A perspectiva de mulheres negras em psicoterapia: os atravessamentos de raça e gênero na interação clínica

• Autor(a) principal: Carvalho, Júlia Cavalcante
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional do UniCEUB
• Texto Completo: https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/prefix/17012
• topic: Interseccionalidade; Psicoterapia; Mulher negra

Tomando por base o cenário brasileiro, no que se refere ao processo de construção identitária da população negra, bem como as especificidades postas em função de marcadores de gênero, compreende-se a permanência de fenômenos discriminatórios os quais atingem de maneira singular mulheres de diferentes pertencimentos étnico-raciais. De tal maneira, os marcadores de raça e gênero emergem socialmente e, portanto, devem ser considerados em influência tanto nos diferentes processos de sofrimento, como na construção de subjetividades. Assim sendo, a procura pelo atendimento psicológico decorrente de demandas variáveis mostra-se envolta por aspectos individuais, assim como por temáticas sociais as quais potencialmente podem emergir. Diante disso, emerge a necessidade do letramento por parte do profissional da Psicologia, no que se refere aos fenômenos sociais e na inter-relação clínica. Assim, o objetivo central do trabalho voltou-se à análise da perspectiva de mulheres negras em psicoterapia sobre os atravessamentos de questões raciais e de gênero na interação clínica com os profissionais da psicologia que lhes atendem. Através de tal perspectiva, buscou-se identificar a maneira pela qual os profissionais da Psicologia manejam sua atuação diante de relatos de racismo e sexismo, além de favorecer a compreensão quanto os impactos de tais discriminações na produção de subjetividades de mulheres negras. Dentre os principais resultados obtidos, destaca-se (a) os diálogos da interseccionalidade de raça e gênero na impressão da experiência subjetiva das entrevistadas; (b) o comportamento do(a) profissional da psicologia de não nomeação do caráter racial da problemática apresentada pelas clientes; (c) a não exploração- por parte do(a) profissional da psicologia- da identidade racial das clientes; (d) a paralisação do processo terapêutico por parte das clientes- em virtude dos aspectos anteriormente citados-; (e) procura de profissionais da psicologia em um contexto de paridade racial.