Exposição ocupacional ao mercúrio em trabalhadores do ambulatório odontológico de um Posto de Atendimento Médico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Jesus, Leda Diva Freitas de
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24625
Resumo: O mercúrio, metal tóxico para os seres vivos e o meio ambiente, representa cerca de 50% do amálgama dentário, material restaurador amplamente utilizado na odontologia. A armazenagem e o descarte inadequados das sobras de amálgama são apontados pela literatura científica e pela OMS como fonte de contaminação ambiental por mercúrio, pois, mais de sete mil toneladas do metal são despejadas anualmente no meio ambiente na forma desse composto. O objetivo deste trabalho foi avaliar a exposição ocupacional ao mercúrio na odontologia. Comparou-se um grupo de cirurgiões-dentistas expostos ao mercúrio pelo manuseio do amálgama em um Posto de Atendimento Médico (PAM) da cidade do Rio de Janeiro e outro grupo que, em consultórios particulares, exerce exclusivamente especialidades que não requerem o uso do metal. Os trabalhadores auxiliares do PAM também foram avaliados. Coletaram-se amostras de ar do ambiente (forma ativa com impingers e passiva com dosímetros) e de urina dos participantes, nas quais a concentração de mercúrio foi determinada por espectrometria de absorção atômica com vapor frio. Determinou-se uma concentração média de mercúrio na urina, em µg L-1 , de 1,79 ± 0,68 para os dentistas expostos, de 0,92 ± 0,33 para o grupo não exposto ocupacionalmente e de 1,7 ± 0,77 para os auxiliares. Verificou-se uma concentração média de mercúrio no ar coletada com impingers, em µg m-3 , de 0,35 ± 0,04 para os consultórios “expostos” e de 0,19 ± 0,05 para o ambiente de trabalho do grupo controle. Dentre as amostras coletadas por dosímetro, uma referente ao PAM apresentou concentração de 2,30 ± 0,13 µg m-3 , enquanto todas as demais estavam iguais ou abaixo do limite de detecção da metodologia. Embora todos os resultados tenham sido abaixo dos valores limites estabelecidos pela legislação brasileira, o teste t de Student mostrou diferença estatisticamente significativa entre as amostras de urina (p = 0,038; IC 95%) e as de ar coletadas com impingers (p = 0,038; IC 95%) dos dois grupos. O coeficiente de correlação de Spearman mostrou associação positiva entre os níveis de mercúrio nos impingers e na urina tanto do grupo exposto (ρ = 0,129) quanto do controle (ρ = 0,761), entre concentração de mercúrio na urina e sexo do grupo exposto (ρ = 0,754) e do controle (ρ = 1), bem como entre concentração de mercúrio na urina e tempo de exercício da profissão do grupo exposto (ρ = 0,629) e do não exposto (ρ = 0,354). Considerou-se como escassa a existência de cirurgiões-dentistas totalmente livres da exposição ao mercúrio. Concluiu-se que a manipulação do amálgama, mesmo em pequena quantidade, resultou em contaminação ambiental e biológica pelo mercúrio, a qual pode ter sido potencializada pela ventilação inadequada do local, descarte inadequado dos resíduos de amálgama e das cápsulas de amálgama vazias, bem como pelo uso incompleto de EPIs. Apesar das deficiências estruturais e falhas no gerenciamento de seus resíduos, a organização do trabalho no PAM oferecia boas condições aos trabalhadores. Recomendou-se a não utilização do amálgama e a implantação de medidas minimizadoras da exposição ocupacional e da contaminação ambiental proveniente do mercúrio presente no amálgama.
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Comparou-se um grupo de cirurgiões-dentistas expostos ao mercúrio pelo manuseio do amálgama em um Posto de Atendimento Médico (PAM) da cidade do Rio de Janeiro e outro grupo que, em consultórios particulares, exerce exclusivamente especialidades que não requerem o uso do metal. Os trabalhadores auxiliares do PAM também foram avaliados. Coletaram-se amostras de ar do ambiente (forma ativa com impingers e passiva com dosímetros) e de urina dos participantes, nas quais a concentração de mercúrio foi determinada por espectrometria de absorção atômica com vapor frio. Determinou-se uma concentração média de mercúrio na urina, em µg L-1 , de 1,79 ± 0,68 para os dentistas expostos, de 0,92 ± 0,33 para o grupo não exposto ocupacionalmente e de 1,7 ± 0,77 para os auxiliares. Verificou-se uma concentração média de mercúrio no ar coletada com impingers, em µg m-3 , de 0,35 ± 0,04 para os consultórios “expostos” e de 0,19 ± 0,05 para o ambiente de trabalho do grupo controle. 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The inadequate storage and disposal of amalgam wastes are pointed out by scientific literature and by the World Health Organization (WHO) as a source of environmental contamination by mercury on account of the annual disposal of over seven thousand tons of the metal in that compound form. The aim of this work was to evaluate the occupational exposure to mercury in dentistry. A group of dentists that were often exposed to mercury due to the handling of amalgam in a Community Health Center in Rio de Janeiro, Brazil, was compared to another group of dentists that work exclusively in private offices and whose specialties do not involve the use of dental amalgam. The assistants at the Community Health Center were also evaluated. Air samples were collected (actively with impingers and passively with dosimeters), as well as urine samples from the participants, in which the mercury concentration was determined by cold vapor atomic absorption spectrometry. The average mercury concentration in the urine of the exposed dentists was, in µg L-1 , at 1.79 ± 0.68, at 0.92 ± 0.33 for control group and at 1.7 ± 0.77 in the assistants. The average concentration of mercury in the air collected with impinger, in µg m-3 , was at 0.35 ± 0.04 in the “exposed” offices and at 0.19 ± 0.05 in the work environment of the group that was occupationally unexposed to mercury. Among the samples that were collected by means of a dosimeter, one of them presented mercury concentration at 2,30 ± 0,13 µg m3, whilst the remaining samples concentrations were equal or under the detection limit of the methodology. Although all the results presented are under the limit values established by the Brazilian legislation, the Student’s t Test showed a difference statistically significant between the urine samples (p = 0.038; IC 95%) and the air samples collected with impingers (p = 0.038; IC 95%) from both groups. The Spearman’s coefficient showed a positive correlation between the mercury levels in the impingers and in the urine of both the exposed group (ρ = 0.129) and in control (ρ = 0.761); between the mercury concentration in urine and gender of the exposed group (ρ = 0.754) and in control (ρ = 1); and mercury concentration in urine and exposure time (ρ = 0.629) for the exposed group and (ρ = 0.354) for the unexposed group). The number of dentists completely free of mercury exposure was considered scarce. In conclusion, handling of amalgam, even in small quantities, resulted in biological and environmental contamination by mercury which may have been intensified by local inadequate ventilation, inappropriate disposal of amalgam wastes and empty amalgam capsules, as well as incomplete use of IPE. Despite its structural deficiencies and problems with the management of wastes, the work organization at the Community Health Center provided good work conditions to the professionals. It was recommended that the dentists avoid using amalgam and measures should be taken in order to minimize occupational exposure and environmental contamination by mercury contained in amalgam.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porAmálgama DentárioMercúrioExposição OcupacionalCirurgião DentistaOdontologiaDental AmalgamMercuryOccupational ExposureDentistDentistryAmálgama Dentário/efeitos adversosMercúrio/toxicidadeExposição OcupacionalMercúrio/urinaExposição ocupacional ao mercúrio em trabalhadores do ambulatório odontológico de um Posto de Atendimento MédicoOccupational exposure to mercury in dental workers in an outpatient medical stationsinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisEscola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz.Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca.Rio de Janeiro/RJPrograma de Pós-Graduação em Saúde Públicainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZORIGINALve_Leda_Diva_ENSP_2011application/pdf3241620https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/24625/1/ve_Leda_Diva_ENSP_2011bc3a591ef56b5555d75f9723e3fe6b51MD51LICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/24625/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXT1081.pdf.txt1081.pdf.txtExtracted texttext/plain305379https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/24625/3/1081.pdf.txt6810487af4ea9a02fd52dae011961c90MD53ve_Leda_Diva_ENSP_2011.txtve_Leda_Diva_ENSP_2011.txtExtracted texttext/plain305379https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/24625/4/ve_Leda_Diva_ENSP_2011.txt6810487af4ea9a02fd52dae011961c90MD54icict/246252023-01-17 14:49:23.296oai:www.arca.fiocruz.br:icict/24625Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352023-01-17T17:49:23Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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