Subjetividade, tempo e psicanálise

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Birman,Joel
Data de Publicação: 2000
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental (Online)
Texto Completo: http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142000000400011
Resumo: As psicoterapias breves nos remetem, de maneira inexorável, a uma indagação sobre as relações complexas existentes entre os registros da subjetividade e do tempo na atualidade, por colocarem em pauta uma certa concepção da experiência analítica, que se constituiu ao longo da história da psicanálise e se instituiu como norma em diferentes tradições psicanalíticas. O processo psicanalítico exigira não apenas um tempo longo, mas também uma grande freqüência semanal no número de sessões, fatores estes que se articulariam intimamente, como se fossem duas faces da mesma moeda, em que o tempo longo estabelece uma relação de fundação com a experiência analítica. A concepção de que toda e qualquer prática clínica que não se realize de acordo com tais parâmetros não passaria de uma psicoterapia, mesmo que conduzida por um psicanalista, precisa ser revista e questionada. Neste artigo, indaga-se sobre as condições de possibilidade da experiência analítica que essas práticas clínicas nos conduzem de maneira infalível. As psicoterapias breves se colocaram há algumas décadas como novas possibilidades terapêuticas nos campos da psiquiatria e da psicologia clínicas, principalmente por razões de ordem econômica e por uma transformação crucial da relação das individualidades com o tempo, impondo, inevitavelmente, uma releitura do ato psicanalítico, em que este pode e deve ser depurado de suas marcas normativas tradicionais. O questionamento da psicanálise na pós-modernidade e sua preterição em nome de outras práticas clínicas remetem inequivocamente a uma recusa de um dispositivo de escuta que se contrapõe à iminência da ação e da decisão, que a aceleração do tempo na atualidade, em contrapartida, nos impõe. Freud, sensível às variações da demanda, já reconhecia a dimensão normativa e arbitrária do número de sessões, valorizando a sua intensidade em detrimento da sua longevidade, mesmo levando em consideração o mecanismo da resistência.
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