O riso trágico - ou sobre como pensar com um chapéu de bobo
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://doi.org/10.11606/D.48.2017.tde-31102017-110016 |
Resumo: | O que motiva este texto é investigar quais as possibilidades, as características e os efeitos de um modo de pensar que tenha o humor como ponto de partida. O riso costuma não estar onde a crença na Verdade absoluta aparece, o que o dissocia, tradicionalmente, de categorizações do real cujo horizonte é tal Verdade. Não obstante, até que se creia tê-la alcançado, não raro, o humor surge como ferramenta - ora ridicularizando aquilo que foge à ordem vigente; ora satirizando a própria ordem, mas em nome de uma que teria, ela sim, fundamentos transcendentes; diante do que se pretende absoluto, porém, o riso cala e a atmosfera daí decorrente é séria. Fundamentados na Filosofia Trágica, conforme a propõe o filósofo Friedrich Nietzsche, contudo, procuramos descrever um outro cenário. Para o alemão, o real é convenção, imagem, e qualquer discurso que pretenda dar conta dessa realidade acaba sempre por ser muito mais indicativo de quem o produz do que, de fato, daquilo que existe. Compreender a existência como convenção, então, nos levaria a uma forma de pensar animada não mais por uma vontade de descoberta, de desnudamento de uma pretensa Verdade, mas por algo próximo ao que chamaremos de uma \"vontade de jogo\", isto é, uma disposição mais inclinada a reconhecer que aquilo a que nos dedicamos de corpo e alma não tem um fundo transcendente, mas é uma invenção e, como tal, em alguma medida, pode ser alterada, trocada. Interpretar dessa maneira aquilo que é pensado sugere que, independentemente do conteúdo do que se pensa, tem-se um fazer diferente, embasado não mais em afetos que temem descolar-se de uma Verdade única ou desobedecer a ela, mas sim em uma disposição humorística alinhada àquilo que o escritor Luigi Pirandello chama de \"sentimento do contrário\", isto é, uma paixão compadecida por ver no mundo apenas criação, qualquer que seja ela. O humor como ponto de largada para o pensar, por fim, parece-nos capaz de desmobilizar aquilo que se pensa de uma arrogância totalitária que se pretende senhora da Verdade. |
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info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis O riso trágico - ou sobre como pensar com um chapéu de bobo The tragic laugh - or how to think with a silly hat 2016-07-13Rogério de AlmeidaLouis José Pacheco de OliveiraChristian Hugo PelegriniLuiz Antônio Callegari CoppiUniversidade de São PauloEducaçãoUSPBR Convenção Convention Filosofia trágica Humor Humor Laughter Tragic philosophy Truth Verdade O que motiva este texto é investigar quais as possibilidades, as características e os efeitos de um modo de pensar que tenha o humor como ponto de partida. O riso costuma não estar onde a crença na Verdade absoluta aparece, o que o dissocia, tradicionalmente, de categorizações do real cujo horizonte é tal Verdade. Não obstante, até que se creia tê-la alcançado, não raro, o humor surge como ferramenta - ora ridicularizando aquilo que foge à ordem vigente; ora satirizando a própria ordem, mas em nome de uma que teria, ela sim, fundamentos transcendentes; diante do que se pretende absoluto, porém, o riso cala e a atmosfera daí decorrente é séria. Fundamentados na Filosofia Trágica, conforme a propõe o filósofo Friedrich Nietzsche, contudo, procuramos descrever um outro cenário. Para o alemão, o real é convenção, imagem, e qualquer discurso que pretenda dar conta dessa realidade acaba sempre por ser muito mais indicativo de quem o produz do que, de fato, daquilo que existe. Compreender a existência como convenção, então, nos levaria a uma forma de pensar animada não mais por uma vontade de descoberta, de desnudamento de uma pretensa Verdade, mas por algo próximo ao que chamaremos de uma \"vontade de jogo\", isto é, uma disposição mais inclinada a reconhecer que aquilo a que nos dedicamos de corpo e alma não tem um fundo transcendente, mas é uma invenção e, como tal, em alguma medida, pode ser alterada, trocada. Interpretar dessa maneira aquilo que é pensado sugere que, independentemente do conteúdo do que se pensa, tem-se um fazer diferente, embasado não mais em afetos que temem descolar-se de uma Verdade única ou desobedecer a ela, mas sim em uma disposição humorística alinhada àquilo que o escritor Luigi Pirandello chama de \"sentimento do contrário\", isto é, uma paixão compadecida por ver no mundo apenas criação, qualquer que seja ela. O humor como ponto de largada para o pensar, por fim, parece-nos capaz de desmobilizar aquilo que se pensa de uma arrogância totalitária que se pretende senhora da Verdade. The impetus for this work is to contemplate the possibilities, characteristics and effects of a way of thinking that has humor as its starting point. Laughter usually is not where the belief in absolute truth appears, which is dissociated, traditionally, from categorizations of reality whose horizon is that truth. Nevertheless, until one believes to have reached it, frequently, humor arises as an instrument sometimes mocking what escapes from order; sometimes satirizing its own order, but in the name of one that would have transcendent foundations; in the face of what is intended absolute, however, laughter silences, and the atmosphere resulted from it is serious. Founded on Tragic Philosophy, as Friedrich Nietzsche proposes, nonetheless, we try to describe another scenario. For this philosopher, what is real is a convention, an image, and whichever speech that intends to handle this reality ends up always being more indicative of the one that produces it than, in fact, from what exists. Comprehending existence as a convention, then, leads us to a way of thinking motivated not anymore by a will of discovery, or by a desire of unveiling an alleged truth, but rather by something close to what we will call a will of game, which is a willingness more tilted to recognize that to what we dedicate our hearts and minds does not have a transcendent foundation, but is actually an invention and, as such, in some level, can be altered or replaced. This interpretation suggests that, independent from the substance of what one thinks, we have a different making, built not anymore in affections that fear to detach themselves from a unique truth or that fear to disobey it, yet in a humorous tendency aligned to what the writer Luigi Pirandello calls sentiment of the opposite, which is a passion sympathized on account of seeing only creation in the world, whatever that may be. Humor as a starting point for thinking, then, seems to be capable of demobilizing what is thought as a totalitarian arrogance which intends itself as the owner of truth. https://doi.org/10.11606/D.48.2017.tde-31102017-110016info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T20:29:49Zoai:teses.usp.br:tde-31102017-110016Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T13:35:01.485587Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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