Comportamento alimentar: efeito da privação no valor reforçador do alimento e as relações com o padrão alimentar de mulheres com diferentes índice de massa corporal

• Autor(a) principal: Cunha, Vivian Costa Resende
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_GOAIS (TEDE-PUC Goiás)
• Texto Completo: http://tede2.pucgoias.edu.br:8080/handle/tede/4572
• topic: privação alimentar, valor reforçador do alimento, prática de dieta; food deprivation, reinforcing value of food, diet practice; Ciências Humanas: Psicologia

O excesso de peso tem aumentado significativamente nos últimos anos. Do ponto de vista nutricional, o tratamento tradicional para excesso de peso possui como componente central a privação e restrição alimentar. Abordagens comportamentais também foram propostas oferecendo estratégias para auxiliar a perda de peso. Entretanto, embora estas intervenções tenham encontrado resultado a curto prazo, a longo prazo elas não parecem ser eficazes. Estudos prévios tem sugerido que é necessária uma melhor compreensão do comportamento alimentar para propor intervenções sustentáveis a longo prazo. Considerando a alimentação um fenômeno multideterminado, foi proposto no artigo 1 uma definição de comportamento alimentar e os efeitos da privação na perspectiva da análise do comportamento, baseada no modelo de multicausação proposto por Skinner, compondo um produto das interações entre os fatores filogenéticos, ontogenéticos e culturais. A partir dessa perspectiva teórica foi proposto um estudo empírico que teve como objetivo geral avaliar o efeito da privação alimentar na escolha e no consumo de alimentos. Participaram deste estudo 62 mulheres, adultas, com índice de massa corporal (IMC) entre 18,6 e 43,7kg/m2 . As participantes foram distribuídas na condição de privação (Priv) ou privação com pré-carga (PrivPC). Em seguida, um jogo foi apresentado onde as participantes poderiam ganhar pontos para alimento ou lazer e posteriormente, foram servidas de um lanche. A percepção de fome foi medida pela escala analógica visual 100mm antes de serem submetidas às condições experimentais (T0), após a condição e após o lanche. Todas as participantes responderam ao Three Factor Eating Questionnaire (TFEQ-R21) e à Escala de Compulsão Alimentar Periódica (ECAP) e foram pesadas e medidas para cálculo IMC. Ao final as participantes foram questionadas sobre a prática de dieta (se estavam fazendo dieta ou se tinham o hábito de fazer). Todas as participantes foram submetidas a todos os procedimentos e os resultados foram analisados nos artigos 2, 3 e 4. No artigo 2 a relação entre IMC, comportamento alimentar e prática de dieta foi avaliada. Este artigo concluiu que as medidas de comportamento alimentar parecem alterar em função da prática de dieta e/ou IMC. Os artigos 3 e 4 foram propostos baseado na literatura que tem sugerido que a privação alimentar aumenta o valor reforçador relativo do alimento (VRRA), uma medida de motivação para escolha do alimento, e que o VRRA aumentado também está relacionado com um maior consumo alimentar. Entretanto, a literatura sugere que o VRRA não deva ser testado sob condições de privação e propõe a inclusão de uma refeição pré-carga para avaliar o mesmo. Portanto, o objetivo do artigo 3 foi avaliar o efeito da privação alimentar (com e sem pré-carga) 7 no VRRA, relato de fome e consumo alimentar de mulheres e avaliar a influência do IMC e prática de dieta, nesta relação. Como resultado, na condição Priv, a escolha por alimento parece estar relacionada com a percepção de fome e o IMC e a prática de dieta também parecem influenciar a sensação de fome. No artigo 4 foi avaliada se as dimensões do TFEQ-R21 (descontrole alimentar, restrição cognitiva e alimentação emocional) influenciam o efeito da privação com e sem pré-carga no VRRA e consumo alimentar das mulheres. O estudo aponta que as dimensões do TFEQ-R21 não influenciaram o VRRA para a condição PrivPC e o consumo alimentar não foi influenciado por nenhum domínio para nenhuma das duas condições. Esta tese foi capaz de concluir que a privação não parece ser a melhor opção para avaliar o VRRA, entretanto, esta condição pareceu refletir a condição de dieta. Além disso, as variáveis IMC, prática de dieta e comportamento alimentar devem ser levadas em consideração na prática clínica uma vez que influenciaram tanto a percepção de fome quanto a escolha por alimento/lazer