A noção de texto na semiótica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-29112021-185047/ |
Resumo: | O presente trabalho tem por objetivo primário compreender as acepções que sustentam a noção de texto na semiótica discursiva e os elementos necessários para a geração do objeto semiótico. Para tanto, revisitamos as principais obras de Algirdas Julien Greimas (1974; 1976 [1966]; 1981 [1976]; 2008 [1979]) e consultamos, também, os escritos do linguista Louis Trolle Hjelmslev (2010 [1975]; 2013 [1943]), a fim de compreender como a noção de texto foi concebida no início do projeto da ciência da significação. Em seguida, analisamos os trabalhos de pesquisadores, filiados à Escola de Paris, que desenvolveram \"vertentes\" e dão continuidade à teoria de Greimas, são eles: Éric Landowski (2004; 2014a; 2014b; 2017), Jacques Fontanille (2004; 2008a; 2008b; 2017) e Claude Zilberberg (2001 [1998] - em parceria com Fontanille; 2011b [2006]; 2012). Uma revisão crítica da noção de texto nessas obras revelou que, em Landowski e Fontanille, há uma discrepância, no que diz respeito à noção de texto, entre os desenvolvimentos teóricos que Greimas havia realizado e a maneira como os autores fazem uso do termo. A partir da constatação da existência de duas acepções de textos em Greimas, por influência de Hjelmslev, as quais denominamos \"texto-absoluto\" e \"texto-objeto\", organizamos um percurso gerativo textual que tem como função dar conta da geração do objeto semiótico a partir de uma grandeza homogênea e não discretizada, localizada anteriormente à análise. Para conceber o funcionamento desse percurso, contemplamos os micropercursos necessários (a enunciação, o discurso, a semiose e a manifestação), concebendo, dessa maneira, duas instâncias intermediárias, a textual e a textualização. Com as discussões da semiótica tensiva, pudemos entender como os micropercursos trabalham conjuntamente para que uma grandeza outrora homogênea e que, portanto, não reconhece a discretização, possa operar na direção da mistura, gerando objetos heterogêneos. Os resultados demonstraram que a instauração de um texto-absoluto no início do percurso permite o engendramento de todas as possibilidades de manifestação em seu outro polo, permitindo-nos vislumbrar a dupla natureza do texto (cada qual situada em uma ponta do percurso) e a extensão do próprio campo textual, que não se restringe, por exemplo, somente a textos-objetos manifestados em um suporte estável, pois os textos-objetos são como \"coisas\" a serem modeladas enquanto textos na análise semiótica. Essa conclusão possibilitou avançar para as discussões acerca do contexto, da cultura e das práticas sociais; a partir de uma noção de textualização mais ampla, (i) vislumbramos o uso de uma ferramenta, a notação, para auxiliar no trabalho com as práticas sociais (e experiências \"ao vivo\"), e (ii) demonstramos como a textualização das ações humanas é um dos principais fatores para a atribuição do valor capital ao big data na sociedade contemporânea. Os achados, além de permitirem a compreensão da esfera textual e da textualização, colocam em xeque a premissa defendida por alguns semioticistas de que as práticas (e outras manifestações) não fazem parte do campo textual e lançam luzes sobre o devir da semiótica nas próximas décadas, que será chamada cada vez mais a lidar com objetos semióticos como as práticas e o big data. |
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A noção de texto na semióticaThe notion of text in semioticsObjeto semióticoPráticas SociaisSemiotic ObjectSemióticaSemioticsSocial PracticesTextTextoTextualidadeTextualityO presente trabalho tem por objetivo primário compreender as acepções que sustentam a noção de texto na semiótica discursiva e os elementos necessários para a geração do objeto semiótico. Para tanto, revisitamos as principais obras de Algirdas Julien Greimas (1974; 1976 [1966]; 1981 [1976]; 2008 [1979]) e consultamos, também, os escritos do linguista Louis Trolle Hjelmslev (2010 [1975]; 2013 [1943]), a fim de compreender como a noção de texto foi concebida no início do projeto da ciência da significação. Em seguida, analisamos os trabalhos de pesquisadores, filiados à Escola de Paris, que desenvolveram \"vertentes\" e dão continuidade à teoria de Greimas, são eles: Éric Landowski (2004; 2014a; 2014b; 2017), Jacques Fontanille (2004; 2008a; 2008b; 2017) e Claude Zilberberg (2001 [1998] - em parceria com Fontanille; 2011b [2006]; 2012). Uma revisão crítica da noção de texto nessas obras revelou que, em Landowski e Fontanille, há uma discrepância, no que diz respeito à noção de texto, entre os desenvolvimentos teóricos que Greimas havia realizado e a maneira como os autores fazem uso do termo. A partir da constatação da existência de duas acepções de textos em Greimas, por influência de Hjelmslev, as quais denominamos \"texto-absoluto\" e \"texto-objeto\", organizamos um percurso gerativo textual que tem como função dar conta da geração do objeto semiótico a partir de uma grandeza homogênea e não discretizada, localizada anteriormente à análise. Para conceber o funcionamento desse percurso, contemplamos os micropercursos necessários (a enunciação, o discurso, a semiose e a manifestação), concebendo, dessa maneira, duas instâncias intermediárias, a textual e a textualização. Com as discussões da semiótica tensiva, pudemos entender como os micropercursos trabalham conjuntamente para que uma grandeza outrora homogênea e que, portanto, não reconhece a discretização, possa operar na direção da mistura, gerando objetos heterogêneos. Os resultados demonstraram que a instauração de um texto-absoluto no início do percurso permite o engendramento de todas as possibilidades de manifestação em seu outro polo, permitindo-nos vislumbrar a dupla natureza do texto (cada qual situada em uma ponta do percurso) e a extensão do próprio campo textual, que não se restringe, por exemplo, somente a textos-objetos manifestados em um suporte estável, pois os textos-objetos são como \"coisas\" a serem modeladas enquanto textos na análise semiótica. Essa conclusão possibilitou avançar para as discussões acerca do contexto, da cultura e das práticas sociais; a partir de uma noção de textualização mais ampla, (i) vislumbramos o uso de uma ferramenta, a notação, para auxiliar no trabalho com as práticas sociais (e experiências \"ao vivo\"), e (ii) demonstramos como a textualização das ações humanas é um dos principais fatores para a atribuição do valor capital ao big data na sociedade contemporânea. Os achados, além de permitirem a compreensão da esfera textual e da textualização, colocam em xeque a premissa defendida por alguns semioticistas de que as práticas (e outras manifestações) não fazem parte do campo textual e lançam luzes sobre o devir da semiótica nas próximas décadas, que será chamada cada vez mais a lidar com objetos semióticos como as práticas e o big data.The present work has as primary objective to understand the meanings that support the notion of text in discursive semiotics and the necessary elements for the generation of the semiotic object. Therefore, we revisited the main works of Algirdas Julien Greimas (1974; 1976 [1966]; 1981 [1976]; 2008 [1979]) and also consulted the writings of the linguist Louis Trolle Hjelmslev (2010 [1975]; 2013 [1943] ]), in order to understand how the notion of text was conceived at the beginning of the meaning science project. Then, we analyze the works of researchers, affiliated to the \"Paris School\", who developed \"strands\" and continue Greimas\' theory, they are: Éric Landowski (2004; 2014a; 2014b; 2017), Jacques Fontanille (2004; 2008a; 2008b; 2017) and Claude Zilberberg (2001 [1998] - in partnership with Fontanille; 2011b [2006]; 2012). A critical review of the notion of text in these works revealed that, in Landowski and Fontanille, there is a discrepancy between the theoretical developments that Greimas had carried out about the notion of text and the way in which the authors use the term. Based on the verification of the existence of two meanings of texts in Greimas, influenced by Hjelmslev, which we called \"text-absolute\" and \"text-object\", we organized a textual generative path that has the function of explaining the generation of the semiotic object from a homogeneous and non-discretized \"largeness\", located prior to the analysis. To conceive how this path works, we contemplate the necessary micro paths (enunciation, discourse, semiosis and manifestation), thus conceiving two intermediate instances, textual and textualization. With the discussions of tensive semiotics, we were able to understand how micropathways work together so that a \"largeness\" that was once homogeneous and that, therefore, does not recognize discretization, can operate in the direction of mixture, generating heterogeneous objects. The results showed that the establishment of an absolute-text at the beginning of the path allows the engendering of all possibilities of manifestation in its other pole, allowing us to glimpse the double nature of the text (each located at one end of the path) and the extension of the textual field itself, which is not restricted, for example, only to text-objects manifested in a stable support, since text-objects are like \"things\" to be modeled as texts in semiotic analysis. This conclusion made it possible to advance to discussions about the context, culture and social practices; from a broader notion of textualization, (i) we envision the use of a tool, notation, that can be used to analyze social practices (and \"live\" experiences), and (ii) we demonstrate how the textualization of human\'s actions is one of the main factors in the attribution of capital value to big data in contemporary society. The findings, in addition to allowing the understanding of the textual sphere and textualization, call into question the premise defended by some semioticians that practices (and other manifestations) are not part of the textual field and shed light on the future of semiotics in the coming decades, which will be increasingly called upon to deal with semiotic objects such as practices and big data.Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPBadir, SémirLopes, Ivã CarlosMoraes, Leticia2021-08-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-29112021-185047/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2021-12-09T21:11:44Zoai:teses.usp.br:tde-29112021-185047Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212021-12-09T21:11:44Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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O presente trabalho tem por objetivo primário compreender as acepções que sustentam a noção de texto na semiótica discursiva e os elementos necessários para a geração do objeto semiótico. Para tanto, revisitamos as principais obras de Algirdas Julien Greimas (1974; 1976 [1966]; 1981 [1976]; 2008 [1979]) e consultamos, também, os escritos do linguista Louis Trolle Hjelmslev (2010 [1975]; 2013 [1943]), a fim de compreender como a noção de texto foi concebida no início do projeto da ciência da significação. Em seguida, analisamos os trabalhos de pesquisadores, filiados à Escola de Paris, que desenvolveram \"vertentes\" e dão continuidade à teoria de Greimas, são eles: Éric Landowski (2004; 2014a; 2014b; 2017), Jacques Fontanille (2004; 2008a; 2008b; 2017) e Claude Zilberberg (2001 [1998] - em parceria com Fontanille; 2011b [2006]; 2012). Uma revisão crítica da noção de texto nessas obras revelou que, em Landowski e Fontanille, há uma discrepância, no que diz respeito à noção de texto, entre os desenvolvimentos teóricos que Greimas havia realizado e a maneira como os autores fazem uso do termo. A partir da constatação da existência de duas acepções de textos em Greimas, por influência de Hjelmslev, as quais denominamos \"texto-absoluto\" e \"texto-objeto\", organizamos um percurso gerativo textual que tem como função dar conta da geração do objeto semiótico a partir de uma grandeza homogênea e não discretizada, localizada anteriormente à análise. Para conceber o funcionamento desse percurso, contemplamos os micropercursos necessários (a enunciação, o discurso, a semiose e a manifestação), concebendo, dessa maneira, duas instâncias intermediárias, a textual e a textualização. Com as discussões da semiótica tensiva, pudemos entender como os micropercursos trabalham conjuntamente para que uma grandeza outrora homogênea e que, portanto, não reconhece a discretização, possa operar na direção da mistura, gerando objetos heterogêneos. Os resultados demonstraram que a instauração de um texto-absoluto no início do percurso permite o engendramento de todas as possibilidades de manifestação em seu outro polo, permitindo-nos vislumbrar a dupla natureza do texto (cada qual situada em uma ponta do percurso) e a extensão do próprio campo textual, que não se restringe, por exemplo, somente a textos-objetos manifestados em um suporte estável, pois os textos-objetos são como \"coisas\" a serem modeladas enquanto textos na análise semiótica. Essa conclusão possibilitou avançar para as discussões acerca do contexto, da cultura e das práticas sociais; a partir de uma noção de textualização mais ampla, (i) vislumbramos o uso de uma ferramenta, a notação, para auxiliar no trabalho com as práticas sociais (e experiências \"ao vivo\"), e (ii) demonstramos como a textualização das ações humanas é um dos principais fatores para a atribuição do valor capital ao big data na sociedade contemporânea. Os achados, além de permitirem a compreensão da esfera textual e da textualização, colocam em xeque a premissa defendida por alguns semioticistas de que as práticas (e outras manifestações) não fazem parte do campo textual e lançam luzes sobre o devir da semiótica nas próximas décadas, que será chamada cada vez mais a lidar com objetos semióticos como as práticas e o big data. |
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