Relato de experiência sobre um programa de estimulação motora em um hospital universitário de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Selau, Bruna Lima
Data de Publicação: 2015
Outros Autores: Mattiello, Gabriela Machado Padilha, Barcelos, Adriano Tusi
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Didática Sistêmica
Texto Completo: https://periodicos.furg.br/redsis/article/view/5270
Resumo: O estudo sobre o desenvolvimento humano baseia-se na inter-relação, pois os domínios do desenvolvimento interagem exercendo influências uns sobre os outros. Esses domínios são representados pelas habilidades motoras, cognitivas e sociais do indivíduo (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). Durante os primeiros anos de vida, ocorre uma maior plasticidade cerebral, tornando o indivíduo mais sensível às oportunidades de aprendizagem (ALMEIDA e VALENTINI, 2010). Dessa forma, as alterações que ocorrem na aptidão do indivíduo ocasionadas por estímulos externos tornam-se mais evidentes durante esse período de vida, caracterizando a importância de diferentes experiências na infância (FOX, LEVITT e NELSON, 2010). Essas experiências ou fatores que influenciam o curso do desenvolvimento da criança podem ser no âmbito do ambiente em que a criança está inserida, da tarefa que lhe é proposta e da forma como ela responde ou reage a este desafio, ou seja, da sua própria capacidade (WILLRICH, AZEVEDO e FERNANDES, 2009). Nesse sentido, a hospitalização na infância atua como uma experiência negativa sobre o desenvolvimento da criança, devido às condições biológicas que a mesma se encontra e ao contexto ambiental em que está inserida (OLIVEIRA, 2009). O hospital, em geral, é um lugar desconhecido, com restrição de espaço físico e ausência de estímulos adequados (BORTOLOTE e BRÊTAS, 2008). Além disso, quanto maior o tempo de permanência da criança a esse tipo de experiência, maior será o risco de atraso no desenvolvimento motor (NOBRE et al, 2009). Diante disso, pesquisas têm demonstrado a importância de intervenções adequadas para o desenvolvimento motor da criança hospitalizada, sendo elas preventivas ou corretivas. Muitos estudos mostram haver melhora da aquisição de habilidades motoras em crianças que receberam estimulação motora (PANCERI et al, 2012 e WILLRICH, AZEVEDO e FERNANDES, 2009) Dessa forma, ressalta-se a importância de um programa de intervenção motora enquanto prática terapêutica em bebês hospitalizados. Sob a perspectiva dos profissionais de educação física que atuam na realização de um programa de intervenção motora em um hospital universitário de Porto Alegre evidenciam-se os efeitos desse tipo de prática na saúde e desenvolvimento adequados dos pacientes internados na Pediatria do referido hospital. O programa realizado envolve a participação de dois profissionais de educação física contratados do hospital e quatro profissionais de educação física participantes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde. Esses profissionais participam das reuniões de equipe para discussão dos casos, e de acordo com a proposta terapêutica para cada paciente planejam a intervenção que será realizada. As atividades são realizadas nos próprios leitos, no caso de pacientes em isolamento de contato, ou na Sala de Recreação da Unidade de Internação Pediátrica, a qual possui um espaço voltado para a realização das intervenções motoras com materiais específicos para esse fim, como rolos, bolas, colchonetes, brinquedos, entre outros. As intervenções diferem em tempo de duração, tipos de atividades e volume semanal de acordo com a proposta para cada paciente e idade do mesmo. As atividades realizadas baseiam-se em mobilizações articulares, estimulação audiovisual, sensório-motora e proprioceptiva. Além disso, busca-se sempre que possível, o envolvimento do responsável ou cuidador nas atividades, estimulando assim o vínculo afetivo no cuidado com o paciente. A partir desse trabalho desenvolvido, percebe-se a melhora no desenvolvimento neuropsicomotor dos pacientes internados através do ganho de habilidades motoras e avanços no padrão do desenvolvimento. Os profissionais que atuam nesse programa de estimulação motora têm buscado especializar seus conhecimentos na área, agindo cada vez mais de uma forma preventiva no tratamento desses pacientes, demonstrando assim, a importância da atuação do profissional de educação física nesse âmbito da saúde. Diversas pesquisas vêm sendo realizadas ao longo dos anos sobre as implicações de um programa de intervenção motora em crianças hospitalizadas, porém sugerem-se mais estudos que abordem a atuação do profissional de educação física nesses programas.
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Essas experiências ou fatores que influenciam o curso do desenvolvimento da criança podem ser no âmbito do ambiente em que a criança está inserida, da tarefa que lhe é proposta e da forma como ela responde ou reage a este desafio, ou seja, da sua própria capacidade (WILLRICH, AZEVEDO e FERNANDES, 2009). Nesse sentido, a hospitalização na infância atua como uma experiência negativa sobre o desenvolvimento da criança, devido às condições biológicas que a mesma se encontra e ao contexto ambiental em que está inserida (OLIVEIRA, 2009). O hospital, em geral, é um lugar desconhecido, com restrição de espaço físico e ausência de estímulos adequados (BORTOLOTE e BRÊTAS, 2008). Além disso, quanto maior o tempo de permanência da criança a esse tipo de experiência, maior será o risco de atraso no desenvolvimento motor (NOBRE et al, 2009). 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O programa realizado envolve a participação de dois profissionais de educação física contratados do hospital e quatro profissionais de educação física participantes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde. Esses profissionais participam das reuniões de equipe para discussão dos casos, e de acordo com a proposta terapêutica para cada paciente planejam a intervenção que será realizada. As atividades são realizadas nos próprios leitos, no caso de pacientes em isolamento de contato, ou na Sala de Recreação da Unidade de Internação Pediátrica, a qual possui um espaço voltado para a realização das intervenções motoras com materiais específicos para esse fim, como rolos, bolas, colchonetes, brinquedos, entre outros. As intervenções diferem em tempo de duração, tipos de atividades e volume semanal de acordo com a proposta para cada paciente e idade do mesmo. As atividades realizadas baseiam-se em mobilizações articulares, estimulação audiovisual, sensório-motora e proprioceptiva. Além disso, busca-se sempre que possível, o envolvimento do responsável ou cuidador nas atividades, estimulando assim o vínculo afetivo no cuidado com o paciente. A partir desse trabalho desenvolvido, percebe-se a melhora no desenvolvimento neuropsicomotor dos pacientes internados através do ganho de habilidades motoras e avanços no padrão do desenvolvimento. Os profissionais que atuam nesse programa de estimulação motora têm buscado especializar seus conhecimentos na área, agindo cada vez mais de uma forma preventiva no tratamento desses pacientes, demonstrando assim, a importância da atuação do profissional de educação física nesse âmbito da saúde. Diversas pesquisas vêm sendo realizadas ao longo dos anos sobre as implicações de um programa de intervenção motora em crianças hospitalizadas, porém sugerem-se mais estudos que abordem a atuação do profissional de educação física nesses programas.Lepidus2015-09-02info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.furg.br/redsis/article/view/5270Revista Didática Sistêmica; 2014: Edição Especial; 437-4391809-3108reponame:Revista Didática Sistêmicainstname:Universidade Federal do Rio Grande (FURG)instacron:FURGporhttps://periodicos.furg.br/redsis/article/view/5270/3284Copyright (c) 2015 Revista Didática Sistêmicainfo:eu-repo/semantics/openAccessSelau, Bruna LimaMattiello, Gabriela Machado PadilhaBarcelos, Adriano Tusi2018-11-08T18:39:46Zoai:periodicos.furg.br:article/5270Revistahttps://periodicos.furg.br/redsisPUBhttps://periodicos.furg.br/redsis/oairevdidaticasistemica@furg.br || angelabersch@gmail.com1809-31081809-3108opendoar:2018-11-08T18:39:46Revista Didática Sistêmica - Universidade Federal do Rio Grande (FURG)false
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