Da ética formal para uma ética da vida: a ampliação do imperativo categórico em Jonas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Petrachini, William Cepkauskas
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Veras
Texto Completo: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/56843
Resumo: A vida do sujeito contemporâneo sofre modificações decorrentes da presença da tecnologia. Não há como retroceder ao ponto em que não havia sua intromissão, pois, iniciada na revolução industrial, a capacidade de formular soluções tecnológicas passou a orientar o comportamento humano. Diante desse cenário que se intensifica, a humanidade se vê em uma relação imbricada com a tecnologia. Nesta esteira, Jonas proporá uma ética que visa compreender essas transformações, frisando a importância da humanidade não perder de vista o que há de mais essencial nela: a vida. Neste sentido, Jonas demonstrará que a ética atual está alicerçada naquela teorizada por Kant, que possui como sua diretriz o imperativo categórico: “Aja de tal modo que sua ação possa ser universalizável.”. Ainda que Jonas não desconsidere a proposta kantiana, a crítica direciona-se ao seu aspecto, que não possui o condão de produzir o comportamento necessário para a preservação da vida, em virtude de não poder gerar no indivíduo uma ação efetiva no plano real, superando a pura racionalidade. Assim, é importante que uma ética possa nos sujeitos, movendo suas capacidades intelectuais e afetivas para uma ação que preserve de modo inconteste a vida. Neste ponto, a vida recebe tratamento diferenciado na ética de Jonas, pois, ao querer ampliar o imperativo categórico, possui como base um viés ontológico, pois a lei moral prevista em Kant, aquela que dita o comportamento não é mais suficiente para encarar as modificações tecnológicas. É necessário um passo além. Na proposta do imperativo de Jonas, esse avanço direciona-se à preservação da vida: “Aja de modo a que os efeitos da tua ação não sejam destrutivos para a possibilidade futura de uma tal vida”. Deste modo, a ética jonasiana examina os fundamentos da ética kantiana, elencando pontos de sua insuficiência para abarcar as novas relações sociais. Jonas pretende desenvolver uma ética que detenha o poder incontrolável da tecnologia, que gera impactos negativos na sociedade e no meio ambiente. Este trabalho objetiva identificar os pontos criticados por Jonas na formulação ética de Kant e o que a impede de lidar com as modificações tecnológicas contemporâneas. Por fim, a pesquisa demonstrará como a formulação da ideia da “Heurística do temor” configura-se como ferramenta essencial na ética de Jonas, fornecendo ao seu sistema ético a capacidade de propor à humanidade a proteção do mundo natural e da vida.
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