Influência da cobertura morta e de diferentes tensões de umidade do solo no comportamento da cultura da cebola ( Allium cepa L.), pelo processo do bulbinho

• Autor(a) principal: Conceicao, Fernando Antonio Duarte
• Data de Publicação: 1972
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Texto Completo: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20240301-143727/
• topic: BULBINHO; CEBOLA; COBERTURA MORTA; UMIDADE DO SOLO

O presente estudo teve por objetivo determinar o comportamento da variedade de cebola Baia Periforme Precoce Piracicaba, cultivada pelo processo do bulbinho, frente à utilização de práticas de baixo custo que poderiam promover a redução de irrigação e, consequentemente, contribuir para diminuir os custos de produção. As práticas utilizadas na pesquisa foram aquelas que induziriam a diminuição da evapotranspiração por afetar: a disponibilidade da água para evaporação no solo e nas plantas; a quantidade de energia radiante na superfície do solo e a difusão do vapor d’água da superfície evaporante para a atmosfera. Utilizaram-se então 4 regimes de umidade do solo, sendo que em cada regime o solo se apresentava nu e coberto por uma camada de 10 a 12 cm de palha de arroz. A manutenção dos regimes de umidade do solo era feita mediante irrigação quando o teor mínimo médio, determinado pelo método gravimétrico padrão, correspondia a 82% (- 0,35 bar), 70% (-0,50 bar) e 60% ( - 0,70 bar) da água disponível para os tratamentos N4, N3 e N2, respectivamente. Um dos tratamentos (N1) foi conduzido sem irrigação. Estudou-se ainda a influência de três tamanhos de bulbinhos (diâmetros médios transversais de 22, 27 e 35 mm) e as respectivas interações com os tratamentos de umidade e cobertura do solo no comportamento da cultura. O trabalho assim conceituado foi instalado em março de 1970 e conduzido através do outono no município de Piracicaba, Estado de São Paulo, em solo classificado ao nível de Grande Grupo como Terra Roxa Estruturada e ao nível de série como “Luiz de Queiroz”. As principais características relacionadas com a água do solo eram: capacidade de campo, 26,1, ponto de murchamento permanente 17,9% de água relacionada com o peso do solo seco; peso específico aparente 1,23 g/cm3. O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos ao acaso com parcelas subsubdivididas em que os tamanhos dos bulbinhos eram dispostos nas parcelas, os níveis de umidade nas subparcelas e as coberturas nas subsubparcelas. Os resultados obtidos nas condições do presente trabalho permitiram as seguintes conclusões: 1 – A evapotranspiração foi diminuída pelo aumento da tensão da água no solo e pela utilização da cobertura morta. Em baixos teores de umidade, a cobertura morta teve pouco efeito na redução da evapotranspiração. 2 – As temperaturas do solo, nos tratamentos descobertos, foram reduzidas pelo aumento do nível de umidade do solo. Nos tratamentos cobertos, as temperaturas mostraram-se indiferentes aos tratamentos de umidade. 3 – A cobertura morta mostrou-se altamente eficiente como moderadora da temperatura do solo. 4 – A evapotranspiração na cultura foi mais intensa durante a bulbificação. 5 – A utilização de tamanhos crescentes proporciou: a – maior produção comerciável; b – maior número de plantas perfilhadas; c – maior incidência de florescimento prematuro. 6 – O comportamento da cultura, sob as diferentes tensões de umidade do solo, apresentou os seguintes aspectos: a – Não houve diferença de produção entre os 3 regimes de irrigação, cujas tensões mínimas médias da água no solo foram de 0,70, 0,50 e 0,35 bar. b – A produção média obtida nos tratamentos irrigados, descritos em (a), foi 145% superior à encontrada no não irrigado, cuja tensão de umidade atingia valores mais elevados. c – O florescimento prematuro foi mais incidente nos tratamentos com altos teores de umidade. d – O ciclo da planta, o número de “cebolões”, “charutos”, plantas com bulbos não comerciáveis, e a forma do bulbo não foram afetados quando comparados nos 3 regimes de irrigação. Contudo, quando estas características foram comparadas com o tratamento não irrigado, observou-se que : a maturação foi prejudicada, houve maior incidência de “cebolões”, “charutos” e plantas com bulbos não comerciáveis, menor ocorrência de plantas com bulbos comerciáveis e o formato do bulbo tornou-se mais alongado. 7 – A maior eficiência de utilização de água ocorreu no tratamento em que se permitia que o teor de água disponível atingisse 60% correspondente a um potencial matricial de – 0,70 bar. 8 – A utilização da cobertura morta proporcionou: a – aumento de produção global da ordem de 16%; b – aumento de produção da ordem de 62% no tratamento não irrigado. Contudo, esta produção foi somente 50% da obtida nos tratamentos irrigados. c - maior incidência de florescimento prematuro; d – maior “stand” final; e – formato mais alongado do bulbo; f – melhor eficiência na utilização de água. 9 – O número de “cebolões”, “ charutos”, plantas com bulbos não comerciáveis, o perfilhamento e a precocidade não foram afetados pela utilização da cobertura morta. 10 – Apesar dos efeitos favoráveis da cobertura morta, sua utilização não dispensou a irrigação. 11 – A máxima eficiência de utilização de água ocorreu no nível 2 de umidade do solo (tensão mínima média de -0.70 bar sob cobertura morta. 12 – O regime em que se permitia que a tensão da água no solo atingisse 0,70 bar, em solos cobertos, comparado com o de 0,35 bar, em solos descobertos, contribuiu para: a – reduzir a evapotranspiração em cerca de 27%; b – reduzir a quantidade de água aplicada em cerca de 43%; c – reduzir o número de irrigações de 17 para 5.