Fatores de risco associados à laceração perineal: uma análise baseada nos dados do Inquérito Nascer no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gomes, Luciana Mamede
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/59288
Resumo: Introdução: A laceração perineal se caracteriza por trauma nos tecidos perivaginais durante a expulsão fetal no parto vaginal. Inúmeros fatores de risco já foram elucidados pela literatura, todavia, os resultados ainda são divergentes. Objetivo: Verificar a prevalência da laceração perineal e seus principais fatores de risco. Métodos: Foi realizado estudo transversal baseado nos dados do Inquérito “Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre o Parto e Nascimento” de âmbito nacional e base hospitalar, realizado entre 2011 e 2012, com 23.894 puérperas. Foram excluídas as mulheres com gestação gemelar, que foram submetidas a cesariana e aquelas em que foi realizado episiotomia. A variável dependente, laceração perineal, foi obtida nos registros do questionário da mulher com base na sua percepção. As variáveis independentes foram ,organizadas em três níveis, o distal que se referiu às características sociodemográficas (idade materna, cor da pele, região do domicílio, escolaridade materna e classe econômica), o intermediário referente ao feto/recém-nato (apresentação fetal, peso ao nascer em relação à idade gestacional) e as questões maternas (estado nutricional pré-gestacional, adequação do ganho de peso gestacional e paridade), e o nível proximal que foi constituído pelas condutas e intervenções da equipe obstétrica (indução do trabalho de parto, posição da parturiente adotada no período expulsivo, prescrição de analgésico/ anestesia, manobra de Kristeller, e parto instrumental). A avaliação foi realizada a partir dos resultados das análises bivariadas e seus respectivos valores-p, com nível de significância < 0,20. Para a análise multivariada, foram inseridas as variáveis contidas no nível distal, conservadas no modelo quando significativas. Resultados: Das 5.397 puérperas avaliadas, 48% relataram ter tido laceração perineal. Os fatores associados ao desfecho no nível distal foram a idade materna entre 12 e 19 anos (OR= 1,37; IC 95%: 1,03-1,83) e a região de domicílio (Centro-Oeste (OR= 2,42; IC 95%: 1,49-3,94), Sudeste (OR= 2,31; IC 95%: 1,54-3,46), Sul (OR= 1,73; IC 95%: 1,12-2,68), Nordeste (OR= 1,55; IC 95%: 1,05-2,30). No nível intermediário, foi o peso ao nascimento referente ao recém-nascido pequeno para idade gestacional (OR= 0,53; IC 95%: 0,36-0,80) e a primiparidade (OR= 2,72; IC 95%: 1,99-3,70). No nível proximal, apenas a manobra de Kristeller foi associada ao desfecho (OR= 1,41; IC 95% 1,14-1,75). Conclusão: Ser adolescente, primípara, residir em qualquer região do país, com exceção da Norte e ter experienciado manobra de Kristeller no parto foram fatores que aumentaram a chance de laceração perineal. Todavia, ter tido recém-nascido pequeno para idade gestacional foi um fator protetor. Apesar de inúmeros fatores não serem passíveis de intervenção, reitera-se a relevância da adoção das recomendações de assistência ao parto vigentes.
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Métodos: Foi realizado estudo transversal baseado nos dados do Inquérito “Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre o Parto e Nascimento” de âmbito nacional e base hospitalar, realizado entre 2011 e 2012, com 23.894 puérperas. Foram excluídas as mulheres com gestação gemelar, que foram submetidas a cesariana e aquelas em que foi realizado episiotomia. A variável dependente, laceração perineal, foi obtida nos registros do questionário da mulher com base na sua percepção. As variáveis independentes foram ,organizadas em três níveis, o distal que se referiu às características sociodemográficas (idade materna, cor da pele, região do domicílio, escolaridade materna e classe econômica), o intermediário referente ao feto/recém-nato (apresentação fetal, peso ao nascer em relação à idade gestacional) e as questões maternas (estado nutricional pré-gestacional, adequação do ganho de peso gestacional e paridade), e o nível proximal que foi constituído pelas condutas e intervenções da equipe obstétrica (indução do trabalho de parto, posição da parturiente adotada no período expulsivo, prescrição de analgésico/ anestesia, manobra de Kristeller, e parto instrumental). A avaliação foi realizada a partir dos resultados das análises bivariadas e seus respectivos valores-p, com nível de significância < 0,20. Para a análise multivariada, foram inseridas as variáveis contidas no nível distal, conservadas no modelo quando significativas. Resultados: Das 5.397 puérperas avaliadas, 48% relataram ter tido laceração perineal. Os fatores associados ao desfecho no nível distal foram a idade materna entre 12 e 19 anos (OR= 1,37; IC 95%: 1,03-1,83) e a região de domicílio (Centro-Oeste (OR= 2,42; IC 95%: 1,49-3,94), Sudeste (OR= 2,31; IC 95%: 1,54-3,46), Sul (OR= 1,73; IC 95%: 1,12-2,68), Nordeste (OR= 1,55; IC 95%: 1,05-2,30). No nível intermediário, foi o peso ao nascimento referente ao recém-nascido pequeno para idade gestacional (OR= 0,53; IC 95%: 0,36-0,80) e a primiparidade (OR= 2,72; IC 95%: 1,99-3,70). No nível proximal, apenas a manobra de Kristeller foi associada ao desfecho (OR= 1,41; IC 95% 1,14-1,75). Conclusão: Ser adolescente, primípara, residir em qualquer região do país, com exceção da Norte e ter experienciado manobra de Kristeller no parto foram fatores que aumentaram a chance de laceração perineal. Todavia, ter tido recém-nascido pequeno para idade gestacional foi um fator protetor. Apesar de inúmeros fatores não serem passíveis de intervenção, reitera-se a relevância da adoção das recomendações de assistência ao parto vigentes.Introduction: Perineal laceration is characterized by trauma to the perivaginal tissues during fetal expulsion in vaginal delivery. Numerous risk factors have already been elucidated in the literature, however, the results are still divergent. Objective: To verify the prevalence of perineal laceration and its main risk factors. Methods: A cross-sectional study was carried out based on data from the Survey “Birth in Brazil: National Survey on Childbirth and Birth” nationwide and hospital-based, carried out between 2011 and 2012, with 23,894 mothers. Women with twin pregnancies, who underwent cesarean section and those who underwent episiotomy were excluded. The dependent variable, perineal laceration, was obtained from the woman's questionnaire records based on her perception. The independent variables were organized into three levels, the distal one referring to sociodemographic characteristics (maternal age, skin color, region of domicile, maternal education and economic class), the intermediate one referring to the fetus/newborn (fetal presentation, weight at birth in relation to gestational age) and maternal issues (pre-gestational nutritional status, adequacy of gestational weight gain and parity), and the proximal level that was constituted by factors related to the conduct and interventions of the obstetric team (induction of labor delivery, position of the parturient adopted during the second stage, prescription of analgesics/anesthesia, Kristeller maneuver, and instrumental delivery). The evaluation was carried out based on the results of the bivariate analyzes and their respective p-values, with a significance level < 0.20. For the multivariate analysis, the variables contained in the distal level were inserted, kept in the model when significant. Results: Of the 5,397 postpartum women evaluated, 48% reported having had a perineal laceration. Factors associated with the outcome at the distal level were maternal age between 12 and 19 years (OR= 1.37; 95% CI: 1.03-1.83) and region of domicile (Midwest (OR= 2, 42; 95% CI: 1.49-3.94), Southeast (OR= 2.31; 95% CI: 1.54-3.46), South (OR= 1.73; 95% CI: 1. 12-2.68), Northeast (OR= 1.55; 95% CI: 1.05-2.30). At the intermediate level, it was the birth weight for the small-for-gestational-age newborn (OR= 0 .53; 95% CI: 0.36-0.80) and primiparity (OR= 2.72; 95% CI: 1.99-3.70). At the proximal level, only the Kristeller maneuver was associated with outcome (OR= 1.41; 95% CI 1.14-1.75) Conclusion: Being a teenager, primiparous, residing in any region of the country and having experienced the Kristeller maneuver during childbirth were factors that increased the chance of perineal laceration However, having a small-for-gestational-age newborn was a protective factor. Although many factors are not subject to intervention, the importance of adopting care recommendations is reiterated. to delivery in force.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porLaceração PerinealFatores de RiscoParto NormalPerineal LacerationRisk FactorsNormal BirInquéritos EpidemiológicosFatores de RiscoParto Normalestatística e dados numéricosFatores de risco associados à laceração perineal: uma análise baseada nos dados do Inquérito Nascer no Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2022Instituto Nacional de Saúde da Mulher da Criança e do Adolescente Fernandes FigueiraFundação Oswaldo CruzRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulherinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/59288/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALluciana_gomes_iff_mest_2022.pdfapplication/pdf2836571https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/59288/2/luciana_gomes_iff_mest_2022.pdfba0801abe78c7f9eeb518b63989cc219MD52icict/592882023-06-30 08:51:44.653oai:www.arca.fiocruz.br:icict/59288Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352023-06-30T11:51:44Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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