Essays on credit policies

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Teixeira, Lucas Iten
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: eng
Título da fonte: Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10438/27514
Resumo: Esta tese de doutorado engloba três ensaios relacionados à políticas de crédito específicas no Brasil. Em se tratando de um país continental, políticas públicas podem ter impactos diversos nas regiões brasileiras. No último século, a legislação referente ao mercado de crédito brasileiro sofreu variadas mudanças e que agora podem ser melhor avaliadas. Todos os ensaios utilizam o Sistema de Informações de Crédito (SCR) do Banco Central do Brasil como parte da base de dados, integrando-o com outras informações. O primeiro ensaio da tese verifica o impacto da mudança local do valor máximo do imóvel elegível para crédito subsidiado do Sistema Financeiro da Habitação, no contexto de medidas macroprudenciais relacionadas ao mercado imobiliário que tiveram maior relevância após a crise de 2008. Desde Setembro de 2013, este teto passou de R$ 500 mil para R$ 750 mil para os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e o Distrito Federal, enquanto que para os demais Estados o teto passou de R$ 500 mil para R$ 650 mil, criando uma descontinuidade geográfica entre tais regiões. Nesse sentido, comparamos através de Regressão com Descontinuidade municípios ao redor de 75 quilômetros da fronteira entre as regiões com limites distintos. Notamos que houve uma diferença temporária de 15% dos valores das garantias dos financiamentos imobiliários, que são o preço dos próprios imóveis financiados, entre municípios vizinhos que passaram a ter tetos distintos de imóveis elegíveis a este financiamento após seis meses da primeira mudança. Esta diferença permanece após variados testes de falsificação. Por outro lado, a maturidade do crédito imobiliário torna-se mais elevada na região com maior teto. Já em 2016, em um período de crise econômica, a alteração do limite máximo do preço dos imóveis de R$ 750 mil para R$ 950 mil nas Unidades de Federação citadas e de R$ 650 mil para R$ 800 mil nas demais regiões parece impactar menos o preço de imóveis. Quando consideramos as capitais e regiões metropolitanas com tetos distintos, vimos que a diferença entre preços de imóveis se torna maior e permanente ao longo do tempo, através de análises por diferenças em diferenças. Verificamos que tal medida propiciou maior arrecadação de IPTU aos municípios na região com teto maior de eligibilidade do SFH após 2012. Por fim, avaliamos a distorção gerada pela imposição do limite de preços gerada da distribuição dos valores do colateral do financiamento imobiliário. A distorção gerada pelo teto do preço até 2013 ocasionou mudanças da distribuição do preço de imóveis, de forma que a elasticidade da demanda em relação ao preço diminui quatro vezes ao redor dos R$ 500 mil. O segundo ensaio analisa a relação entre crédito e consumo após as mudanças do mercado bancário brasileiro como a alienação fiduciária, a criação do crédito consignado e a lei das falências. sob o nível da chamada área de ponderação, unidade de observação igual ou menor que o município, construída a partir do Censo populacional de 2000 e de 2010. Como variável instrumental do crédito local, medimos a menor distância entre o centróide do CEP de cada região e variados canais físicos bancários georreferenciados: a agência bancária, os postos de atendimento e correspondentes bancários. Utilizamos este crédito instrumentalizado para avaliar seu impacto sobre o consumo local de bens duráveis, através uma cesta de bens como televisão, máquina de lavar, computador e geladeira mensurado pelo questionário amostral do Censo. Encontramos evidência que o aumento de um ponto percentual do crédito em uma área de ponderação pode levar ao aumento de 1.4% na cesta de consumo de bens duráveis local. Já a proximidade física de uma agência bancária ou de um posto de atendimento está relacionado com maior crédito na área compreendida por aquele CEP. Vemos ainda evidências de efeito espacial do crédito, que pode ser neutralizado por modelos espaciais. Os efeitos diferem conforme a região do país e o tamanho das áreas de ponderação, o que evidencia a importância da questão regional do crédito. Por sua vez, o terceiro ensaio avalia o possível efeito riqueza oriundo da obtenção do imóvel sobre consumo através do programa Minha Casa Minha Vida. Na Faixa 1 desde programa, que abrange familias de até três salários mínimos, são realizados sorteios quando o número de inscritos supera o número de unidades habitacionais disponíveis. Em particular, este artigo identifica o efeito do indivíduo da família de baixa renda ser sorteado para receber um imóvel subsidiado no Rio de Janeiro, onde o sorteio foi feito de forma aleatorizada, em comparação com o indivíduo que participou do sorteio e não foi contemplado, em variáveis de crédito relacionadas com consumo. Foram avaliados seis sorteios entre 2011 e 2013, abrangendo cerca de 500 mil pessoas. As estimações foram feitas pelo método de Análise de Covariância, comparando o sorteado com o não sorteado, e por variáveis instrumentais, comparando o efetivo beneficiário do programa com o não contemplado. Encontramos efeito nulo ou até negativo do tratamento no montante de crédito realizado nos primeiros sorteios, mas os resultados dos últimos sorteios sugerem forte efeito riqueza do novo imóvel através do Crédito Consignado e do Cartão de Crédito. Por outro lado, há evidências do efeito do sorteio no aumento financiamento de bens relacionado ao programa Minha Casa Melhor e na inclusão financeira através da exposição inicial a algum tipo de crédito em todos os sorteios. Ainda notamos que a exposição ao crédito ofertado pelo Minha Casa Melhor nos primeiros sorteios avaliados pode levar a um aumento da inadimplência ao beneficiário do programa, o que pode piorar seu bem estar ao longo prazo.
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O primeiro ensaio da tese verifica o impacto da mudança local do valor máximo do imóvel elegível para crédito subsidiado do Sistema Financeiro da Habitação, no contexto de medidas macroprudenciais relacionadas ao mercado imobiliário que tiveram maior relevância após a crise de 2008. Desde Setembro de 2013, este teto passou de R$ 500 mil para R$ 750 mil para os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e o Distrito Federal, enquanto que para os demais Estados o teto passou de R$ 500 mil para R$ 650 mil, criando uma descontinuidade geográfica entre tais regiões. Nesse sentido, comparamos através de Regressão com Descontinuidade municípios ao redor de 75 quilômetros da fronteira entre as regiões com limites distintos. Notamos que houve uma diferença temporária de 15% dos valores das garantias dos financiamentos imobiliários, que são o preço dos próprios imóveis financiados, entre municípios vizinhos que passaram a ter tetos distintos de imóveis elegíveis a este financiamento após seis meses da primeira mudança. Esta diferença permanece após variados testes de falsificação. Por outro lado, a maturidade do crédito imobiliário torna-se mais elevada na região com maior teto. Já em 2016, em um período de crise econômica, a alteração do limite máximo do preço dos imóveis de R$ 750 mil para R$ 950 mil nas Unidades de Federação citadas e de R$ 650 mil para R$ 800 mil nas demais regiões parece impactar menos o preço de imóveis. Quando consideramos as capitais e regiões metropolitanas com tetos distintos, vimos que a diferença entre preços de imóveis se torna maior e permanente ao longo do tempo, através de análises por diferenças em diferenças. Verificamos que tal medida propiciou maior arrecadação de IPTU aos municípios na região com teto maior de eligibilidade do SFH após 2012. Por fim, avaliamos a distorção gerada pela imposição do limite de preços gerada da distribuição dos valores do colateral do financiamento imobiliário. A distorção gerada pelo teto do preço até 2013 ocasionou mudanças da distribuição do preço de imóveis, de forma que a elasticidade da demanda em relação ao preço diminui quatro vezes ao redor dos R$ 500 mil. O segundo ensaio analisa a relação entre crédito e consumo após as mudanças do mercado bancário brasileiro como a alienação fiduciária, a criação do crédito consignado e a lei das falências. sob o nível da chamada área de ponderação, unidade de observação igual ou menor que o município, construída a partir do Censo populacional de 2000 e de 2010. Como variável instrumental do crédito local, medimos a menor distância entre o centróide do CEP de cada região e variados canais físicos bancários georreferenciados: a agência bancária, os postos de atendimento e correspondentes bancários. Utilizamos este crédito instrumentalizado para avaliar seu impacto sobre o consumo local de bens duráveis, através uma cesta de bens como televisão, máquina de lavar, computador e geladeira mensurado pelo questionário amostral do Censo. Encontramos evidência que o aumento de um ponto percentual do crédito em uma área de ponderação pode levar ao aumento de 1.4% na cesta de consumo de bens duráveis local. Já a proximidade física de uma agência bancária ou de um posto de atendimento está relacionado com maior crédito na área compreendida por aquele CEP. Vemos ainda evidências de efeito espacial do crédito, que pode ser neutralizado por modelos espaciais. Os efeitos diferem conforme a região do país e o tamanho das áreas de ponderação, o que evidencia a importância da questão regional do crédito. Por sua vez, o terceiro ensaio avalia o possível efeito riqueza oriundo da obtenção do imóvel sobre consumo através do programa Minha Casa Minha Vida. Na Faixa 1 desde programa, que abrange familias de até três salários mínimos, são realizados sorteios quando o número de inscritos supera o número de unidades habitacionais disponíveis. Em particular, este artigo identifica o efeito do indivíduo da família de baixa renda ser sorteado para receber um imóvel subsidiado no Rio de Janeiro, onde o sorteio foi feito de forma aleatorizada, em comparação com o indivíduo que participou do sorteio e não foi contemplado, em variáveis de crédito relacionadas com consumo. Foram avaliados seis sorteios entre 2011 e 2013, abrangendo cerca de 500 mil pessoas. As estimações foram feitas pelo método de Análise de Covariância, comparando o sorteado com o não sorteado, e por variáveis instrumentais, comparando o efetivo beneficiário do programa com o não contemplado. Encontramos efeito nulo ou até negativo do tratamento no montante de crédito realizado nos primeiros sorteios, mas os resultados dos últimos sorteios sugerem forte efeito riqueza do novo imóvel através do Crédito Consignado e do Cartão de Crédito. Por outro lado, há evidências do efeito do sorteio no aumento financiamento de bens relacionado ao programa Minha Casa Melhor e na inclusão financeira através da exposição inicial a algum tipo de crédito em todos os sorteios. Ainda notamos que a exposição ao crédito ofertado pelo Minha Casa Melhor nos primeiros sorteios avaliados pode levar a um aumento da inadimplência ao beneficiário do programa, o que pode piorar seu bem estar ao longo prazo.This thesis encompasses three essays related to specific credit policies in Brazil. Brazil is a continental country where public policies can have diverse impacts in the Brazilian regions. In the last century, the legislation regarding the Brazilian credit market has undergone several changes and can now be better evaluated. All the essays consider the Credit Registry Data (SCR) of the Central Bank of Brazil as part of the database, integrating it with other information. The first essay examines the impact of the local change in the maximum value of the property eligible for subsidized credit from the Housing Finance System (SFH), in the context of macroprudential measures that became relevant after 2008 Crisis. Since September 2013, this eligible-limit went from BRL 500,000 to BRL 750,000 for the states of São Paulo, Minas Gerais and Rio de Janeiro, and the Federal District, while for the other States the limit changed from BRL 500,000 to BRL 650,000, creating a geographical discontinuity between such regions. In this sense, we compare the municipalities around 75 kilometers from the border between regions with distinct eligible limits using the RDD procedure. We note that there was a temporary difference of 15 % of the values of the housing financing collaterals, which are the price of the real estate financed, between neighboring municipalities that had different ceilings of real estate eligible for this financing after six months of the first change. This difference remains after various falsification tests. On the other hand, the maturity of real estate credit becomes higher in the region with the highest limit. However, the change in the limit in 2016 (in a period of economic crisis), when the eligible-limit came from BRL 750,000 to BRL 950,000 in the main states and BRL 650,000 to BRL 800,000 in other regions, seems to have a lower impact on real estate prices. Considering only housing loans from capitals and metropolitan regions with distinct limits, there is an evidence that the difference between real estate prices becomes larger and permanent over time, through differences-in-differences analysis. We verify that such a change led to a higher property-tax collection to the municipalities in the region with the highest SFH limit after 2012. Finally, we evaluate the distortion generated by the imposition of this limit generated from the distribution of collateral values of real estate financing. The distortion generated by the upper-bound limit until 2013 caused changes in the distribution of real estate prices, so that the elasticity of demand in relation to the housing price decreases four times around the BRL 500,000 value. The second essay analyzes the relationship between credit and consumption following changes in the Brazilian banking market such as fiduciary alienation, creation of the payroll credit and the bankruptcy law, considering the weighting area, an observation unit equal or smaller than a municipality measured in Census. As the instrumental variable of local credit, we measured the smallest distance between the zip code’s centroid of each region and georeferenced physical banking channels: the bank branch, the bank branches-like and correspondent banks. We used this instrumented credit to evaluate its impact on local consumption of durable goods through a basket of durable goods such as television, washing machine, computer and refrigerator. We found evidence that increasing one percentage of credit in a weighting area may lead to a 1.4 % increase of the local consumer basket. The physical proximity of a bank branch or a bank branch-like is related to higher amount of credit in the area covered by that zip code. We also see evidence of the spatial effect of credit, which can be neutralized by spatial models. The effects differ according to the region of the country and the size of the weighting areas, which highlights the importance of the regional credit issue. The third essay evaluates the possible wealth effect derived from obtaining the property over consumption through a Brazilian housing (My House My Life) program. For the households with less than three minimum wages, there are lotteries when the demand exceeds the number of housing units available in the city. In particular, this article identifies the effect of being a lottery winner or a effective beneficiary of a subsidized property in Rio de Janeiro, where the lottery was randomized, over consumer-related credit outcomes. Six lotteries were evaluated between 2011 and 2013, covering about 500,000 individuals. The estimates consider the covariance analysis method, comparing lottery winners with non-winners, and the instrumental variables, comparing the effective beneficiary of the program with the non-beneficiary. There is not an evidence of positive effects of the treatment on the amount of credit on the first lotteries, but the results of the last draws suggest a strong wealth effect of the new property through Payroll Credit and Credit Card. On the other hand, there is an evidence of winning the lottery on the increase in the durable goods financing related to the My House Better program and on the financial inclusion through the initial exposure to some type of credit. We also note that exposure to the credit offered by My House Better on the first lotteries may lead to an increase in the credit default rates of the beneficiaries of the program, which can worsen their long-term well-being.engPoliciesHousingConsumptionRegional economicsCréditosPolíticas públicas - BrasilHabitação - FinanciamentoConsumo (Economia)Economia regionalEconomiaCréditosPolíticas públicas - BrasilHabitação - FinanciamentoConsumo (Economia)Economia regionalEssays on credit policiesinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)instname:Fundação Getulio Vargas (FGV)instacron:FGVORIGINALcapa_final (6).pdfcapa_final (6).pdfPDFapplication/pdf2094060https://repositorio.fgv.br/bitstreams/7a2cc938-6925-48e6-b857-79a287932ae7/downloada8e14eb3d2c769e884f3b4630f2367caMD57TEXTcapa_final (6).pdf.txtcapa_final (6).pdf.txtExtracted 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description Esta tese de doutorado engloba três ensaios relacionados à políticas de crédito específicas no Brasil. Em se tratando de um país continental, políticas públicas podem ter impactos diversos nas regiões brasileiras. No último século, a legislação referente ao mercado de crédito brasileiro sofreu variadas mudanças e que agora podem ser melhor avaliadas. Todos os ensaios utilizam o Sistema de Informações de Crédito (SCR) do Banco Central do Brasil como parte da base de dados, integrando-o com outras informações. O primeiro ensaio da tese verifica o impacto da mudança local do valor máximo do imóvel elegível para crédito subsidiado do Sistema Financeiro da Habitação, no contexto de medidas macroprudenciais relacionadas ao mercado imobiliário que tiveram maior relevância após a crise de 2008. Desde Setembro de 2013, este teto passou de R$ 500 mil para R$ 750 mil para os Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e o Distrito Federal, enquanto que para os demais Estados o teto passou de R$ 500 mil para R$ 650 mil, criando uma descontinuidade geográfica entre tais regiões. Nesse sentido, comparamos através de Regressão com Descontinuidade municípios ao redor de 75 quilômetros da fronteira entre as regiões com limites distintos. Notamos que houve uma diferença temporária de 15% dos valores das garantias dos financiamentos imobiliários, que são o preço dos próprios imóveis financiados, entre municípios vizinhos que passaram a ter tetos distintos de imóveis elegíveis a este financiamento após seis meses da primeira mudança. Esta diferença permanece após variados testes de falsificação. Por outro lado, a maturidade do crédito imobiliário torna-se mais elevada na região com maior teto. Já em 2016, em um período de crise econômica, a alteração do limite máximo do preço dos imóveis de R$ 750 mil para R$ 950 mil nas Unidades de Federação citadas e de R$ 650 mil para R$ 800 mil nas demais regiões parece impactar menos o preço de imóveis. Quando consideramos as capitais e regiões metropolitanas com tetos distintos, vimos que a diferença entre preços de imóveis se torna maior e permanente ao longo do tempo, através de análises por diferenças em diferenças. Verificamos que tal medida propiciou maior arrecadação de IPTU aos municípios na região com teto maior de eligibilidade do SFH após 2012. Por fim, avaliamos a distorção gerada pela imposição do limite de preços gerada da distribuição dos valores do colateral do financiamento imobiliário. A distorção gerada pelo teto do preço até 2013 ocasionou mudanças da distribuição do preço de imóveis, de forma que a elasticidade da demanda em relação ao preço diminui quatro vezes ao redor dos R$ 500 mil. O segundo ensaio analisa a relação entre crédito e consumo após as mudanças do mercado bancário brasileiro como a alienação fiduciária, a criação do crédito consignado e a lei das falências. sob o nível da chamada área de ponderação, unidade de observação igual ou menor que o município, construída a partir do Censo populacional de 2000 e de 2010. Como variável instrumental do crédito local, medimos a menor distância entre o centróide do CEP de cada região e variados canais físicos bancários georreferenciados: a agência bancária, os postos de atendimento e correspondentes bancários. Utilizamos este crédito instrumentalizado para avaliar seu impacto sobre o consumo local de bens duráveis, através uma cesta de bens como televisão, máquina de lavar, computador e geladeira mensurado pelo questionário amostral do Censo. Encontramos evidência que o aumento de um ponto percentual do crédito em uma área de ponderação pode levar ao aumento de 1.4% na cesta de consumo de bens duráveis local. Já a proximidade física de uma agência bancária ou de um posto de atendimento está relacionado com maior crédito na área compreendida por aquele CEP. Vemos ainda evidências de efeito espacial do crédito, que pode ser neutralizado por modelos espaciais. Os efeitos diferem conforme a região do país e o tamanho das áreas de ponderação, o que evidencia a importância da questão regional do crédito. Por sua vez, o terceiro ensaio avalia o possível efeito riqueza oriundo da obtenção do imóvel sobre consumo através do programa Minha Casa Minha Vida. Na Faixa 1 desde programa, que abrange familias de até três salários mínimos, são realizados sorteios quando o número de inscritos supera o número de unidades habitacionais disponíveis. Em particular, este artigo identifica o efeito do indivíduo da família de baixa renda ser sorteado para receber um imóvel subsidiado no Rio de Janeiro, onde o sorteio foi feito de forma aleatorizada, em comparação com o indivíduo que participou do sorteio e não foi contemplado, em variáveis de crédito relacionadas com consumo. Foram avaliados seis sorteios entre 2011 e 2013, abrangendo cerca de 500 mil pessoas. As estimações foram feitas pelo método de Análise de Covariância, comparando o sorteado com o não sorteado, e por variáveis instrumentais, comparando o efetivo beneficiário do programa com o não contemplado. Encontramos efeito nulo ou até negativo do tratamento no montante de crédito realizado nos primeiros sorteios, mas os resultados dos últimos sorteios sugerem forte efeito riqueza do novo imóvel através do Crédito Consignado e do Cartão de Crédito. Por outro lado, há evidências do efeito do sorteio no aumento financiamento de bens relacionado ao programa Minha Casa Melhor e na inclusão financeira através da exposição inicial a algum tipo de crédito em todos os sorteios. Ainda notamos que a exposição ao crédito ofertado pelo Minha Casa Melhor nos primeiros sorteios avaliados pode levar a um aumento da inadimplência ao beneficiário do programa, o que pode piorar seu bem estar ao longo prazo.
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