Episiotomia: da perceção da necessidade às consequências

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rosa, Catarina Isabel Dias
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.6/4912
Resumo: Introdução: A episiotomia e uma incisão cirúrgica no períneo que promove o alargamento do orifício vaginal, durante a segunda fase do parto. O procedimento foi introduzido no seculo XVIII com o intuito de prevenir lacerações perineais. No seculo XX, começaram a surgir duvidas sobre a sua eficácia assim como evidencia dos riscos a ela associados, tais como dor, edema, infeção, hematoma e dispareunia. Atualmente, não existe consenso no que diz respeito aos fatores que deverão influenciar a tomada de decisão de efetuar ou não episiotomia. Métodos: Numa primeira fase foi realizado um estudo retrospetivo no qual foram incluídas todas as mulheres submetidas a parto vaginal no CHCB entre 1 de outubro de 2011 e 30 de setembro de 2012, com o objetivo de aferir os motivos que influenciaram os médicos e enfermeiros do Servi o de Obstetrícia e Ginecologia do CHCB a efetuar episiotomia, assim como correlacionar a sua realiza ao com as complica 6es na saúde da mulher a curto e longo prazo. Concluído o estudo retrospetivo, os resultados foram apresentados, iniciando-se assim o estudo prospetivo, tendo como objetivo averiguar se teria havido mudança de procedimento no que diz respeito a pratica da episiotomia, analisando a evolução da sua taxa de uso. Resultados: No estudo retrospetivo, a amostra final foi de 283 puérperas. A episiotomia foi efetuada em 68,2% das puérperas. No que diz respeito a perceção da necessidade da episiotomia, obtiveram-se resultados estatisticamente significativos que correlacionam a realização da episiotomia com a idade materna inferior a 34 anos (p=0,002), primiparidade (p<0,001) e parto dist6cico por via vaginal (p<0,001). No que diz respeito a complica 6es a curto-prazo, obtiveram-se resultados estatisticamente significativos que correlacionam a realização da episiotomia com aumento do risco de hematomas e equimoses (p<0,001) e com a diminuição do risco de laceração espontânea (p<0,001). No entanto, se considerarmos a episiotomia como uma laceração de 2° grau, obtemos relação estatisticamente significativa entre episiotomia e aumento do risco de laceração associada (p<0,001), não se justificando por isso a realização de episiotomia preventiva, mas apenas previa. Não foram demonstradas correlações estatisticamente significativas entre episiotomia e complica 6es a longo prazo. Quanto aos fatores de risco de laceração, obtiveram-se resultados estatisticamente significativos para idade materna superior a 34 anos (p=0,002), paridade superior a um filho (p<0,001) e realiza ao de episiotomia (p<0,001). Conclusão: No CHCB a episiotomia e efetuada, sobretudo, em mulheres com idade inferior a 34 anos, primíparas e com parto distócico por via vaginal. A episiotomia não demonstrou ser protetora da laceração, dado esta ser considerada uma lacera ao de 2° grau. Não foram encontradas diferenças significativamente estatísticas entre realização de episiotomia e o risco de complicações a longo prazo para a saúde da mulher. A intervenção realizada entre ambas as fases do estudo não alterou a pratica no Serviço.
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Métodos: Numa primeira fase foi realizado um estudo retrospetivo no qual foram incluídas todas as mulheres submetidas a parto vaginal no CHCB entre 1 de outubro de 2011 e 30 de setembro de 2012, com o objetivo de aferir os motivos que influenciaram os médicos e enfermeiros do Servi o de Obstetrícia e Ginecologia do CHCB a efetuar episiotomia, assim como correlacionar a sua realiza ao com as complica 6es na saúde da mulher a curto e longo prazo. Concluído o estudo retrospetivo, os resultados foram apresentados, iniciando-se assim o estudo prospetivo, tendo como objetivo averiguar se teria havido mudança de procedimento no que diz respeito a pratica da episiotomia, analisando a evolução da sua taxa de uso. Resultados: No estudo retrospetivo, a amostra final foi de 283 puérperas. A episiotomia foi efetuada em 68,2% das puérperas. No que diz respeito a perceção da necessidade da episiotomia, obtiveram-se resultados estatisticamente significativos que correlacionam a realização da episiotomia com a idade materna inferior a 34 anos (p=0,002), primiparidade (p<0,001) e parto dist6cico por via vaginal (p<0,001). No que diz respeito a complica 6es a curto-prazo, obtiveram-se resultados estatisticamente significativos que correlacionam a realização da episiotomia com aumento do risco de hematomas e equimoses (p<0,001) e com a diminuição do risco de laceração espontânea (p<0,001). No entanto, se considerarmos a episiotomia como uma laceração de 2° grau, obtemos relação estatisticamente significativa entre episiotomia e aumento do risco de laceração associada (p<0,001), não se justificando por isso a realização de episiotomia preventiva, mas apenas previa. Não foram demonstradas correlações estatisticamente significativas entre episiotomia e complica 6es a longo prazo. Quanto aos fatores de risco de laceração, obtiveram-se resultados estatisticamente significativos para idade materna superior a 34 anos (p=0,002), paridade superior a um filho (p<0,001) e realiza ao de episiotomia (p<0,001). Conclusão: No CHCB a episiotomia e efetuada, sobretudo, em mulheres com idade inferior a 34 anos, primíparas e com parto distócico por via vaginal. A episiotomia não demonstrou ser protetora da laceração, dado esta ser considerada uma lacera ao de 2° grau. Não foram encontradas diferenças significativamente estatísticas entre realização de episiotomia e o risco de complicações a longo prazo para a saúde da mulher. A intervenção realizada entre ambas as fases do estudo não alterou a pratica no Serviço.Introduction: The episiotomy is a surgical incision on the perineum that promotes the enlargement of the vaginal orifice, during the labor second stage. This procedure was introduced on the XVIII century with the intention of decreasing the perineal lacerations. On the XX century, doubts were raised concerning the procedure effectiveness and evidence of associated risks, such as pain, edema, infection, hematoma and dyspareunia were found. Currently, there is no consensus regarding the factors that should influence the decision to perform or not an episiotomy. Methods: A retrospective study was performed to include all the women subjected to vaginal childbirth on the CHCB, between the 1st of October of 2011 and the 30th of September of 2012, with the objective of evaluate the service's medical staff reasons behind the decision to perform or not an episiotomy, as well as to correlate short and long term complications to women's health with the performance of an episiotomy. Following the retrospective study, its results were presented to the medical staff and a prospective study was initiated, with the goal to evaluate any changes on the episiotomy's performance by the service's medical staff. Results: For the retrospective study, the final sample included 283 woman. Episiotomy was performed on 68,2% of all cases. Regarding the decision factors behind the performance of an episiotomy, a statistically significant result was found with age bellow 34 years (p=0,002), primiparity (p<0,001) and dystocic delivery (p<0,001). Regarding short term complications, statistically significant results were found correlating episiotomy with hematomas/ecchymosis (p<0,001) and laceration (p<0,001). If one takes into account that episiotomy is anatomically a 2nd degree laceration, it is possible to observe a statistically significant relation between episiotomy and laceration risk augmentation (p<0,001), therefore not justifying preventive episiotomy as a standard practice but solely when strictly needed. Regarding long term complications, no statistically significant correlations were found. Concerning the risk factors for laceration, a statistically significant result was found with age above 34 years (p=0,002), parity above 1 child (p < 0,001) and episiotomy (p<0,001). There was no statistically significant change on the rate of episiotomy performance between the two studied years. Conclusion: It was demonstrated that episiotomy is mostly performed on women with ages below 34 years, primiparas and subjected to dystocic delivery. Episiotomy didn't presented protection against laceration, since episiotomy is already a second degree laceration. No statistically significant correlation was found between episiotomy and the risk of long term complications to women's health.Oliveira, José António Martinez Souto dePanaro, Mariana Pais de RamosuBibliorumRosa, Catarina Isabel Dias2018-07-09T14:46:15Z2014-5-62014-06-242014-06-24T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/4912TID:201639742porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:42:22Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/4912Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:45:56.493404Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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description Introdução: A episiotomia e uma incisão cirúrgica no períneo que promove o alargamento do orifício vaginal, durante a segunda fase do parto. O procedimento foi introduzido no seculo XVIII com o intuito de prevenir lacerações perineais. No seculo XX, começaram a surgir duvidas sobre a sua eficácia assim como evidencia dos riscos a ela associados, tais como dor, edema, infeção, hematoma e dispareunia. Atualmente, não existe consenso no que diz respeito aos fatores que deverão influenciar a tomada de decisão de efetuar ou não episiotomia. Métodos: Numa primeira fase foi realizado um estudo retrospetivo no qual foram incluídas todas as mulheres submetidas a parto vaginal no CHCB entre 1 de outubro de 2011 e 30 de setembro de 2012, com o objetivo de aferir os motivos que influenciaram os médicos e enfermeiros do Servi o de Obstetrícia e Ginecologia do CHCB a efetuar episiotomia, assim como correlacionar a sua realiza ao com as complica 6es na saúde da mulher a curto e longo prazo. Concluído o estudo retrospetivo, os resultados foram apresentados, iniciando-se assim o estudo prospetivo, tendo como objetivo averiguar se teria havido mudança de procedimento no que diz respeito a pratica da episiotomia, analisando a evolução da sua taxa de uso. Resultados: No estudo retrospetivo, a amostra final foi de 283 puérperas. A episiotomia foi efetuada em 68,2% das puérperas. No que diz respeito a perceção da necessidade da episiotomia, obtiveram-se resultados estatisticamente significativos que correlacionam a realização da episiotomia com a idade materna inferior a 34 anos (p=0,002), primiparidade (p<0,001) e parto dist6cico por via vaginal (p<0,001). No que diz respeito a complica 6es a curto-prazo, obtiveram-se resultados estatisticamente significativos que correlacionam a realização da episiotomia com aumento do risco de hematomas e equimoses (p<0,001) e com a diminuição do risco de laceração espontânea (p<0,001). No entanto, se considerarmos a episiotomia como uma laceração de 2° grau, obtemos relação estatisticamente significativa entre episiotomia e aumento do risco de laceração associada (p<0,001), não se justificando por isso a realização de episiotomia preventiva, mas apenas previa. Não foram demonstradas correlações estatisticamente significativas entre episiotomia e complica 6es a longo prazo. Quanto aos fatores de risco de laceração, obtiveram-se resultados estatisticamente significativos para idade materna superior a 34 anos (p=0,002), paridade superior a um filho (p<0,001) e realiza ao de episiotomia (p<0,001). Conclusão: No CHCB a episiotomia e efetuada, sobretudo, em mulheres com idade inferior a 34 anos, primíparas e com parto distócico por via vaginal. A episiotomia não demonstrou ser protetora da laceração, dado esta ser considerada uma lacera ao de 2° grau. Não foram encontradas diferenças significativamente estatísticas entre realização de episiotomia e o risco de complicações a longo prazo para a saúde da mulher. A intervenção realizada entre ambas as fases do estudo não alterou a pratica no Serviço.
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