Depressão e comorbilidade: um caso clínico
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-71032011000100006 |
Resumo: | Introdução: É frequente a coexistência de depressão com doenças crónicas. Esta associação leva a pior evolução, tanto do quadro psiquiátrico, como da doença crónica. Contudo, nem sempre o diagnóstico da depressão é evidente e, mesmo quando correctamente identificada, muitas vezes é subtratada, quer por razões imputáveis ao médico, quer por má adesão do doente à terapêutica. Descrição do caso: Maria é grande utilizadora da consulta, a que recorre por tonturas, acufenos, fadiga e dores osteoarticulares. Os problemas de saúde identificados incluem entidades com potencial papel etiológico nestes sintomas, que a doente hipervaloriza. No entanto, esta cumpria irregularmente a terapêutica farmacológica e mantinha hábitos de vida prejudiciais ao controlo desses problemas de saúde. Após múltiplas consultas de padrão semelhante, admitiu, quando questionada, irritabilidade, anedonia, tendência para o isolamento social, hipersónia e humor depressivo que atribuía ao sofrimento físico. Após várias tentativas de introdução de terapêutica antidepressiva, que a doente abandonava após escassos dias alegando efeitos secundários, a marcação de consultas quinzenais resultou em maior adesão à terapêutica, antidepressiva e outra, menos queixas e melhor controlo das suas doenças crónicas. Comentário: A ênfase nos sintomas somáticos e o facto de serem explicáveis no contexto da comorbilidade da doente e, assim, retirados como critérios de suspeição de depressão, levaram a que esta se mantivesse mascarada ao longo do tempo. O médico deve ter presente a frequência da depressão associada a doenças crónicas, de modo a conseguir melhor acuidade diagnóstica. A abordagem inclusiva, que contabiliza sintomas independentemente de serem explicáveis pela patologia coexistente, diminui o risco de não se diagnosticar um quadro depressivo oligossintomático, não obstante poder gerar falsos-positivos. Pelo contrário, a abordagem excludente utilizada durante algum tempo, adiou o diagnóstico (falso-negativo) e o tratamento, com repercussões no controlo da globalidade dos problemas de saúde e na qualidade de vida da doente. |
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