Agindo num mundo desde sempre familiar: perspectivas etnometodológicas sobre ação social

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Aguirre, Alexandra
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista Epistemologia
Texto Completo: https://epistemologia.com.br/academico/index.php/epistemologia/article/view/14
Resumo: O objetivo do trabalho é compreender e expor a etnometodologia como uma teoria sociológica que, ao tratar da ação cotidiana, rompeu com o paradigma que atribuía sentido à uma ação. Os estudos etnometodológicos propuseram substituir as causas e motivações como explicações para ações sociais, pelo conhecimento (familiar, pressuposto, desinteressante – não é um tópico a ser discutido – e sobre o qual não se fala) do contexto em que se age. De fato, “causas” e “motivações” não explicam como as ações ocorrem, ao contrário, frequentemente são racionalizações posteriores, das quais os agentes lançam mão com o intuito de dar coerência às suas ações (e de outros). A ação social, definida por Max Weber como “ação significativa e orientada por outro”, passou a revelar uma racionalidade subjacente compartilhada entre os participantes, cuja lógica própria orienta as ações. De outra maneira, é porque se percebe um mundo social relativamente estável e em si desinteressante, é que se pode tomar decisões, fazer escolhas, argumentar e dar relevâncias. Para compreender os fundamentos teóricos da etnometodologia e a ruptura epistemológica que propôs no âmbito das ciências sociais, utilizamos um estudo de caso apresentado pelo próprio Harold Garfinkel – uma conversa entre casal – como contexto cotidiano de ação e interpretação. O mundo familiar é baseado em experiências prévias e funciona como um quadro de referências disponível para a interpretação de acontecimentos contingentes e concretos. Usá-lo é parte da expectativa dos atores no cotidiano como um esquema gramatical conhecido e dominado que orienta as ações. Por exemplo, numa conversa ocasional entre estranhos, o conhecimento compartilhado que prevalece é o “típico” ou o que está disponível a qualquer um, como o senso comum. No entanto, em um diálogo cujos participantes são mais próximos, como um casal, o quadro de referências gerido por ambos tende a ser específico, implicando a existência de uma gramática própria, a partir da qual se interpretam mutuamente.
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