Escolas promotoras da igualdade de gênero : tessituras de um projeto-experiência

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira, Lara Torrada
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FURG (RI FURG)
Texto Completo: http://repositorio.furg.br/handle/1/9038
Resumo: Esta dissertação foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde, na linha de pesquisa "Educação Científica: Implicações das Práticas Científicas na Constituição dos Sujeitos" e teve como objetivo investigar os processos de produção das experiências narradas por algumas/alguns integrantes do Projeto Escola Promotora da Igualdade de Gênero, promovido pelo Grupo de Pesquisa Sexualidade e Escola - GESE da Universidade Federal do Rio Grande - FURG em Rio Grande/RS. A pesquisa foi produzida a partir de algumas inspirações acerca da ideia de experiência, proposta por Michel Foucault e Jorge Larrosa, e também através de interlocuções com outros pressupostos foucaultianos, dentre eles, as relações de poder/saber e de resistência, e dos estudos de gênero e de sexualidade que nos possibilitaram pensar o gênero e a sexualidade, o espaço escolar, o currículo, os movimentos antigênero, e os atravessamentos dessas questões no Projeto Escola Promotora da Igualdade de Gênero. As interlocuções com algumas ideias sobre experiência que fomos tecendo ao longo da pesquisa, fez com que entendêssemos esse projeto enquanto um projeto-experiência, pois, a partir de múltiplas vozes e múltiplos acontecimentos que o afetaram e o transformaram ele foi sendo produzido. Os dados narrativos foram produzidos a partir de entrevistas e de um grupo de discussão com as professoras e um professor e um texto narrativo elaborado pelas/os tutoras/es e coordenadoras que também integram o projeto. Para análise, produzimos um movimento a partir da emergência de dois tópicos que entendemos como potentes a serem problematizados, são eles: as experiências que envolviam as estratégias de resistência para que as temáticas de gênero e sexualidade estivessem presentes no espaço escolar e as experiências suscitadas no desenvolvimento do projeto que envolviam a ofensiva antigênero. Nas análises foi possível perceber que este movimento antigênero, utiliza-se de alguns mecanismos de poder para cercear as discussões de gênero e de sexualidade na sala de aula, visam controlar o currículo e o trabalho docente, bem como, buscam adeptos nas famílias das/dos estudantes. Além disso, as/os participantes da pesquisa, produziram algumas ações como estratégias de resistência a esses movimentos, como: trabalhar com as questões de gênero e sexualidade utilizando termos ou assuntos de "maior aceitação" pela sociedade, como por exemplo, o amor; incorporar a temática aos conteúdos das disciplinas; manter um diálogo com as famílias e a comunidade sobre o desenvolvimento do projeto; lutar pela inclusão da temática nos documentos que fornecem diretrizes educacionais, entre outras. Por fim, apontamos que essa experiência que nos toca, nos movimenta e nos provoca mudanças, nos posiciona distantes de qualquer neutralidade; o que fez com que as/os participantes desse projeto-experiência fossem sujeitos políticos que enfrentaram perigos de desafiar relações de poder, e, com isso, transformaram a si e as relações em que estavam envoltas/os. Também, destacamos que para existir um espaço escolar menos discriminatório e sexista, é fundamental que existam propostas que promovam resistências e que possibilitem a problematização e o debate das questões de gênero e sexualidade na escola.
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A pesquisa foi produzida a partir de algumas inspirações acerca da ideia de experiência, proposta por Michel Foucault e Jorge Larrosa, e também através de interlocuções com outros pressupostos foucaultianos, dentre eles, as relações de poder/saber e de resistência, e dos estudos de gênero e de sexualidade que nos possibilitaram pensar o gênero e a sexualidade, o espaço escolar, o currículo, os movimentos antigênero, e os atravessamentos dessas questões no Projeto Escola Promotora da Igualdade de Gênero. As interlocuções com algumas ideias sobre experiência que fomos tecendo ao longo da pesquisa, fez com que entendêssemos esse projeto enquanto um projeto-experiência, pois, a partir de múltiplas vozes e múltiplos acontecimentos que o afetaram e o transformaram ele foi sendo produzido. Os dados narrativos foram produzidos a partir de entrevistas e de um grupo de discussão com as professoras e um professor e um texto narrativo elaborado pelas/os tutoras/es e coordenadoras que também integram o projeto. Para análise, produzimos um movimento a partir da emergência de dois tópicos que entendemos como potentes a serem problematizados, são eles: as experiências que envolviam as estratégias de resistência para que as temáticas de gênero e sexualidade estivessem presentes no espaço escolar e as experiências suscitadas no desenvolvimento do projeto que envolviam a ofensiva antigênero. Nas análises foi possível perceber que este movimento antigênero, utiliza-se de alguns mecanismos de poder para cercear as discussões de gênero e de sexualidade na sala de aula, visam controlar o currículo e o trabalho docente, bem como, buscam adeptos nas famílias das/dos estudantes. Além disso, as/os participantes da pesquisa, produziram algumas ações como estratégias de resistência a esses movimentos, como: trabalhar com as questões de gênero e sexualidade utilizando termos ou assuntos de "maior aceitação" pela sociedade, como por exemplo, o amor; incorporar a temática aos conteúdos das disciplinas; manter um diálogo com as famílias e a comunidade sobre o desenvolvimento do projeto; lutar pela inclusão da temática nos documentos que fornecem diretrizes educacionais, entre outras. Por fim, apontamos que essa experiência que nos toca, nos movimenta e nos provoca mudanças, nos posiciona distantes de qualquer neutralidade; o que fez com que as/os participantes desse projeto-experiência fossem sujeitos políticos que enfrentaram perigos de desafiar relações de poder, e, com isso, transformaram a si e as relações em que estavam envoltas/os. Também, destacamos que para existir um espaço escolar menos discriminatório e sexista, é fundamental que existam propostas que promovam resistências e que possibilitem a problematização e o debate das questões de gênero e sexualidade na escola.This dissertation was developed in the Postgraduate Program in Science Education: Chemistry of Life and Health, in the research line "Scientific Education: Implications of Scientific Practices in the Constitution of the Subjects" and had as objective to investigate the production processes of the experiences narrated by some members of the Promoting School of Gender Equality Project, promoted by the Research Group Sexuality and School - GESE of the Universidade Federal do Rio Grande - FURG in Rio Grande / RS. The research was produced from some inspirations about the idea of experience, proposed by Michel Foucault and Jorge Larrosa, and also through interlocutions with other Foucaultian presuppositions, among them, the relations of power / knowledge and resistance, and the studies of gender and sexuality that enabled us to think about gender and asexuality, school space, curriculum, anti-gender movements, and the crossing of these issues in the Promoting School of Gender Equality Project. Interlocutions with some ideas about experience that we have been making throughout the research, has made us understand this project as an experience project, because from multiple voices and multiple events that have affected and transformed it was being produced. The narrative data were produced from interviews and from a discussion group with the female teachers and a male teacher and a narrative text prepared by the tutors and coordinators, who are also part of the project. For analysis, we produced a movement based on the emergence of two topics that we considered potent to be problematized. These were: the experiences that involved the strategies of resistance so that gender and sexuality issues were present in the school space and the experiences raised in the project that involved the anti-gender offensive. In the analysis, it was possible to perceive that this anti-gender movement uses some mechanisms of power to restrict the discussions of gender and sexuality in the classroom, aim to control the curriculum and the teaching work, as well as seek adepts in families of students. In addition, the research participants produced some actions as strategies to resist these movements, for example: working with issues of gender and sexuality using terms or subjects of "greater acceptance" by society, such as love; incorporate the theme into the contents of the subjects; maintain a dialogue with families and the community on the development of the project; to fight for the inclusion of the theme in the documents that provide educational guidelines, among others. Finally, we point out that this experience that touches us, moves us and causes us changes, positions us far from any neutrality; which meant that the participants in this experience project were political subjects who faced dangers of challenging power relations, and thereby transformed themselves and the relationships in which they were involved. Also, we emphasize that in order to have a less discriminatory and sexist school space, it is fundamental the existance of proposals that promote resistance and that allow the problematization and debate of gender and sexuality issues in school.Ribeiro, Paula Regina CostaRizza, Juliana LapaPereira, Lara Torrada2020-09-23T01:01:43Z2020-09-23T01:01:43Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfPEREIRA, Lara Torrada. ESCOLAS PROMOTORAS DA IGUALDADE DE GÊNERO: TESSITURAS DE UM PROJETO-EXPERIÊNCIA. 2019. 137p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde – Universidade Federal do Rio Grande. 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