OBVIEDADES NÃO ÓBVIAS DA EDUCAÇÃO SOBRE EDUCAÇÃO, O QUE SE DIZ; NÃO SE DIZ; É PROIBIDO DIZER; É FALSO DIZER. E O QUE SE DEVERIA DIZER

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Antônio da Silva, Renan
Data de Publicação: 2021
Outros Autores: Demo, Pedro
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista de Estudos Interdisciplinares
Texto Completo: https://revistas.ceeinter.com.br/revistadeestudosinterdisciplinar/article/view/56
Resumo: Educação é terreno minado, porque é permeado por dinâmicas de poder. Sua importância não está nos sussurros sublimes de cunho formativo, na ética obsequiosa da pedagogia, no compromisso com a aprendizagem dos estudantes; isto existe, mas tende a ser da rodem dos enfeites. Sua importância está em sua politicidade, a capacidade que abriga de se alinhar ou se desalinhar do poder dominante. O exercício da educação implica, no educador, uma relação de poder de cima, também hierárquica natural ou usurpada, e, no educando, a contramão da mesma clivagem. No educador, pode ocorrer a pretensão de manietar o educando; neste pode ocorrer uma conquista emancipatória, até mesmo à revelia do educador. Leve-se em conta ainda que, tratandose de dinâmicas da vida, são ambíguas, complexas, em grande parte imprevisíveis, sempre incompletas (DEACON, 2012). Tem aluno que aprende apesar do professor e professor que se desempenha bem apesar do aluno. Tudo isso é possível, porque a relação não é causal mecânica como regra: educação não se causa, se media. Mediação facilmente é um imbróglio político intenso, porque nenhum controle é linearmente efetivo. Ademais, educação é indústria global pesadíssima (VERGER et alii, 2016; WORLD BANK, 2018; KLEES, 2017; NARAYAN; WEIDE, 2018), também porque é típico “investimento”, computado em competitividade e produtividade, movimentando grandes instituições, orçamentos cada vez mais significativos, focado em “capital humano” (RINDERMANN, 2018), considerado o “capital” mais decisivo para ocupar a liderança mundial e turbinar o progresso econômico etecnológico (LEE, 2018; DUDERSTADT, 2003). A ideia de considerar o acesso universitário como direito fundamental também espraia a corrida por educação superior exponencialmente mais. A noção de aprender a aprender ou de formação permanente implica esticar o processo a vida toda, o que, de um lado, apenas reconhece a dinâmica evolucionária natural aberta de autoformação infinda, e, doutro, turbina o “negócio” da educação. Esta mistura de “negócio” e “direito” envenenasua politicidade. 
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