Intoxicação experimental em bovinos pelas folhas de Ricinus communis
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Data de Publicação: | 2014 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online) |
Texto Completo: | https://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/17140 |
Resumo: | Foram realizados experimentos com as folhas verdes recém-colhidas de talos esbranquiçados e arroxeados e com as folhas dessecadas de Ricinus communis L., procedentes do Estado do Rio de Janeiro, administradas por via oral a 25 bovinos jovens desmamados, variando as quantidades e as épocas do ano. No Estado do Ceará foram realizados adicionalmente experimentos em 12 bovinos com as folhas verdes recém-colhidas e as folhas murchas quentes, deixadas uma hora no sol. Não houve diferença na toxidez entre as folhas de talo esbranquiçado e as de talo arroxeado de R. communis, entre as do Estado do Rio de Janeiro e as do Ceará, e também não entre as folhas murchas quentes e as folhas verdes recém-colhidas. A dose de 20 g/kg das folhas causou a morte em 8 de 12 bovinos; quantidades de 10 a 12,9 g/k, administradas a 11 bovinos, causaram a morte de somente um deles, um que tinha ingerido 10 g/kg. A planta não mostrou efeito acumulativo, mas há indicação de desenvolvimento de pequena tolerância à ingestão da planta. As folhas dessecadas coletadas até 19 semanas antes de sua administração e guardadas em temperatura ambiente, perderam aproximadamente metade de sua toxidez. Os principais sintomas de intoxicação nos bovinos pelas folhas de R. communis, em todos os experimentos, foram de ordem neuromuscular. Foram observados desequilíbrio no andar, necessidade de se deitar após curta marcha, dificuldades ao deitar, tremores musculares, sialorréia, movimentos vazios de mastigação, eructação excessiva, recuperação ou morte rápidas. Os primeiros sintomas apareceram entre 3 e 6 horas após a ingestão da planta. Nos casos de sobrevivência, os sintomas perduraram por 2 a 10 horas; entre a administração da planta e a recuperação dos animais o prazo máximo foi de 13 horas. Nos casos de morte, a duração dos sintomas de intoxicação era de 2 a 15 horas; entre a administração da planta e a morte dos animais decorreram 5 a 20 horas. Os achados de necropsia nos 11 bovinos que morreram nos experimentos foram praticamente negativos e os histopatológicos consistiram em leve a acentuada degeneração hidrópico-vacuolar no fígado. Os sintomas neuromusculares observados nestes experimentos com as folhas de R. communis indicam que o princípio tóxico é diferente da ricina, responsável pela toxicidade das sementes, que causam um quadro gastrintestinal. |
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Intoxicação experimental em bovinos pelas folhas de Ricinus communisExperimental poisoning by the leaves of Ricinus communis in cattlePlantas tóxicas; intoxicação por planta; mamona; carrapateiraPoisonous plants; plant poisoning; castor bean; castor-oil plantForam realizados experimentos com as folhas verdes recém-colhidas de talos esbranquiçados e arroxeados e com as folhas dessecadas de Ricinus communis L., procedentes do Estado do Rio de Janeiro, administradas por via oral a 25 bovinos jovens desmamados, variando as quantidades e as épocas do ano. No Estado do Ceará foram realizados adicionalmente experimentos em 12 bovinos com as folhas verdes recém-colhidas e as folhas murchas quentes, deixadas uma hora no sol. Não houve diferença na toxidez entre as folhas de talo esbranquiçado e as de talo arroxeado de R. communis, entre as do Estado do Rio de Janeiro e as do Ceará, e também não entre as folhas murchas quentes e as folhas verdes recém-colhidas. A dose de 20 g/kg das folhas causou a morte em 8 de 12 bovinos; quantidades de 10 a 12,9 g/k, administradas a 11 bovinos, causaram a morte de somente um deles, um que tinha ingerido 10 g/kg. A planta não mostrou efeito acumulativo, mas há indicação de desenvolvimento de pequena tolerância à ingestão da planta. As folhas dessecadas coletadas até 19 semanas antes de sua administração e guardadas em temperatura ambiente, perderam aproximadamente metade de sua toxidez. Os principais sintomas de intoxicação nos bovinos pelas folhas de R. communis, em todos os experimentos, foram de ordem neuromuscular. Foram observados desequilíbrio no andar, necessidade de se deitar após curta marcha, dificuldades ao deitar, tremores musculares, sialorréia, movimentos vazios de mastigação, eructação excessiva, recuperação ou morte rápidas. Os primeiros sintomas apareceram entre 3 e 6 horas após a ingestão da planta. Nos casos de sobrevivência, os sintomas perduraram por 2 a 10 horas; entre a administração da planta e a recuperação dos animais o prazo máximo foi de 13 horas. Nos casos de morte, a duração dos sintomas de intoxicação era de 2 a 15 horas; entre a administração da planta e a morte dos animais decorreram 5 a 20 horas. Os achados de necropsia nos 11 bovinos que morreram nos experimentos foram praticamente negativos e os histopatológicos consistiram em leve a acentuada degeneração hidrópico-vacuolar no fígado. Os sintomas neuromusculares observados nestes experimentos com as folhas de R. communis indicam que o princípio tóxico é diferente da ricina, responsável pela toxicidade das sementes, que causam um quadro gastrintestinal.The leaves of Ricinus communis L. are said, particularly in northeastern Brazil, to be toxic to cattle. References in the literature to the toxicity of the leaves of this plant are scarce, vague and contradictory. Fresh green leaves and, in a few experiments, the dried leaves of R. communis, collected in the State of Rio de Janeiro, were given orally to 25 bovines in different amounts and at different periods of the year, and in some animals the doses were repeated. The experiments were made with leaves with whitish and with violet stems. Additionally a series of experiments was performed in 12 bovines in the State of Ceará, northeastern Brazil, with the fresh green and with the wilted sun-warm leaves, left in the sun for one hour; in both cases the stems were whitish. There was no difference in the toxicity of the leaves with whitish and with violet stems, between the leaves from the State of Rio de Janeiro and those from the State of Ceará, as also not between the fresh green and the wilted sun-warm leaves. The dosis of 20 g/kg of the leaves caused death in 8 of 12 bovines; doses from 10 to 12.9 g/kg given to 11 bovines, caused the death of only one of them, one which had received 10 g/kg. The plant had no cumulative effect. Probably there is the development of a small tolerance. The dried leaves collected up to 19 weeks before experimentation and kept at room temperature, lost approximately half of its toxicity. The clinical signs, caused by ingestion of the leaves of R. communis, those from the State of Rio de Janeiro as well as those from Ceará, the fresh green, the wilted sun-warm leaves, and the dried leaves, were always the same and were mainly neuro-muscular in nature; swaying gait, necessity to lie down after short periods of exercise, difficulties in lying down, muscular tremors, salivation, chewing movements, excessive eructation, and recovery in a short period or death. The first signs appeared between 3 and 6 hours after ingestion of the leaves. When the animals survived, the signs lasted between 2 and 10 hours. Recovery was complete within 13 hours, at the most. When the animals died, the signs lasted between 2 and 15 hours, and death occurred from 5 to 20 hours after having eaten the leaves. The post-mortem findings were negative and the histopathologic examinations revealed slight to severe hydropic degeneration in the liver. The clinical picture observed in these experiments indicates that the toxic principle of the leaves of R. communis is not ricin which is responsible for the toxicity of the seed. The leaves cause neuro-muscular signs, whereas the seeds cause gastro-intestinal disorders.Pesquisa Agropecuaria BrasileiraPesquisa Agropecuária BrasileiraTokarnia, Carlos HubingerDöbereiner, JürgenCanella, Camillo F.C.2014-04-15info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/17140Pesquisa Agropecuaria Brasileira; v.10, n.8, 1975: Série Veterinária; 1-7Pesquisa Agropecuária Brasileira; v.10, n.8, 1975: Série Veterinária; 1-71678-39210100-104xreponame:Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online)instname:Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)instacron:EMBRAPAporhttps://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/17140/11470info:eu-repo/semantics/openAccess2014-04-15T19:02:12Zoai:ojs.seer.sct.embrapa.br:article/17140Revistahttp://seer.sct.embrapa.br/index.php/pabPRIhttps://old.scielo.br/oai/scielo-oai.phppab@sct.embrapa.br || sct.pab@embrapa.br1678-39210100-204Xopendoar:2014-04-15T19:02:12Pesquisa Agropecuária Brasileira (Online) - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)false |
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