Envolvimento dos receptores CB1 nos efeitos comportamentais e pró-neurogênicos da venlafaxina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Araujo, Melissa Ribeiro de
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17133/tde-01062020-072523/
Resumo: Nos últimos anos, houve grande avanço na farmacoterapia de transtornos de humor, como no caso da Depressão Maior. Desde a década de 50, a incorporação de novos antidepressivos, como é o caso da Venlafaxina (VFX), promoveu melhores perfis de eficácia clínica e menores incidências de efeitos adversos,. Mesmo com os avanços, clinicamente, entretanto, ainda são observadas muitas limitações inerentes a essa classe de fármacos, caracterizadas principalmente pela alta taxa de refratariedade e baixa adesão ao tratamento por parte dos pacientes. Portanto, surge a necessidade de entender mecanismos de ação paralelos aos mecanismos monoaminérgicos conhecidos, como o envolvimento vias de neurotransmissão nãomonoaminérgicas, bem como vias intracelulares ativadas por esta classe de fármacos. No presente estudo, trabalhamos a hipótese de que os efeitos comportamentais e pró-neurogênicos evocados pelo tratamento crônico com VFX em camundongos estressados são dependentes da ativação dos receptores CB1. Para isto, submetemos camundongos CB57BL/6 a um protocolo de estresse crônico imprevisível durante 21 dias, entre os quais os animais foram aleatoriamente expostos a uma série de estressores. Para definir a dose de VFX utilizada, inicialmente construímos uma curva dose-resposta com as doses de 10, 20 e 40mg/kg e os animais foram testados quanto ao comportamento do tipo ansioso no teste de Novelty Supressed Feeding (NSF) e do tipo depressivo, no Splash-test (ST). Em seguida aos testes, os animais foram anestesiados, decapitados e tiveram o encéfalo removido para dissecção do hipocampo e análises de expressão proteica dos receptores CB1, TRPV1, da enzima MAGL e da neurotrofina BDNF. O tratamento crônico com VFX foi capaz de reduzir o comportamento tipo ansioso e depressivo nos camundongos em todas as doses. Já as doses de 10 e de 20mg/Kg foram capazes de modular a expressão proteica do receptor CB1 , da enzima MAGL e da neurotrofina BDNF no hippcampo, indicando uma possível facilitação da sinalização canabinoide. Definimos, então, que a dose de 20mg/Kg de VFX seria utilizada na próxima etapa. Neste protocolo, os animais foram submetidos ao protocolo de CUS por 21 dias e paralelamente tratados intraperitonealmente com VFX 20 mg/Kg e/ou com AM251 0,3mg/Kg e/ou Salina. Os resultados indicaram que o AM251 não bloqueou os efeitos comportamentais da VFX. Com relação à neuroplasticidade, observamos que o estresse foi capaz de reduzir o número de células BrdU+ no GD dos animais estressados, em relação aos animais controle. O tratamento crônico com AM251 foi capaz de reverter este prejuízo na proliferação, de maneira semelhante ao efeito da VFX. Curiosamente, quando precedido de tratamento com AM251, os efeitos proliferativos promovidos pela VFX e AM251 são atenuados. A imunomarcação de células DCX positivas não foi diferente entre os grupos com relação ao número total ou à porcentagem de células em estágio de migração. Em conjunto, nossos resultados parecem ir parcialmente contra nossa hipótese inicial. Concluímos que a ativação de CB1 não parece ser necessária paria para os efeitos tipo ansiolítico e tipo antidepressivo do tratamento crônico com VFX, mas é recrutado nos efeitos pró-proliferativos desse antidepressivo.
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Portanto, surge a necessidade de entender mecanismos de ação paralelos aos mecanismos monoaminérgicos conhecidos, como o envolvimento vias de neurotransmissão nãomonoaminérgicas, bem como vias intracelulares ativadas por esta classe de fármacos. No presente estudo, trabalhamos a hipótese de que os efeitos comportamentais e pró-neurogênicos evocados pelo tratamento crônico com VFX em camundongos estressados são dependentes da ativação dos receptores CB1. Para isto, submetemos camundongos CB57BL/6 a um protocolo de estresse crônico imprevisível durante 21 dias, entre os quais os animais foram aleatoriamente expostos a uma série de estressores. Para definir a dose de VFX utilizada, inicialmente construímos uma curva dose-resposta com as doses de 10, 20 e 40mg/kg e os animais foram testados quanto ao comportamento do tipo ansioso no teste de Novelty Supressed Feeding (NSF) e do tipo depressivo, no Splash-test (ST). Em seguida aos testes, os animais foram anestesiados, decapitados e tiveram o encéfalo removido para dissecção do hipocampo e análises de expressão proteica dos receptores CB1, TRPV1, da enzima MAGL e da neurotrofina BDNF. O tratamento crônico com VFX foi capaz de reduzir o comportamento tipo ansioso e depressivo nos camundongos em todas as doses. Já as doses de 10 e de 20mg/Kg foram capazes de modular a expressão proteica do receptor CB1 , da enzima MAGL e da neurotrofina BDNF no hippcampo, indicando uma possível facilitação da sinalização canabinoide. Definimos, então, que a dose de 20mg/Kg de VFX seria utilizada na próxima etapa. Neste protocolo, os animais foram submetidos ao protocolo de CUS por 21 dias e paralelamente tratados intraperitonealmente com VFX 20 mg/Kg e/ou com AM251 0,3mg/Kg e/ou Salina. Os resultados indicaram que o AM251 não bloqueou os efeitos comportamentais da VFX. Com relação à neuroplasticidade, observamos que o estresse foi capaz de reduzir o número de células BrdU+ no GD dos animais estressados, em relação aos animais controle. O tratamento crônico com AM251 foi capaz de reverter este prejuízo na proliferação, de maneira semelhante ao efeito da VFX. Curiosamente, quando precedido de tratamento com AM251, os efeitos proliferativos promovidos pela VFX e AM251 são atenuados. A imunomarcação de células DCX positivas não foi diferente entre os grupos com relação ao número total ou à porcentagem de células em estágio de migração. Em conjunto, nossos resultados parecem ir parcialmente contra nossa hipótese inicial. Concluímos que a ativação de CB1 não parece ser necessária paria para os efeitos tipo ansiolítico e tipo antidepressivo do tratamento crônico com VFX, mas é recrutado nos efeitos pró-proliferativos desse antidepressivo.In the last decades, great progress has been achieved in the treatment of Psychiatric Disorders, like Major Depressive Disorder. The incorporation of new antidepressants, such as Venlafaxine, is associated with better clinic efficacy profiles and lower incidences of adverse effects. However, even with the progress, several limitations inherent to this class of drugs, characterized mainly by the high rates of treatment resistance and low treatment adherence, are still observed in the clinical practice. Since the monoaminergic based mechanism of action of the ADs does not seem to be enough to explain all the behavioral and neuroplastic effects evoked by chronic treatment observed after Ads treatment, there is a need to understand mechanisms in parallel, such as the involvement of non-monoaminergic neurotransmission pathways as well as intracellular pathways activated by this class of drugs. In the present study, we hypothesized that the behavioral and the pro-neurogenic effects evoked by chronic treatment with VFX in stressed mice are dependent on CB1 receptor activation. In order to test this, we subject CB57BL6 mice to the Chronic Unpredictable Stress (CUS) during 21 days. Aiming to establish a dose of VFX, initially, we performed a dose-response curve with doses range of 10, 20 or 40mg/kg, injected daily via intraperitonaelly. The animals were tested to measure anxiety-like behavior in the Novelty Supressed Feeding (NSF) test and in the Splash-test (ST), to screen depressive-like behaviors. Following the tests, the animals were anesthetized, decapitate their brains removed and, hippocampus dissected for protein expression analysis via western blotting. The treatment with VFX was able to reduce anxiety- and depressive-like behavior in mice in all the doses tested. Also, the doses of 10 and 20mg/kg of VFX were able to enhance the protein expression of the CB1 receptor, the MAGL enzyme and the neurotrophin BDNF in the hippocampus, suggesting a possible facilitation of cannabinoid signaling. We then defined the dose of 20mg/kg of VFX to be tested in the next step. In the next protocol, mice were submitted to a 21-day CUS and treated intraperitoneally daily with VFX 20 mg/kg and/or with AM251 and/or Saline. The results indicated that the AM251 did not block the behavioral effects of VFX. Regarding neuroplasticity, we observed that stress was able to reduce the number of BrdU+ cells in the GD of stressed animals compared to control animals. Chronic treatment with VFX or AM251 was able to reverse this impairment in the proliferation. Interestingly, when in combination with AM251, the proproliferative effect of VFX are attenuated. No effects in the total number of DCX+ cells or percentage of DCX+ migrating cells was found in the tested groups. Taken together, our results seem to partial refute our initial hypothesis. In conclusion, the CB1 receptor antagonism does not seem to be necessary for anxiolytic-like effect evoked by VFX in stressed mice, but are involved in the pro-proliferative effects of VFX.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPCampos, Alline Cristina deAraujo, Melissa Ribeiro de2019-12-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17133/tde-01062020-072523/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2020-07-10T00:02:01Zoai:teses.usp.br:tde-01062020-072523Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212020-07-10T00:02:01Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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