Capacidades estatais aplicadas à segurança pública: análise da execução orçamentária na política de segurança pública no estado de Minas Gerais 2003-2014
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital) |
Texto Completo: | https://hdl.handle.net/10438/28957 |
Resumo: | A Segurança Pública, na contemporaneidade, tornou-se pauta frequente na agenda governamental devido ao aumento da criminalidade, fazendo com que o próprio sistema de segurança ganhasse destaque no debate, sendo alvo de críticas que afirmavam ser essa política ineficiente e ineficaz. Tal afirmação tem sido amparada pelo discurso de que há má gestão do orçamento, mas apesar de tal assertiva, desenhos de política pública com foco na coordenação de ações de segurança são relativamente novas e nenhum desses desenhos apresenta de forma clara o que é Segurança Pública e o quanto ela custa aos cofres públicos. Esse clima de mudança favorável à Segurança Pública foi observado em Minas Gerais, ainda no ano de 2003, quando o estado propôs um desenho de política de Segurança Pública orientada para a integração das corporações, a prevenção social à criminalidade e a repressão qualificada, balizada nas ferramentas de gestão preconizadas pelo New Public Management. Partindo da premissa de que operacionalizar o que se entende por segurança é um desafio à administração pública, que necessita de investimentos em recursos orçamentários, humanos e atributos apropriados para ampliar a capacidade do estado em garantir a segurança, este trabalho busca responder a seguinte pergunta norteadora: A execução orçamentária reflete as capacidades estatais, em Minas Gerais, entre os anos de 2003 e 2014? Nesse sentido, as capacidades estatais – capacidade técnico-administrativa e a capacidade político-relacional – são as variáveis-chave de explicação deste trabalho. O desafio é propor um diálogo com duas áreas que historicamente não confluem: Segurança Pública e orçamento, afinal não se limitam recursos quando a pauta envolve a manutenção da vida dos indivíduos. Outro desafio envolve certa compreensão intuitiva acerca da ausência de transparência da administração pública em tomadas de decisão de alocação orçamentária na política de segurança. Ambos os cenários são entendidos como uma lacuna e uma oportunidade de investigação. Assim, o objetivo geral deste trabalho é analisar a execução orçamentária no campo da Segurança Pública no estado de Minas Gerais, como indicativo do resultado alcançado da implementação de uma política, no período de 2003 a 2014, à luz das capacidades estatais que envolvem a adequação e a disponibilidade de recursos orçamentários mobilizados à época. A metodologia de pesquisa tem o seu escopo qualitativo descritivo para abordar três principais objetivos específicos: a) analisar a execução do orçamento para a Segurança Pública no estado de Minas Gerais no período de 2003 a 2014; b) comparar a alocação orçamentária de recursos entre os pilares da política de Segurança Pública mineira; e c) analisar como o orçamento reflete a presença ou a ausência de capacidades de implementação. Três hipóteses sustentam este trabalho: (i) o orçamento, per se, não explica a presença de maior ou menor capacidade de implementação; (ii) mesmo com boas condições, gestores tendem a responder às capacidades que são imputadas, que no caso mineiro residiu em aplicar grande parte do recurso na folha de pagamento dos atores da Segurança Pública; e (iii) apesar de ser uma das políticas mais caras – a administração do sistema prisional – não é possível inferir sobre custos e investimentos dada a classificação orçamentária defasada aplicada pelo Governo Federal. Como resultados observados, conclui-se que o volume de recursos aplicados no setor não representa necessariamente maior capacidade estatal de implementação da política pública de segurança. No que tange às capacidades técnico-administrativas, o governo de Minas Gerais buscou, em tese, por meio da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, conduzir um modelo de gestão que levava em consideração a correta distribuição de recursos orçamentários bem como de seu monitoramento, contudo, na prática, foi adotada uma estratégia de autorizações orçamentárias menores do que a devida necessidade, impactando a capacidade de implementação do órgão responsável pela política. Além disso, a análise da Função Segurança pouco explica a despesa em Segurança Pública no período. No que tange às capacidades político-relacionais, observa-se que o Poder Executivo priorizou um discurso de prevenção e integração das corporações policiais sem ressonância orçamentária. Outra conclusão observada é que a Polícia Militar de Minas Gerais exerce pressão sobre o Poder Executivo em função das constantes buscas por aumentos salariais. |
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Silva, Laura Angélica MoreiraEscolas::EAESPLima, Renato Sérgio deBueno, SamiraCosta, Bruno Lazzarotti DinizTeixeira, Marco Antônio CarvalhoFernandes, Gustavo Andrey de A. L.2020-04-01T19:09:06Z2020-04-01T19:09:06Z2020-02-28https://hdl.handle.net/10438/28957A Segurança Pública, na contemporaneidade, tornou-se pauta frequente na agenda governamental devido ao aumento da criminalidade, fazendo com que o próprio sistema de segurança ganhasse destaque no debate, sendo alvo de críticas que afirmavam ser essa política ineficiente e ineficaz. Tal afirmação tem sido amparada pelo discurso de que há má gestão do orçamento, mas apesar de tal assertiva, desenhos de política pública com foco na coordenação de ações de segurança são relativamente novas e nenhum desses desenhos apresenta de forma clara o que é Segurança Pública e o quanto ela custa aos cofres públicos. Esse clima de mudança favorável à Segurança Pública foi observado em Minas Gerais, ainda no ano de 2003, quando o estado propôs um desenho de política de Segurança Pública orientada para a integração das corporações, a prevenção social à criminalidade e a repressão qualificada, balizada nas ferramentas de gestão preconizadas pelo New Public Management. Partindo da premissa de que operacionalizar o que se entende por segurança é um desafio à administração pública, que necessita de investimentos em recursos orçamentários, humanos e atributos apropriados para ampliar a capacidade do estado em garantir a segurança, este trabalho busca responder a seguinte pergunta norteadora: A execução orçamentária reflete as capacidades estatais, em Minas Gerais, entre os anos de 2003 e 2014? Nesse sentido, as capacidades estatais – capacidade técnico-administrativa e a capacidade político-relacional – são as variáveis-chave de explicação deste trabalho. O desafio é propor um diálogo com duas áreas que historicamente não confluem: Segurança Pública e orçamento, afinal não se limitam recursos quando a pauta envolve a manutenção da vida dos indivíduos. Outro desafio envolve certa compreensão intuitiva acerca da ausência de transparência da administração pública em tomadas de decisão de alocação orçamentária na política de segurança. Ambos os cenários são entendidos como uma lacuna e uma oportunidade de investigação. Assim, o objetivo geral deste trabalho é analisar a execução orçamentária no campo da Segurança Pública no estado de Minas Gerais, como indicativo do resultado alcançado da implementação de uma política, no período de 2003 a 2014, à luz das capacidades estatais que envolvem a adequação e a disponibilidade de recursos orçamentários mobilizados à época. A metodologia de pesquisa tem o seu escopo qualitativo descritivo para abordar três principais objetivos específicos: a) analisar a execução do orçamento para a Segurança Pública no estado de Minas Gerais no período de 2003 a 2014; b) comparar a alocação orçamentária de recursos entre os pilares da política de Segurança Pública mineira; e c) analisar como o orçamento reflete a presença ou a ausência de capacidades de implementação. Três hipóteses sustentam este trabalho: (i) o orçamento, per se, não explica a presença de maior ou menor capacidade de implementação; (ii) mesmo com boas condições, gestores tendem a responder às capacidades que são imputadas, que no caso mineiro residiu em aplicar grande parte do recurso na folha de pagamento dos atores da Segurança Pública; e (iii) apesar de ser uma das políticas mais caras – a administração do sistema prisional – não é possível inferir sobre custos e investimentos dada a classificação orçamentária defasada aplicada pelo Governo Federal. Como resultados observados, conclui-se que o volume de recursos aplicados no setor não representa necessariamente maior capacidade estatal de implementação da política pública de segurança. No que tange às capacidades técnico-administrativas, o governo de Minas Gerais buscou, em tese, por meio da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, conduzir um modelo de gestão que levava em consideração a correta distribuição de recursos orçamentários bem como de seu monitoramento, contudo, na prática, foi adotada uma estratégia de autorizações orçamentárias menores do que a devida necessidade, impactando a capacidade de implementação do órgão responsável pela política. Além disso, a análise da Função Segurança pouco explica a despesa em Segurança Pública no período. No que tange às capacidades político-relacionais, observa-se que o Poder Executivo priorizou um discurso de prevenção e integração das corporações policiais sem ressonância orçamentária. Outra conclusão observada é que a Polícia Militar de Minas Gerais exerce pressão sobre o Poder Executivo em função das constantes buscas por aumentos salariais.In contemporaneous times, public security has been a frequent item on the government's agenda thanks to the increase in violent criminality. The public security system has gained prominence in the public debate and it is target of criticisms that claims that this public policy is inefficient and ineffective. This statement has been supported by a discourse that there is poor budget management, but despite this assertion, public policies design focused on the coordination of security actions are new and none of them clearly presents what Public Security is and how much it costs to the public coffers. This favorable changing climate was observed in Minas Gerais State in 2003, when the state proposed a new design to the public security policy aimed at the integration of the public security organizations, social prevention of crime and qualified repression, all them based on the management tools recommended by the New Public Management theory. Having as premise that public security operationalization is a challenge to a public administration, due to the fact that it needs budgetary investments, trained human resources and other appropriate attributes to expand the state's capacity to guarantee security, this thesis seeks to answer the following guiding question: Does the budget expenditure reflect the Minas Gerais state capacities between the years 2003 and 2014? Two state capacity theory dimensions, technical-administrative and political-relational capacities- are the key variables to explain this work. The challenge is to have a dialogue between two areas that historically do not talk to each other: Public Security and the budget, after all, resources are unlimited when the agenda involves keeping individuals alive. Other challenge is related to a certain intuitive comprehension that there is a lack of transparency of the public administration in budget allocation decisions related to the security policy. Both scenarios can be understood as a gap and an opportunity of investigation. This leads us to the main objective of this thesis, that is to analyze the budgetary expenditure in the field of public security in Minas Gerais state, as an indication of the result achieved from the policy implementation, in the period from 2003 to 2014, under the light of the state capacity theory that involves the budget resources mobilized at these period adequacy and availability. The research methodology has a descriptive qualitative scope to address three secondary specific objectives: a) analyze the public security budget expenditure in Minas Gerais state from 2003 to 2014; b) compare the budgetary allocation of resources between the Minas Gerais public security policy pillars; and c) analyze how the budget reflects the presence or absence of implementation capacities. Three hypotheses support this thesis: (i) the budget per se does not explain the presence of greater or lesser capacity of implementation, what requires greater technical and administrative capacity over the budget content to make good decisions; (ii) even under good and stable conditions, managers tend to answer to the capacities that are accredited to them, which in Minas Gerais state case has resided in applying a large part of the financial resources on the payroll of public security actors and iii) despite of being one of the most expensive policies - the prison system administration - it is impossible to infer costs and investments on this policy given the outdated budget classification applied by the Federal Government. As achieved results, the conclusion has evinced that the volume of resources invested in the sector does not necessarily represent a greater state capacity to implement the public security policy. Regarding the technical administrative capacity, Minas Gerais state government has sought, in theory, through the State Secretariat for Planning and Management, to conduct a management model that considered the correct distribution of budgetary resources as well as the monitoring. However, in practice, it had been adopted a strategy of budgetary commitments that were smaller than necessary, what has impacted in the implementation capacity of the public policy body. In addition, the analysis of the Security Function has explained little about the expenditure on Public Security in the period. Regarding to the political-relational capacity, it had been observed that the Executive Branch prioritized a discourse of prevention and integration of the police corporations without budgetary resonance. Finally, another conclusion that had been observed is that the Military Police of Minas Gerais puts pressure on the Executive Branch due to its constant search for salary increases.porState capacityPublic budgetPublic securityTransparencyCapacidade estatalOrçamento públicoSegurança públicaTransparênciaAdministração públicaSegurança pública - Minas GeraisInvestimentos públicosPolíticas públicas - Minas GeraisOrçamentoCapacidades estatais aplicadas à segurança pública: análise da execução orçamentária na política de segurança pública no estado de Minas Gerais 2003-2014info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)instname:Fundação Getulio Vargas (FGV)instacron:FGVTEXT01.Tese_LauraAngélica_20200331.pdf.txt01.Tese_LauraAngélica_20200331.pdf.txtExtracted 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Capacidades estatais aplicadas à segurança pública: análise da execução orçamentária na política de segurança pública no estado de Minas Gerais 2003-2014 Silva, Laura Angélica Moreira State capacity Public budget Public security Transparency Capacidade estatal Orçamento público Segurança pública Transparência Administração pública Segurança pública - Minas Gerais Investimentos públicos Políticas públicas - Minas Gerais Orçamento |
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A Segurança Pública, na contemporaneidade, tornou-se pauta frequente na agenda governamental devido ao aumento da criminalidade, fazendo com que o próprio sistema de segurança ganhasse destaque no debate, sendo alvo de críticas que afirmavam ser essa política ineficiente e ineficaz. Tal afirmação tem sido amparada pelo discurso de que há má gestão do orçamento, mas apesar de tal assertiva, desenhos de política pública com foco na coordenação de ações de segurança são relativamente novas e nenhum desses desenhos apresenta de forma clara o que é Segurança Pública e o quanto ela custa aos cofres públicos. Esse clima de mudança favorável à Segurança Pública foi observado em Minas Gerais, ainda no ano de 2003, quando o estado propôs um desenho de política de Segurança Pública orientada para a integração das corporações, a prevenção social à criminalidade e a repressão qualificada, balizada nas ferramentas de gestão preconizadas pelo New Public Management. Partindo da premissa de que operacionalizar o que se entende por segurança é um desafio à administração pública, que necessita de investimentos em recursos orçamentários, humanos e atributos apropriados para ampliar a capacidade do estado em garantir a segurança, este trabalho busca responder a seguinte pergunta norteadora: A execução orçamentária reflete as capacidades estatais, em Minas Gerais, entre os anos de 2003 e 2014? Nesse sentido, as capacidades estatais – capacidade técnico-administrativa e a capacidade político-relacional – são as variáveis-chave de explicação deste trabalho. O desafio é propor um diálogo com duas áreas que historicamente não confluem: Segurança Pública e orçamento, afinal não se limitam recursos quando a pauta envolve a manutenção da vida dos indivíduos. Outro desafio envolve certa compreensão intuitiva acerca da ausência de transparência da administração pública em tomadas de decisão de alocação orçamentária na política de segurança. Ambos os cenários são entendidos como uma lacuna e uma oportunidade de investigação. Assim, o objetivo geral deste trabalho é analisar a execução orçamentária no campo da Segurança Pública no estado de Minas Gerais, como indicativo do resultado alcançado da implementação de uma política, no período de 2003 a 2014, à luz das capacidades estatais que envolvem a adequação e a disponibilidade de recursos orçamentários mobilizados à época. A metodologia de pesquisa tem o seu escopo qualitativo descritivo para abordar três principais objetivos específicos: a) analisar a execução do orçamento para a Segurança Pública no estado de Minas Gerais no período de 2003 a 2014; b) comparar a alocação orçamentária de recursos entre os pilares da política de Segurança Pública mineira; e c) analisar como o orçamento reflete a presença ou a ausência de capacidades de implementação. Três hipóteses sustentam este trabalho: (i) o orçamento, per se, não explica a presença de maior ou menor capacidade de implementação; (ii) mesmo com boas condições, gestores tendem a responder às capacidades que são imputadas, que no caso mineiro residiu em aplicar grande parte do recurso na folha de pagamento dos atores da Segurança Pública; e (iii) apesar de ser uma das políticas mais caras – a administração do sistema prisional – não é possível inferir sobre custos e investimentos dada a classificação orçamentária defasada aplicada pelo Governo Federal. Como resultados observados, conclui-se que o volume de recursos aplicados no setor não representa necessariamente maior capacidade estatal de implementação da política pública de segurança. No que tange às capacidades técnico-administrativas, o governo de Minas Gerais buscou, em tese, por meio da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, conduzir um modelo de gestão que levava em consideração a correta distribuição de recursos orçamentários bem como de seu monitoramento, contudo, na prática, foi adotada uma estratégia de autorizações orçamentárias menores do que a devida necessidade, impactando a capacidade de implementação do órgão responsável pela política. Além disso, a análise da Função Segurança pouco explica a despesa em Segurança Pública no período. No que tange às capacidades político-relacionais, observa-se que o Poder Executivo priorizou um discurso de prevenção e integração das corporações policiais sem ressonância orçamentária. Outra conclusão observada é que a Polícia Militar de Minas Gerais exerce pressão sobre o Poder Executivo em função das constantes buscas por aumentos salariais. |
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