Reflexões sobre a pseudo-aceitação em O Patinho Feio, de Andersen, à luz da psicologia cultural semiótica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Outros Autores: | , , , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista de Letras |
Texto Completo: | https://periodicos.utfpr.edu.br/rl/article/view/14782 |
Resumo: | O conto intitulado O Patinho Feio (1843), de Hans Christian Andersen, é uma obra clássica infantil, largamente adotada como leitura literária para estudantes da educação infantil no Brasil. O presente estudo – desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica e do cotejamento entre teoria e obra literária – busca discutir as formas de intolerância presentes nesse conto, contribuindo para uma reflexão acerca do modo como a literatura infantil pode reforçar formas de intolerância. Para tanto, fazemos um breve percurso histórico acerca do surgimento das primeiras produções literárias para o público infantil, a fim de perceber que esta não apenas foi convocada, quando de seu nascedouro, para atuar na solidificação de valores burgueses, como vem convivendo historicamente com a função primeira que lhe foi atribuída, a de moralizar os indivíduos (embora não se possa negar que essa condição vem sendo questionada e/ou passando por renegociações em produções contemporâneas). Além disso, recorremos à abordagem da Psicologia Cultural Semiótica, mais especificamente à noção de “distinção carregada de valor” (VALSINER, 2012), na condição de interpretação que ocorre no processo de significação de distinções perceptuais (o outro, diferente de mim) nas relações humanas. A leitura da obra, à luz do referencial teórico utilizado, permitiu observar a presença da estratégia de ação denominada intolerância eliminativa (resultante da valoração negativa em relação à diferença). De acordo com a argumentação aqui desenvolvida, esta [a intolerância eliminativa] atravessa o enredo do conto, sem ter sido transformada em tolerância ou aceitação. Portanto, de acordo com a análise aqui desenvolvida, a leitura de O Patinho Feio, com seu suposto final feliz, pode reforçar preconceitos em relação à diferença ou, contrariamente, a partir de uma reflexão sobre os dilemas enfrentados pelo personagem principal, pode favorecer formas de tolerância e aceitação da diferença. |
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Reflexões sobre a pseudo-aceitação em O Patinho Feio, de Andersen, à luz da psicologia cultural semiótica80208002 Literaturas estrangeiras modernasPsicologia Cultural Semiótica; Literatura Infantil; IntolerânciaO conto intitulado O Patinho Feio (1843), de Hans Christian Andersen, é uma obra clássica infantil, largamente adotada como leitura literária para estudantes da educação infantil no Brasil. O presente estudo – desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica e do cotejamento entre teoria e obra literária – busca discutir as formas de intolerância presentes nesse conto, contribuindo para uma reflexão acerca do modo como a literatura infantil pode reforçar formas de intolerância. Para tanto, fazemos um breve percurso histórico acerca do surgimento das primeiras produções literárias para o público infantil, a fim de perceber que esta não apenas foi convocada, quando de seu nascedouro, para atuar na solidificação de valores burgueses, como vem convivendo historicamente com a função primeira que lhe foi atribuída, a de moralizar os indivíduos (embora não se possa negar que essa condição vem sendo questionada e/ou passando por renegociações em produções contemporâneas). Além disso, recorremos à abordagem da Psicologia Cultural Semiótica, mais especificamente à noção de “distinção carregada de valor” (VALSINER, 2012), na condição de interpretação que ocorre no processo de significação de distinções perceptuais (o outro, diferente de mim) nas relações humanas. A leitura da obra, à luz do referencial teórico utilizado, permitiu observar a presença da estratégia de ação denominada intolerância eliminativa (resultante da valoração negativa em relação à diferença). De acordo com a argumentação aqui desenvolvida, esta [a intolerância eliminativa] atravessa o enredo do conto, sem ter sido transformada em tolerância ou aceitação. Portanto, de acordo com a análise aqui desenvolvida, a leitura de O Patinho Feio, com seu suposto final feliz, pode reforçar preconceitos em relação à diferença ou, contrariamente, a partir de uma reflexão sobre os dilemas enfrentados pelo personagem principal, pode favorecer formas de tolerância e aceitação da diferença.Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)Valério, Tatiana Alves de MeloLyra, Maria C.D.P.Silva, Divaneide Ferreira daMenezes, Jessica Sabrina de OliveiraSilva, João Roberto Ratis Tenório da2021-12-28info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.utfpr.edu.br/rl/article/view/1478210.3895/rl.v23n43.14782Revista de Letras; v. 23, n. 43 (2021)2179-52820104-999210.3895/rl.v23n43reponame:Revista de Letrasinstname:Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)instacron:UTFPRporhttps://periodicos.utfpr.edu.br/rl/article/view/14782/8776Direitos autorais 2022 CC Atribuição 4.0http://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccess2022-12-22T19:13:32Zoai:periodicos.utfpr:article/14782Revistahttps://periodicos.utfpr.edu.br/rlPUBhttps://periodicos.utfpr.edu.br/rl/oai||revistadeletras-ct@utfpr.edu.br2179-52820104-9992opendoar:2022-12-22T19:13:32Revista de Letras - Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)false |
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