062021-141125/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-06-04T00:08:03Zoai:teses.usp.br:tde-03062021-141125Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-06-04T00:08:03Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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