Educação e desnaturação no Emílio de Rousseau

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Homero Santos Souza Filho
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Texto Completo: https://doi.org/10.11606/D.8.2015.tde-14122015-114627
Resumo: Este estudo tem o objetivo de analisar a relação entre educação e o processo de desnaturação do homem na obra Emílio ou Da Educação de Jean-Jacques Rousseau. Pretende-se, com isso, examinar as distintas formas de desnaturação concebidas por Rousseau em suas obras. Para tanto, investigar-se-á primeiramente as ideias de educação e de natureza no século XVIII, a fim de se esclarecer as relações que se estabeleciam entre ambas as ideias. Em seguida, buscar-se-á compreender a concepção de Rousseau sobre a educação pública. Segundo o autor, as boas instituições sociais são as que melhor sabem desnaturar o indivíduo, fazendo do homem um cidadão. Neste caso, o papel da educação pública consiste em promover uma boa desnaturação do homem, ou uma desnaturação num sentido positivo. Entretanto, o que se verifica na obra de Rousseau Discurso sobre a desigualdade entre os homens é um processo de desnaturação de toda espécie humana, mas no sentido negativo do termo. O que ocorreu na história da espécie foi o que se pode chamar de uma má desnaturação do homem, pela qual foram anulados seus atributos naturais, como a liberdade, o amor de si e a consciência, associados, por sua vez, aos progressos da sociedade. Dessa forma, o homem, ao tornar-se sociável, passa a sofrer uma contradição interna entre suas inclinações naturais, que subsistem, e seus deveres de homem sociável. A má desnaturação se caracteriza então por ser imperfeita, ou incompleta, visto que engendra esta contradição no homem entre natureza e sociedade. Impõe-se assim, como questão da educação no Emílio, resolver essa contradição no homem, e formá-lo de modo que ele seja para si e para os outros. Procurar-se-á assim examinar a formação do personagem Emílio, a fim de elucidar como se estabelece, neste caso, o processo de desnaturação, visto que este processo significa alguma forma de socialização, seja a da má ou a da boa desnaturação. Emílio deverá ser formado primeiramente para si, portanto, de acordo com a natureza, mas a partir de uma determinada idade ele será formado para os outros, ou seja, para se tornar homem sociável, e de certo modo um cidadão. Sua educação será composta então pelos elementos que constituem as diferentes formas de desnaturação, tal como se apresentam no pensamento de Rousseau. Pretende-se assim analisar o processo de desnaturação efetuado pela educação de Emílio, que o mantém contudo de acordo com a natureza, tornando-o homem, mas também cidadão.
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Segundo o autor, as boas instituições sociais são as que melhor sabem desnaturar o indivíduo, fazendo do homem um cidadão. Neste caso, o papel da educação pública consiste em promover uma boa desnaturação do homem, ou uma desnaturação num sentido positivo. Entretanto, o que se verifica na obra de Rousseau Discurso sobre a desigualdade entre os homens é um processo de desnaturação de toda espécie humana, mas no sentido negativo do termo. O que ocorreu na história da espécie foi o que se pode chamar de uma má desnaturação do homem, pela qual foram anulados seus atributos naturais, como a liberdade, o amor de si e a consciência, associados, por sua vez, aos progressos da sociedade. Dessa forma, o homem, ao tornar-se sociável, passa a sofrer uma contradição interna entre suas inclinações naturais, que subsistem, e seus deveres de homem sociável. A má desnaturação se caracteriza então por ser imperfeita, ou incompleta, visto que engendra esta contradição no homem entre natureza e sociedade. Impõe-se assim, como questão da educação no Emílio, resolver essa contradição no homem, e formá-lo de modo que ele seja para si e para os outros. Procurar-se-á assim examinar a formação do personagem Emílio, a fim de elucidar como se estabelece, neste caso, o processo de desnaturação, visto que este processo significa alguma forma de socialização, seja a da má ou a da boa desnaturação. Emílio deverá ser formado primeiramente para si, portanto, de acordo com a natureza, mas a partir de uma determinada idade ele será formado para os outros, ou seja, para se tornar homem sociável, e de certo modo um cidadão. Sua educação será composta então pelos elementos que constituem as diferentes formas de desnaturação, tal como se apresentam no pensamento de Rousseau. Pretende-se assim analisar o processo de desnaturação efetuado pela educação de Emílio, que o mantém contudo de acordo com a natureza, tornando-o homem, mas também cidadão. This study aims to analyze the bonds between education and denaturation process of man in Jean-Jacques Rousseaus Emile, or on Education. By doing so, this research intends to assay the different forms of denaturation conceived by Rousseau in his writings. Thereby, we will begin by investigating the ideas of education and nature in the eighteenth century, in order to clarify the links established between these two ideas. Thereafter, we will seek to understand Rousseaus conception of public education. According to Rousseaus thought, good social institutions are the ones that can best denaturalize the individuals, by making them citizens. In this manner, the role of public education is to promote a good denaturation of man, or a denaturation in a positive sense. However, Rousseaus Discourse on Inequality shows a process of denaturation of the whole human race, but in the negative sense of the term. Throughout the history of the species occurred what we may call a bad denaturation of man, by which his natural characteristics such as freedom, the love of self and consciousness, were nullified, associated, in their turn, with the progress of society. Thus, man, by becoming sociable, starts suffering an inner contradiction between his natural inclinations, which still endure, and his duties as a socialized man. The bad denaturation is characterized by being imperfect, or incomplete, for it engenders this contradiction in man between nature and society. The issue of education in Emile is, then, to deal with this contradiction in man, and to educate him so that he becomes a man for himself and for the others. We will thus consider the education of the character named Emile, in order to elucidate how the denaturing process is established in this case, since this process means some form of socialization, be it the bad or good denaturing. Firstly, Emilio has to be educated for himself, therefore, in accordance with nature; meanwhile, from a given age on he will be formed for the others, that is, to become a sociable man and in a certain way a citizen. His education will then be composed by the elements that constitute different forms of denaturation, as they are presented in Rousseau\'s thought. Therefore, we intend to research the denaturing process carried out in Emilios education, a fulfilment that keeps him, however, in agreement with nature, making him a man, but also citizen. https://doi.org/10.11606/D.8.2015.tde-14122015-114627info:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USP2023-12-21T18:59:03Zoai:teses.usp.br:tde-14122015-114627Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212023-12-22T12:40:39.966769Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false
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