Quando o “estranho” resolve se aproximar: a presença da professora transexual e as representações de gênero e sexualidade no ambiente escolar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Tiago Zeferino dos
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Universitário da Ânima (RUNA)
Texto Completo: https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/3555
Resumo: A presente pesquisa teve como objetivo geral analisar as representações de gênero e sexualidade (re)produzidas no espaço escolar por estudantes e profissionais de educação a partir da inserção de uma professora autodefinida transexual em uma escola de Ensino Fundamental da cidade de Tubarão/SC. Como objetivos específicos buscou-se: elaborar uma narrativa a partir das memórias da professora transexual enquanto aluna e professora; identificar de que modo as questões relativas a gênero e sexualidade se expressam na escola junto a uma turma de estudantes e de profissionais da educação; analisar se (e de que modo) a presença de uma professora transexual altera as representações de gênero no cotidiano escolar. Os sujeitos participantes da pesquisa foram estudantes que cursavam o sétimo ano na disciplina de Português ministrada pela professora transexual no período correspondente ao ano letivo de 2012 e os profissionais de educação presentes na escola nesse mesmo período. A metodologia utilizada foi a técnica de entrevista com roteiro semiestruturado para todos os envolvidos, acrescentando-se, ainda, a vídeogravação de dois Grupos de Discussão com estudantes, utilizados previamente às entrevistas individuais e coordenados pelo pesquisador. Ao todo, foram entrevistados 5 profissionais de educação e 21 estudantes. O estudo tem como referenciais teóricos autores com perspectivas pós-estruturalistas ou pós-modernas como Michel Foucault, Tomas Tadeu da Silva, Guacira Lopes Louro, Judith Butler, Berenice Bento entre outros/as. Entre outros resultados analisou-se que: a experiência escolar da professora transexual como estudante demonstra que a escola foi, em sua trajetória, um espaço sexista, com discriminações cotidianas, inclusive realizadas por docentes; na escola pesquisada, durante sua atuação como professora transexual, predominou um clima de vigilância, cobranças e avaliações direcionadas a ela no sentido de comportamentos, vestimentas, práticas sexuais e profissionalismo; entre estudantes e profissionais da educação a ironia foi um recurso frequente ao fazerem referência a expressões e comportamentos masculinizados desta professora, exigindo dela posturas consideradas por eles/as mais femininas; apesar do nome social os/as profissionais da educação referiam-se à professora trans como ¿ele¿ ou a seu nome masculino; e, por fim, entre os/as profissionais de educação verificou-se poucos conhecimentos sobre sexualidade e gênero. Esses resultados apontam para a necessidade de políticas de formação continuada na rede pública estadual de Santa Catarina sobre as reivindicações apresentadas pelos movimentos sociais de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trans.
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Os sujeitos participantes da pesquisa foram estudantes que cursavam o sétimo ano na disciplina de Português ministrada pela professora transexual no período correspondente ao ano letivo de 2012 e os profissionais de educação presentes na escola nesse mesmo período. A metodologia utilizada foi a técnica de entrevista com roteiro semiestruturado para todos os envolvidos, acrescentando-se, ainda, a vídeogravação de dois Grupos de Discussão com estudantes, utilizados previamente às entrevistas individuais e coordenados pelo pesquisador. Ao todo, foram entrevistados 5 profissionais de educação e 21 estudantes. O estudo tem como referenciais teóricos autores com perspectivas pós-estruturalistas ou pós-modernas como Michel Foucault, Tomas Tadeu da Silva, Guacira Lopes Louro, Judith Butler, Berenice Bento entre outros/as. Entre outros resultados analisou-se que: a experiência escolar da professora transexual como estudante demonstra que a escola foi, em sua trajetória, um espaço sexista, com discriminações cotidianas, inclusive realizadas por docentes; na escola pesquisada, durante sua atuação como professora transexual, predominou um clima de vigilância, cobranças e avaliações direcionadas a ela no sentido de comportamentos, vestimentas, práticas sexuais e profissionalismo; entre estudantes e profissionais da educação a ironia foi um recurso frequente ao fazerem referência a expressões e comportamentos masculinizados desta professora, exigindo dela posturas consideradas por eles/as mais femininas; apesar do nome social os/as profissionais da educação referiam-se à professora trans como ¿ele¿ ou a seu nome masculino; e, por fim, entre os/as profissionais de educação verificou-se poucos conhecimentos sobre sexualidade e gênero. Esses resultados apontam para a necessidade de políticas de formação continuada na rede pública estadual de Santa Catarina sobre as reivindicações apresentadas pelos movimentos sociais de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trans.This research aimed to analyze the gender representations and sexuality (re)produced in the scholar space by students and education professionals after the insertion of a self-defined transgender teacher in a Elementary School at Tubarão/SC. The specific objectives were: to build a narrative from the memories of the transgender teacher as a student and as a teacher; to identify how the gender related questions are expressed in the school within the students and other education professionals; to analyze if (and how) the presence of a transgender teacher changes the gender representations in the school everyday. The participants of the research were students from the seventh year of the Portuguese subject taught by the transgender teacher during 2012 and also the education professionals of that school. It has been a semistructured screenplay to interview all the involved people and a video recording of two groups of students discussing about the topic. Five education professionals and twenty-one students have been interviewed. This study has as theoretical references authors with post-struturalists or post-moderns perspectives such as Michel Foucault, Tomas Tadeu da Silva, Guacira Lopes Louro, Judith Butler, Berenice Bento entre outros/as. There have had many results, such as: the scholar experience of the transgender teacher as a student shows that the school has been, in its itinerary, a sexist space, with everyday discriminations, even done by teachers; in the researched school, during its work as a transgender teacher, it has predominated a vigilance mood, charges and some evaluations directed to her about behaviors, clothes, sexual attitudes and professionalism; among the students and education professionals the ironic was a often used skill to refer to masculinized expressions and behaviors of this teacher, requiring from her attitudes considered by them more female; even though the transgender teacher uses a social name, the education professionals referred to the teacher as ¿he¿ or to his male name; finally, among the education professionals it has been verified little knowledge about sexuality and gender. These results point to the need of a continuous formation to the public education system about Lesbian, Gay, Bisexual and Transgender people.Cruz, Tânia MaraSantos, Tiago Zeferino dos2016-11-30T14:54:53Z2020-11-26T21:57:58Z2016-11-30T14:54:53Z2020-11-26T21:57:58Z2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdf1807https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/3555Acesso fechadoinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Universitário da Ânima (RUNA)instname:Ânima Educaçãoinstacron:Ânima2023-01-12T17:13:05Zoai:repositorio.animaeducacao.com.br:ANIMA/3555Repositório InstitucionalPRIhttps://repositorio.animaeducacao.com.br/oai/requestcontato@animaeducacao.com.bropendoar:2023-01-12T17:13:05Repositório Universitário da Ânima (RUNA) - Ânima Educaçãofalse
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