Biométricos – a cidade como palco / Biometrics - the city as stage

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernandes, Heder Braga
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Veras
Texto Completo: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/49350
Resumo: No artigo Biométricos- A cidade como palco, a investigação parte do trabalho Biométricos da companhia teatral portuguesa Visões Úteis, realizado no ano de 2014 na cidade do Porto, Portugal. O trabalho da companhia nomeia a cidade do Porto como palco para realização da trilogia Biométricos Rua, Biométrico Mira, Biométricos Parque. Neste sentido esse escrito investiga as possíveis relações entre dramaturgia teatral e sua relação com a cidade, espaço urbano e como as intervenções artísticas contemporâneas, aliada a tecnologia que produzem mecanismo para tornar o espaço urbano, a arquitetura, em dramaturgia e espaço de possibilidades cênicas. Em Biométricos Rua o espectador é convidado a desbravar pela cidade pontos determinados em um mapa. O participante recebe um smartphone que através de mensagens sonoras ouve um pouco da história de cada lugar que percorre, a liberdade em escolher qual caminho seguir para encontrar os pontos do mapa faz com que cada participante construa a sua própria dramaturgia. Em Biométricos Mira, profissionais de diversas áreas são colocamos num mesmo espaço executando atividades inerentes a sua profissão, como por exemplo, ultra maratonista em uma esteira correndo em velocidade acelerada, um artista plástico pintando um quadro, um mestre de obras carregando material de construção, um coral, um ator apresentando um monólogo, entre outros. Todos esses profissionais são monitorados e seus dados biométricos são exibidos aos visitantes, estimulando a reflexão e questionamentos para compreensão por exemplo de como um artista plástico por vezes tem dados biométricos mais alterados do que um mestre de obras que está numa demanda de esforço físico muito superior, por exemplo. Em Biométricos Parque, que teve sua realização dentro da programação da festa de Serralves. Realizado a partir de um jogo denominado de “RGBola” elaborado especificamente para esta ocasião. Segundo o Visões Úteis é um jogo que cruza as regras de vários desportos com a percepção própria da criação artística. Na proposta ofertada pela equipe Visões Úteis, o jogo “RGBola” com potencial de entretenimento, emerge para muitas outras vertentes. Criam-se dois grupos com cinco componentes cada, e o objetivo é que pontuem com bolas que devem ser colocadas em compartimento com nome de cores, e que por sua vez a cor deve corresponder a cor da bola que será colocada no compartimento. Com a visão e percepção alterada pelos óculos com filtros em cores primárias vermelho, azul ou amarelo, é necessário adotar estratégias, e encontrar possibilidades para descobrir as reais cores das bolas que estará em suas mãos. A versão do projeto Biométricos em três procedimentos performance-espetáculos de cunhos distintos, para tratar da temática do esforço físico, espaço e cidade, traz a luz a contemporaneidade das execuções de procedimentos teatrais, neste projeto o mecanismo é interligado a procedimentos de performance, game, arquitetura, urbanismo, jogo, teatro e propõe a criação de uma configuração híbrida, que preserva traços de uma linguagem mais conhecida pelo público, neste caso, o teatro, ao mesmo tempo que, partindo dessa “familiaridade”, abre frestas para outras linguagens provocativas e menos assimiladas, ativando de forma diferenciada, por meio desse atrito, outros níveis de percepção com integração da tecnologia e dos jogos para trazer para perto do espectador e integrá-lo a essa realidade.
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