Biotipologia criminal no Rio de Janeiro da Era Vargas: Leonídio Ribeiro, Waldemar Berardinelli e os “inimigos biológicos” (1930-1945)
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
Texto Completo: | https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/58889 |
Resumo: | No decorrer desta dissertação de mestrado, iremos discorrer sobre as correlações ideológicas e teórico-metodológicas entre as interpretações médico-científicas ocidentais oitocentistas em torno do fenômeno criminológico, as concepções eugênico-científicas a respeito da qualidade do patrimônio antropológico-biológico das populações brasileiras, e as técnicas médico-científicas de identificação, de classificação, e de hierarquização dos cidadãos pertencentes às “classes perigosas”. Para isso, iremos investigar as particularidades das pesquisas biotipológicas desenvolvidas pelos médicos-cientistas Leonídio Ribeiro e Waldemar Berardinelli no Laboratório de Antropologia Criminal do Instituto de Identificação do Rio de Janeiro, durante a Era Vargas (1930-1945). Nesse contexto, iremos argumentar que, a partir da biotipologia criminal, que representaria uma continuação técnico-científica criminologicamente aplicada do arcabouço ideológico e teórico-metodológico da disciplina eugênica, os nossos dois personagens principais patrocinaram, quer tenha sido consciente, quer tenha sido inconscientemente, o desenvolvimento de uma hierarquia sociopolítica das populações brasileiras, em função dos seus respectivos patrimônios antropológico-biológicos. Dessa forma, os resultados das pesquisas biotipológicas de Leonídio Ribeiro e Waldemar Berardinelli proporcionaram uma “legitimidade” médico-científica ao funcionamento dos mecanismos de repressão sociopolítica dos cidadãos pertencentes às “classes perigosas”, especialmente os criminosos e os “anormais”, que começaram a ser considerados “biologicamente inferiores” aos demais cidadãos brasileiros. De forma semelhante, iremos demonstrar que, a partir da aplicação dos princípios ideológicos e teóricometodológicos da biotipologia criminal, estabeleceu-se uma dinâmica de enfrentamento sociopolítico entre populações brasileiras “biologicamente distintas”, correspondendo ao funcionamento de um “racismo de Estado” (Foucault, 2005). Portanto, iremos abordar a diversidade de argumentos médico-científicos em torno das investigações criminológicas, destacando os seus diálogos transdisciplinares, transgeracionais, e os seus impactos sociopolíticos. |
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Felberg, Bernardo MarizWegner, Robert2023-06-02T15:28:27Z2023-06-02T15:28:27Z2022FELBERG, Bernardo Mariz. Biotipologia criminal no Rio de Janeiro da Era Vargas: Leonídio Ribeiro, Waldemar Berardinelli e os “inimigos biológicos” (1930-1945). 2022. 146 f. Dissertação (Mestrado em História das Ciências e da Saúde) – Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2022.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/58889No decorrer desta dissertação de mestrado, iremos discorrer sobre as correlações ideológicas e teórico-metodológicas entre as interpretações médico-científicas ocidentais oitocentistas em torno do fenômeno criminológico, as concepções eugênico-científicas a respeito da qualidade do patrimônio antropológico-biológico das populações brasileiras, e as técnicas médico-científicas de identificação, de classificação, e de hierarquização dos cidadãos pertencentes às “classes perigosas”. Para isso, iremos investigar as particularidades das pesquisas biotipológicas desenvolvidas pelos médicos-cientistas Leonídio Ribeiro e Waldemar Berardinelli no Laboratório de Antropologia Criminal do Instituto de Identificação do Rio de Janeiro, durante a Era Vargas (1930-1945). Nesse contexto, iremos argumentar que, a partir da biotipologia criminal, que representaria uma continuação técnico-científica criminologicamente aplicada do arcabouço ideológico e teórico-metodológico da disciplina eugênica, os nossos dois personagens principais patrocinaram, quer tenha sido consciente, quer tenha sido inconscientemente, o desenvolvimento de uma hierarquia sociopolítica das populações brasileiras, em função dos seus respectivos patrimônios antropológico-biológicos. Dessa forma, os resultados das pesquisas biotipológicas de Leonídio Ribeiro e Waldemar Berardinelli proporcionaram uma “legitimidade” médico-científica ao funcionamento dos mecanismos de repressão sociopolítica dos cidadãos pertencentes às “classes perigosas”, especialmente os criminosos e os “anormais”, que começaram a ser considerados “biologicamente inferiores” aos demais cidadãos brasileiros. De forma semelhante, iremos demonstrar que, a partir da aplicação dos princípios ideológicos e teóricometodológicos da biotipologia criminal, estabeleceu-se uma dinâmica de enfrentamento sociopolítico entre populações brasileiras “biologicamente distintas”, correspondendo ao funcionamento de um “racismo de Estado” (Foucault, 2005). Portanto, iremos abordar a diversidade de argumentos médico-científicos em torno das investigações criminológicas, destacando os seus diálogos transdisciplinares, transgeracionais, e os seus impactos sociopolíticos.During this master's dissertation, we will discuss the ideological and theoreticalmethodological correlations between the 19th century western medical-scientific interpretations around the criminological phenomenon, the eugenic-scientific conceptions about the quality of the anthropological-biological heritage of Brazilian populations, and the medical-scientific techniques of identification, classification, and ranking of citizens belonging to the “dangerous classes”. For this, we will investigate the particularities of biotypological research carried out by physicians-scientists Leonídio Ribeiro and Waldemar Berardinelli at the Criminal Anthropology Laboratory of the Identification Institute of Rio de Janeiro, during the Vargas Era (1930-1945). In this context, we will argue that, through criminal biotypology, which would represent a criminologically applied technical-scientific continuation of the ideological and theoretical-methodological framework of the eugenics discipline, our two main characters sponsored, whether consciously or unconsciously, the development of a socio-political hierarchy of Brazilian populations, based on their respective anthropological-biological heritage. Therefore, the results of the biotypological research by Leonídio Ribeiro and Waldemar Berardinelli provided a medical-scientific “legitimacy” to the functioning of the mechanisms of sociopolitical repression of citizens belonging to the “dangerous classes”, especially the criminals and the “abnormal”, that began to be considered “biologically inferior” to other Brazilian citizens. In a similar way, we will demonstrate that, through the application of the ideological and theoretical-methodological principles of criminal biotypology, a dynamic of sociopolitical confrontation between “biologically distinct” Brazilian populations was established, corresponding to the functioning of a “State racism” (Foucault, 2005). Therefore, we will address the diversity of medicalscientific arguments around criminological investigations, highlighting their transdisciplinary, transgenerational dialogues, and their sociopolitical impacts.Fundação Oswaldo Cruz. Casa de Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porPreconceito RacialBiotipologiaEra vargasRacismPrejudiceBiotypologyEugenia (Ciência)Antropologia ForenseRacismo SistêmicoHistória do Século XXBiotipologia criminal no Rio de Janeiro da Era Vargas: Leonídio Ribeiro, Waldemar Berardinelli e os “inimigos biológicos” (1930-1945)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesis2022Casa de Oswaldo CruzFundação Oswaldo CruzMestrado AcadêmicoRio de JaneiroPrograma de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúdeinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/58889/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALDissertao-final_Bernardo-Felberg.pdfapplication/pdf1111802https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/58889/2/Dissertao-final_Bernardo-Felberg.pdf9b710f453f8d82b677886d4040ba7a2bMD52icict/588892023-06-02 12:28:28.081oai:www.arca.fiocruz.br:icict/58889Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352023-06-02T15:28:28Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false |
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