A inclusão de pessoas com deficiência intelectual na educação de jovens e adultos (EJA): um estudo de caso

• Autor(a) principal: Dantas, Dulciana de Carvalho Lopes
• Data de Publicação: 2012
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRN
• Texto Completo: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/49591
• topic: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAO; Inclusão; Educação de Jovens e Adultos (EJA); Deficiência Intelectual; Processos de ensino e Aprendizagem; Relações Interpessoais

No Brasil, em meio à propagação e legitimação do discurso de Educação Inclusiva e dos direcionamentos governamentais que objetivam a inclusão de “todos” na escola, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem sido apontada como modalidade de escolarização adequada às pessoas com deficiência intelectual. Na realidade de Natal (RN), embora, de acordo com dados obtidos junto à Secretaria de Estado da Educação (SEEC/RN) em 2009, a procura da EJA, por aqueles com deficiência intelectual fosse mínima, a presença desses alunos nessa modalidade de ensino é uma realidade, que exige atenção às condições vigentes de atendimento a essa população. Essa constatação suscitou a realização deste trabalho de pesquisa, partindo-se de questionamentos a respeito das condições de efetivação da inclusão escolar na EJA, reconhecida como espaço de aprendizagem e desenvolvimento para esses alunos, nas fases jovem e adulta de suas vidas. Parte-se da hipótese de que entre as condições que perfazem a inclusão escolar, preponderam concepções dos professores e alunos de EJA sobre esse processo, sendo tais concepções assumidas como objeto deste estudo, questionando-se sua repercussão e papel desempenhado na configuração dos modos de efetivação da inclusão. Dessa forma, o estudo tem como objetivo geral investigar as concepções de professores e alunos sobre aspectos que se apresentam nos processos de escolarização de pessoas com deficiência intelectual na EJA e que repercutem nas configurações de inclusão dessas pessoas nessa modalidade educacional. Com esse intuito, são colocados como objetivos específicos: analisar os posicionamentos dos participantes, diante da proposta de inclusão escolar; averiguar como é considerada a deficiência intelectual, pelos participantes; discutir como se desenvolve o fazer pedagógico junto aos professores e alunos, definindo as práticas de ensino e aprendizagem; conhecer como se dão as relações interpessoais entre os participantes dos processos de escolarização. A pesquisa constitui-se como um estudo de caso do trabalho de inclusão desenvolvido em um Centro de Educação de Jovens e Adultos na cidade de Natal (RN) e contou com 16 participantes, alunos e professores da instituição. O trabalho tem como referência teórica, contribuições de pesquisadores da área de Educação que abordam a temática da inclusão, assim como da perspectiva histórico cultural em Psicologia, mais especificamente, contribuições de Vygotsky e seus comentadores sobre o caráter social do desenvolvimento humano, a importância da escolarização para esse processo e a consideração da deficiência intelectual como condição, na qual, os fatores biológicos e culturais se inter-relacionam. A análise baseia-se nas contribuições da Análise do Discurso e consiste em uma abordagem qualitativa dos dados obtidos através de questionários, entrevistas e observações. As reflexões dele resultantes confirmam a tese de que as concepções de professores e alunos sobre os aspectos estudados desempenham papel preponderante nos processos de inclusão escolar das pessoas com deficiência intelectual. O desconhecimento, o preconceito e a negatividade desvendados nas concepções expressas pelos participantes sobre a inclusão na EJA e sobre os alunos com deficiência, destacam-se como condição definidora de limites e dificuldades educacionais aí enfrentados por alunos e professores, restringindo as possibilidades de convívio social e neste, de aprendizagem e desenvolvimento. O trabalho evidencia a necessidade de maiores investigações sobre o tema, com vistas à reconstrução, por parte de professores e alunos, na EJA, dos modos de concebê lo e com ele relacionar-se, de forma que os processos de ensino, de aprendizagem e desenvolvimento sejam favorecidos, em um convívio mais promissor à inclusão educacional de todos os alunos.