Corpo, Política e Religião: A luta pela descriminalização do aborto no Brasil e Argentina – Um desafio aos Direitos Humanos das Mulheres / Body, Politics and Religion: The Struggle for the Decriminalization of Abortion in Brazil and Argentina - A Challenge to Women's Human Rights

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dirino, Ana Karoline
Data de Publicação: 2021
Outros Autores: Arbués, Margareth Pereira
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Veras
Texto Completo: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/25422
Resumo: Este trabalho tem como objeto de estudo as experiências ocorridas no Brasil e na Argentina, sobre a influência política das narrativas de grupos religiosos nos direitos sexuais e reprodutivos, em especial no direito ao aborto. A partir de uma análise do desenvolvimento histórico do pensamento cristão sobre o corpo e a reprodução, bem como do desenvolvimento patriarcal na América Latina. Seu objetivo foi verificar as interferências destas concepções sobre as disputas por direitos reprodutivos das mulheres e como agem nos processos políticos nestes países. A pesquisa desenvolveu-se por meio de revisão bibliográfica e documental, apoiada no método hipotético-dedutivo, com auxílio dos métodos histórico, jurídico, comparativo e estatístico. Foram analisados estudos acerca dos direitos reprodutivos, do pensamento religioso sobre as mulheres, bem como os tratados internacionais de direitos humanos, legislações e projetos de lei dos dois países em referência. Tanto o Brasil quanto a Argentina passaram por um processo de colonização que articulava a exploração econômica e a imposição dos costumes cristãos sobre os povos. Em ambos, o cristianismo ainda é predominante em relação às outras religiões, realidade que se mistura de forma efetiva com a política nesses países, desde a eleição de candidatos até a implementação de projetos políticos diversos. Mesmo com evidentes divergências históricas entre grupos cristãos, a defesa majoritária e intransigente é de que a vida se inicia a partir da concepção. Neste sentido, as tentativas de descriminalização do aborto e efetivação de direitos reprodutivos nos países em estudo, enfrentam grupos e concepções religiosas, que exercem pressão sobre os movimentos sociais de mobilizações de mulheres, exigem compromissos de candidatos em eleições e articulam movimentos ‘pró-vida’. No Brasil estima-se que em 2014 quase 500 mil mulheres entre 18 e 39 anos realizaram um aborto (PNA, 2016) e entre 400 e 600 mil abortos na argentina em 2007 (CARBAJAL, 2007). Em meio aos enfrentamentos de grupos feministas e grupos religiosos, o aborto é uma dura realidade a ser enfrentada em toda a América Latina, que tem como regra a criminalização e o desrespeito às concepções adotadas por tratados e cartas internacionais de direitos humanos.
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