A Confederação Operária Brasileira: aspectos históricos, políticos e culturais (1906-1920)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ribeiro, Alessandro Cardoso
Data de Publicação: 2024
Outros Autores: Gonçalves, Mauro Castilho
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Veras
Texto Completo: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/69420
Resumo: Esta pesquisa retrata os limites e as ações coordenadas pela Confederação Operária Brasileira e as suas peculiaridades no seio do movimento operário brasileiro durante a Primeira República. Idealizado por intelectuais e líderes operários, esta central sindical funcionou como órgão aglutinador da intelectualidade que se identificava com a causa operária, denominada pelos mesmos como a questão social. Desse modo, é nesse contexto que tem início a organização do proletariado brasileiro que, durante essa fase, contou com a liderança dos imigrantes libertários, além de intelectuais brasileiros das camadas médias urbanas, principalmente no eixo Rio-São Paulo. Porém, dado os diferentes estágios de crescimento industrial, e a própria composição da classe operária, encontramos uma diversidade de movimentos operários, mesmo sob a direção da Confederação Operária Brasileira, de cunho anarcossindicalista. Esse importante órgão de classe buscou a transformação dos operários – denominada pelos seus idealizadores de conscientização - através de três instrumentos: as palestras, a leitura dos impressos produzidos (o jornal A Voz do Trabalhador; a revista A Vida; folhetins, entre outros) e da educação operária, nas escolas racionalistas. Esse mesmo modelo também foi seguido pelos demais centros operários pelo Brasil afora. Fundada em abril de 1906, durante o primeiro Congresso Operário Brasileiro, a Confederação Operária Brasileira passou a funcionar efetivamente a partir de 1908, na então capital do país, no Rio de Janeiro. Essa central sindical buscou formar, através dos seus aparelhos ideológicos, além da chamada consciência operária libertária, o que eles denominavam de homem novo anarquista. Em suma, um arquétipo de um modelo libertário europeu, totalmente alheio à nossa condição cultural, com uma classe operária fortemente marcada por uma economia moral contrarrevolucionária e influenciada pela religiosidade cristã, em suas várias vertentes: católica, protestante e espírita. Assim, apesar de terem percebido que havia uma guerra cultural dentro do processo de luta de classes, desconstruir a curto prazo esses elementos da cultura das classes subalternas para se fazer uma revolução seria praticamente impossível, reduzindo na prática o movimento operário do início da Primeira República a um caráter puramente reformista, limitando a Confederação Operária Brasileira tão somente como mediadora das relações capital x trabalho. A Confederação Operária Brasileira funcionou até o ano de 1918, porém, continuou atuando de forma descentralizada até o ano de 1920. Durante a década de 1930, foi substituída pela Federação Operária de São Paulo. No tocante às fontes utilizadas, foram os impressos publicados não só pela Confederação Operária Brasileira (jornais, revistas, livros, entre outros), mas também por alguns dos centros operários a ela filiados, a exemplo do Centro Operário Sergipano, da Federação Operária de São Paulo, entre outros. Já os procedimentos de análise, foram feitos a partir da teoria do historiador inglês E. P. Thompson, abrangendo uma perspectiva, a partir de uma inter-relação dialética entre tradições, costumes e transformações sociais, denominado pelo mesmo como peculiaridades, contemplando não só os aspectos econômicos dentro do processo histórico, mas também os elementos culturais, indo muito além da antiga análise marxista economicista, base-superestrutura.
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