Avaliação da atividade antioxidante e antibacteriana de própolis oriunda de abelhas sem ferrão (meliponíneos) de Pato Branco - PR

• Autor(a) principal: Schreiner, Jucemar Franscico
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UTFPR (da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (RIUT))
• Texto Completo: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/30682
• topic: CNPQ::CIENCIAS EXATAS E DA TERRA::QUIMICA; Abelhas sem ferrão; Compostos bioativos; Fenóis; Flavonóides; Própole; Stingless bees; Bioactive compounds; Phenols; Flavonoids; Propolis

A própolis é um produto da apicultura e é uma mistura complexa de muitos compostos químicos, principalmente compostos fenólicos. Muitos destes compostos são reconhecidos pela sua atividade antioxidante e antimicrobiana. A própolis oriunda de abelhas sem ferrão, da Família Apidae e Subfamília Meliponíneas, vem despertando interesse de pesquisadores no mundo todo, abrindo um leque de oportunidades para sua aplicação, especialmente em países onde há uma rica biodiversidade de espécies vegetais. Uma vez que, a composição química da própolis é influenciada pela origem geográfica, clima, local e época da coleta (sazonalidade). As condições de extração e os métodos de quantificação dos compostos bioativos, principalmente os compostos fenólicos, também influenciam nas atividades bioativas da própolis. O objetivo deste estudo foi determinar o teor de compostos fenólicos totais (CFT) e avaliar as propriedades antioxidantes e antibacterianas da própolis de 3 espécies de abelhas da Subfamília Meliponíneas - abelhas sem ferrão. Desta forma, as própolis das espécies Melipona quadrifasciata, Tetragonisca angustula e Plebeia droryana da região de Pato Branco, PR, foram avaliadas nesse estudo. Dois extratos etanólicos de própolis (EEP) de cada espécie foram preparados: um extrato com etanol 20% (v/v) e outro com etanol 80% (v/v) em banho ultrassônico a 25 ºC por 40 minutos. O teor de CFT foi determinado pelo método Folin-Ciocalteu e o resultado expresso em equivalente ao ácido gálico (EAG). A Atividade antioxidante (AA) foi determinada pelo método do sequestro do radical DPPH e pelo radical ABTS. Ambos os resultados foram expressos em mM de TE g-1 de própolis (TE: Trolox equivalente). A AA pelo Poder Antioxidante Redutor do Ferro (FRAP) também foi determinada e seu resultado expresso em mmol Fe+2 g-1 de própolis. A atividade antibacteriana foi determinada pela concentração inibitória mínima (CIM) e concentração bactericida mínima (CBM) em placas de 96 poços frente as bactérias Salmonella typhimurium, Escherichia coli, Listeria monocytogenes e Bacilus subtilis. O teor de CFT ficou entre 2,25 mg g-1 e 61,02 mg g-1. A própolis de Melipona quandrifasciata apresentou os maiores teores de CFT em ambas as concentrações de etanol. A AA pelo sequestro do radical DPPH foi de 0,62 a 26,537 mM TE g-1, sendo que a própolis da Melipona quadrifasciata obteve os melhores resultados, tanto com solvente 80% de etanol, como também em 20%. Para a análise de sequestro do radical ABTS•+ e FRAP, os resultados obtidos variaram respectivamente de 162,37 a 695,11 mM TE g-1 e entre 29,18 e 367,80 mmol Fe+2 g- 1. A maior atividade antibacteriana foi encontrada nas própolis extraídas com etanol 80% e foi dependente da concentração de etanol. Nessa condição, todas as própolis apresentaram atividade bacteriostática (CIM = 5,44 μg mL-1) frente a Escherichia coli. As bactérias Salmonella typhimurium, Listeria moocytogenes e Bacillus subtilis foram mais sensíveis aos EEP etanol 80% de Plebeia droryana com CIM igual a 10,9, 5,44 e 10,9 μg mL-1, respectivamente. Porém esse extrato não apresentou ação bactericida frente a Salmonella typhimurium. As própolis de Melipona quadrifasciata e Tetragonisca angustula apresentaram ação bactericida frente a Escherichia coli (CBM = 10,9 μg mL-1), enquanto a própolis de Plebeia droryana o CBM foi de 87,3 μg mL-1. O EEP de Melipona quadrifasciata apresentou o maior número de compostos, seguido da Tetragonisca angustula e Plebeia droryana. Pela análise cromatográfica, foi possível identificar nas 3 espécies de própolis os flavonoides catequina, epicatequina, crisina e galangina. Também os ácidos fenólicos p-cumárico, ferrúlico e cinâmico. O principal constituinte dos EEP da Melipona quadrifasciata foi o ácido ferulico (372,82 μg g-1) seguido do ácido p-cumárico (111,56 μg g-1) e do ácido cinâmico (67,57 μg g- 1). O ácido cinâmico foi identificado em todas as própolis analisadas, enquanto a crisina e a galangina foram quantificadas apenas na Tetragonisca angustula. As atividades antioxidante e antibacteriana dos extratos de própolis sem ferrão podem ser atribuídas aos altos teores de fenólicos totais e pela presença de compostos como ácido ferúlico, p-cumárico, ácido cinâmico e catequina. Este estudo sugere que as própolis têm potencial aplicação na indústria farmacêutica, bem como em alimentos e suplementos nutricionais como agente antioxidante e antibacteriano natural.