Emissões associadas à queima da palha da cana-de-açúcar no estado de São Paulo e seus impactos na qualidade do ar

• Autor(a) principal: Daniela de Azeredo França
• Data de Publicação: 2013
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do INPE
• Texto Completo: http://urlib.net/sid.inpe.br/mtc-m19/2013/05.17.17.43

A cana-de-açúcar é uma matéria-prima importante para a economia brasileira, usada para produzir açúcar e etanol praticamente na mesma proporção. O estado de São Paulo é o maior produtor desta cultura e é responsável por cerca de 60\% da produção brasileira, com uma área cultivada em torno de 5,4 Mha em 2011. A colheita da cana-de-açúcar pode ser realizada com ou sem a prática da queima da palha. De 2006 a 2010, cerca de 2 milhões de hectares foram colhidos anualmente com a prática da queima, a qual emite material particulado, gases de efeito estufa e precursores do ozônio troposférico para a atmosfera. A geração de inventários de emissões críveis tem um papel fundamental para o monitoramento da efetividade das políticas de redução da prática da queima, sobretudo quanto aos seus impactos na qualidade do ar. Este trabalho visou gerar informações que permitam avaliar os impactos na qualidade do ar da queima da palha-de-açúcar durante a colheita. Numa primeira fase, os fatores de emissão dos principais gases traço e material particulado para a queima da palha da cana, foram estimados a partir de medidas realizadas em laboratório. Os valores médios estimados para os fatores de emissão (g kg$^{-1}$ de biomassa seca queimada) corresponderam a 1.303 $\pm$ 218 para CO$_{2}$, 65 $\pm$ 14 para CO, 1,5 $\pm$ 0,4 para NO$_{X}$, 16 $\pm$ 6 para UHC e 2,6 $\pm$ 1,6 para PM$_{2,5}$. Posteriormente, as emissões de poluentes anuais (de 2006 a 2011), associadas a esta prática no estado de São Paulo, foram estimadas por meio de técnicas de sensoriamento remoto e modelagem numérica. Os valores médios estimados para as emissões (Gg/ano) no estado de São Paulo, de 2006 a 2011, foram 1.130 $\pm$ 152 para CO, 26 $\pm$ 4 para NO$_{X}$, 16 $\pm$ 2 para CH$_{4}$, 45 $\pm$ 6 para PM$_{2,5,}$ 120 $\pm$ 16 para PM$_{10}$ e 154 $\pm$ 21 para NMHC (hidrocarbonetos não-metanos). Finalmente, os impactos na qualidade do ar foram estudados utilizando um modelo numérico de transporte e química da atmosfera. Os resultados deste estudo mostraram que a resolução espacial de 10 km é suficiente para simular consistentemente o ciclo diurno e a variabilidade mensal dos principais poluentes considerados neste trabalho: CO, NO$_{X}$ e O$_{3}$. Os efeitos das emissões associadas à prática da queima da palha da cana-de-açúcar podem exceder a escala local e afetar também a composição química da atmosfera em estados vizinhos, em especial, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Paraná. As estimativas de emissões para o estado de SP indicam um decréscimo da contribuição da queima da palha da cana na concentração de poluentes na atmosfera para o ano de 2011 em relação a 2006, compatível com a redução da prática da colheita com queima no estado de SP, indicando que as medidas tomadas pelo governo para a mitigação das emissões associadas à queima da palha de cana-de-açúcar no estado de São Paulo estão se tornando eficazes.