A toninha, Pontoporia blainvillei (Mammalia: Cetacea), no litoral norte do Rio Grande do Sul : mortalidade acidental em redes de pesca, abundância populacional e perspectivas para a conservação da espécie

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Schiavon, Daniel Danilewicz
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da PUC_RS
Texto Completo: http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/148
Resumo: A toninha, Pontoporia blainvillei, é a espécie de pequeno cetáceo mais ameaçada na América do Sul, devido às capturas acidentais em redes de pesca em toda sua distribuição geográfica. Na costa do Brasil, a região onde a espécie sofre os mais altos níveis de mortalidade acidental é o Rio Grande do Sul. A presente tese apresenta os resultados de três trabalhos distintos relacionados a aspectos populacionais e da conservação da espécie: um estudo sobre a mortalidade causada pelas capturas acidentais em redes de pesca, uma estimativa de abundância populacional, e um ensaio crítico sobre perspectivas de conservação, recomendações de políticas públicas e medidas de manejo para a pesca. Com os objetivos de apresentar estimativas de mortalidade atualizadas, identificar épocas do ano, tipos e tamanho de rede de pesca e faixas de profundidades com maior risco de captura, foi realizado entre 2002 e 2004, no litoral norte do Rio Grande do Sul, um estudo sobre as interações da pesca e a toninha. As comunidades de pesca de Torres e Tramandaí foram monitoradas durante 350 dias para seleção das embarcações colaboradoras, condução de entrevistas com pescadores e distribuição dos cadernos de bordo e embarques acompanhando as operações de pesca. No total, foram coletados dados relativos a 823 operações de pesca realizadas pelas treze embarcações monitoradas. Foram registradas as capturas acidentais de 99 toninhas em 74 eventos de captura. A mortalidade anual de toninhas foi extrapolada para as 31 embarcações da pesca comercial costeira que atuam em Torres e Tramandaí, resultando em duas estimativas, dependendo do índice empregado: 429 animais (IC 95%: 168 853) utilizando CPUE e 353 toninhas (IC 95%: 171 629) utilizando taxa de captura. Os resultados desse trabalho não apontam soluções rápidas e fáceis para a mitigação das capturas acidentais da toninha através de restrições de áreas, artes e épocas de pesca. As capturas acidentais de toninhas ocorreram em profundidades variando de 9 a 40 m, havendo uma leve propensão das capturas diminuírem à medida que a profundidade aumenta. Não foram detectadas diferenças significativas entre as redes de corvina e brota/pescada, as duas redes de espera mais empregadas na região. O inverno é a estação do ano com maior mortalidade relativa de toninhas. Apesar do notável aumento no esforço de pesca nos últimos 15 anos, as taxas de capturas de toninhas se mantiveram praticamente inalteradas, reforçando que a população de toninhas do Rio Grande do Sul está declinando em tamanho. A estimativa da abundância para espécie tem sido sistematicamente recomendada como uma alta prioridade de pesquisa para a espécie. Os resultados de um segundo levantamento aéreo realizado em março de 2004 no Rio Grande do Sul é apresentado. Transectos lineares com padrão de zig-zag foram seguidos desde a linha da costa até uma distância média de 24 km em direção à mar aberto. A área total monitorada compreendeu 13.341 km2. Abundância foi estimada utilizando o programa Distance sampling assumindo g0 = 0.304. Durante 48 transectos e um esforço total de 1256.8 km, foram registradas 31 toninhas em 25 grupos. A densidade corrigida é 0.51/toninhas/km2, resultando em uma estimativa de abundância de 6.839 toninhas (95% CI = 3,709-12,594) para a área coberta. A taxa de encontro para grupos de toninha é de 0.02 grupos por cada km sobrevoado. A estimativa de abundância apresentada aqui é restrita apenas para a área monitorada e extrapolações para a distribuição restante da espécie são fortemente desaconselhadas. Embora estudos de abundância de toninha tenham mostrado progressos recentes, ainda há muitos pontos a ser melhorados. Os aspectos críticos são: (a) um valor de erro de percepção deve ser estimado; (b) os parâmetros influenciando o erro de disponibilidade devem ser melhorados; (c) tamanho amostral deve ser aumentado. O atual grau de conhecimento sobre a toninha e suas ameaças tem direcionado a pergunta de quando terá início alguma ação concreta para a conservação da espécie? No entanto, a questão mais importante agora não é quando, mas sim como o manejo deve ser implementado. Em minha opinião, o problema das capturas acidentais da toninha requer um modelo de manejo adaptativo caracterizado por um monitoramento contínuo dos indicadores que aferem o progresso das medidas propostas. Quatro proposições de manejo para a pesca que exerce impacto sobre as populações de toninha são comentadas criticamente: o uso de alarmes acústicos em redes, a criação de áreas marinhas protegidas, a redução do esforço de pesca, a modificação das redes de pesca. As seguintes recomendações relativas à implementação de medidas de manejo são propostas e discutidas: (1) ações de manejo não devem ser vistas como uma solução final; (2) o sucesso das ações de manejo devem ser monitoradas a longo prazo; (3) ações de manejo não devem ser inviáveis logisticamente para fiscalização; (4) ações de manejo devem contar com ampla disseminação de informação; (5) ações de manejo devem contar com a concordância e participação de parte das comunidades de pesca envolvidas; (6) ações de manejo devem ter uma abrangência nacional; (7) o impacto econômico das medidas de manejo deve ser previamente estudado; (8) ações de manejo devem ser acompanhadas de pesquisa.
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