Determinação da dose ideal de alimento para a peixes Garra rufa (Heckel, 1843) em ictioterapia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ruas, Ana Filipa Marques da Silva
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.8/4296
Resumo: A Ictioterapia é um tratamento de doenças, do foro dermatológico (como a psoríase), onde se utilizam os peixes da espécie Garra rufa (Heckel, 1843). Para promover a interação com os seres humanos, aqueles animais são frequentemente sujeitos a privação de alimento, de forma a incentivar o seu comportamento inato de se alimentar através da remoção de células epiteliais da camada superficial da pele dos vertebrados. Este procedimento poderá colocar em causa o bem-estar e a saúde animal. Como tal, o presente trabalho teve por finalidade definir a quantidade ideal de alimento para uma classe específica de tamanho de peixes Garra rufa, que suprima as suas necessidades fisiológicas, sem que estes percam o interesse pelo consumo de células epiteliais e interação com seres humanos, ao longo de um tratamento de Ictioterapia. Primeiramente foi-se determinar a dose ad libitum para uma classe de tamanho de ≈ 5,62 ± 0,05 cm; 1,30± 0,04 g. Após a obtenção desta informação, submeteram-se os peixes a um ensaio experimental visando simular um tratamento de ictioterapia, para tentar perceber qual a dose de alimento (25%, 50%, 75 % ou 100% da dose diária ad libitum) se deverá fornecer diariamente para que os animais mantenham o interesse pela interação com seres humanos e remover-lhes as células escamosas queratinizadas da epiderme. Para tal, estabeleceu-se um protocolo de higienização para os participantes humanos, antes destes entrarem em contacto com os peixes num tratamento de ictioterapia. A dose diária ad libitum correspondeu a 0,27 Kcal peixe-1 e 5% da massa corporal de peixes com  5,62 ± 0,05 cm / 1,30 ± 0,04 g. Durante o ensaio, apenas morreram 3 peixes, mas só porque tentaram a evasão dos sistemas de suporte de vida. Os peixes alimentados com menores doses de ração foram os que mais interagiram com os participantes nas sessões de icitioterapia, ao passo que os das doses maiores foram os mais reservados. A dieta 1 (25% da dose diária ad libitum) obteve bons resultados em termos de crescimento e parâmetros zootécnicos (comprimento total, massa corporal, taxas de crescimento absoluto e específico, índices de crescimento diário e condição corporal), comparáveis aos da situação de referência (em que os peixes G. rufa receberam a dose diária ad libitum e não foram sujeitos a sessões de ictioterapia). No entanto, se a prática for continuada por muito tempo, a dieta é empobrecida em termos nutricionais (as células epiteliais da camada córnea da pele, contém maioritariamente queratina) provavelmente acarretará consequências para a saúde dos peixes. Graças ao facto de os peixes G. rufa terem revelado ser organismos bastante resilientes a mudanças ambientais (nomeadamente nas trocas entre os sistemas de suporte de vida e os sistemas de ictioterapia), bem como à sua capacidade de aprendizagem, recomenda-se fornecer uma dose de alimento entre as 0,14 e 0,21 Kcal peixe-1, correspondentes a 50% e 75% da dose diária ad libitum. Apesar de não terem sido as doses com melhor desempenho em termos de parâmetros zootécnicos, será uma forma de encontrar um compromisso entre o interesse dos peixes G. rufa, para interagirem com os seres humanos, e providenciar saúde e bem-estar a estes animais, a longo prazo.
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