O tempo das crianças... silêncios vividos e ruídos sentidos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Moreira, Sara Augusta Fernandes da Silva
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/3713
Resumo: O Projecto “O Tempo das Crianças …silêncios vividos e ruídos sentidos”, no âmbito da Educação Social e Intervenção Comunitária, tendo como opção metodológica, a investigacção-acção participativa, foi desenvolvido num contexto escolar, concretamente na EB Carlos Alberto, do Agrupamento de Escolas de Miragaia, da cidade do Porto, com a participação integral e fundamental de um grupo de onze crianças investigadoras, durante dezoito sessões, marcadas de acordo com os interesses das mesmas. A grande finalidade consistiu em recolher as vozes destas crianças sobre a ocupação do seu tempo. Com o recurso a técnicas participativas, a dispositivos de escuta das crianças como a observação participante, conversas e análise documental obtivemos a informação necessária para (re) descobrir que estas crianças e as que foram questionadas, com idade entre os 7 e os 10 anos, trabalham hoje para a escola e na escola, no seu ofício de alunas, cerca de 8 a 9 horas diárias, ou seja, cerca de 40 a 45 horas semanais, sendo preocupante a quantidade de tempo que passam depois das aulas, a realizar, no seu tempo livre, actividades organizadas, de aprendizagem subjugadas pelo modelo escolar e estabelecidas pelos interesses dos adultos (TPC, música, inglês, estudo acompanhado, ginástica, AEC’s), sem serem, na maior parte das vezes, escutadas. São crianças mas incutem-lhes responsabilidade de adultos, passam quase a totalidade do dia na escola, enquanto os pais trabalham. A maioria das vezes as crianças tornam a ser alunas em casa (com a realização dos TPC), ou nas instituições, que a maioria delas, frequenta no horário pré e pós-escolar, comummente designadas por ATL. As crianças quase não brincam e as suas brincadeiras estão cada vez mais ligadas à literacia digital. Com a organização do seu diaa- dia, as crianças revelam também a necessidade em estar mais tempo com a família. Há efectivamente, um excesso de escolarização em detrimento da actividade lúdica (superioridade do estatuto de alunos sobre o estatuto de criança). As crianças acomodam-se ou resistem, de modo silencioso, a um dia-a-dia preenchido, submetidas e pressionadas a actividades educativas pragmáticas e intelectuais excessivas, em espaços fechados e/ou desadequados com pessoas de todo o tamanho e de todos os feitios, que supostamente as distraem, sentindo-se ruídos, através do seu cansaço, disfarçado e manifestado no seu comportamento incompreensível, por vezes indisciplinado, enérgico, e revoltado ou demasiado apático. Este projecto pretende ainda, demonstrar as potencialidades da participação das crianças, como actores sociais, em parceria com os adultos na resolução de problemas que as afectam e na reconstrução social, e provocar reflexões e reacções nos adultos a fim de encontrar fórmulas agradáveis que lhes consintam dar conta de uma coisa tão simples e complexa como é a de compreender as crianças na sua condição de criança, e não somente de aluno e/ou filho (por vezes, basta disponibilizar um pouco do seu tempo também ele preenchido, para as ver, ouvir e escutar verdadeiramente) e fazer da sua vida uma infância de encantadoras recordações.
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Com o recurso a técnicas participativas, a dispositivos de escuta das crianças como a observação participante, conversas e análise documental obtivemos a informação necessária para (re) descobrir que estas crianças e as que foram questionadas, com idade entre os 7 e os 10 anos, trabalham hoje para a escola e na escola, no seu ofício de alunas, cerca de 8 a 9 horas diárias, ou seja, cerca de 40 a 45 horas semanais, sendo preocupante a quantidade de tempo que passam depois das aulas, a realizar, no seu tempo livre, actividades organizadas, de aprendizagem subjugadas pelo modelo escolar e estabelecidas pelos interesses dos adultos (TPC, música, inglês, estudo acompanhado, ginástica, AEC’s), sem serem, na maior parte das vezes, escutadas. São crianças mas incutem-lhes responsabilidade de adultos, passam quase a totalidade do dia na escola, enquanto os pais trabalham. A maioria das vezes as crianças tornam a ser alunas em casa (com a realização dos TPC), ou nas instituições, que a maioria delas, frequenta no horário pré e pós-escolar, comummente designadas por ATL. As crianças quase não brincam e as suas brincadeiras estão cada vez mais ligadas à literacia digital. Com a organização do seu diaa- dia, as crianças revelam também a necessidade em estar mais tempo com a família. Há efectivamente, um excesso de escolarização em detrimento da actividade lúdica (superioridade do estatuto de alunos sobre o estatuto de criança). As crianças acomodam-se ou resistem, de modo silencioso, a um dia-a-dia preenchido, submetidas e pressionadas a actividades educativas pragmáticas e intelectuais excessivas, em espaços fechados e/ou desadequados com pessoas de todo o tamanho e de todos os feitios, que supostamente as distraem, sentindo-se ruídos, através do seu cansaço, disfarçado e manifestado no seu comportamento incompreensível, por vezes indisciplinado, enérgico, e revoltado ou demasiado apático. Este projecto pretende ainda, demonstrar as potencialidades da participação das crianças, como actores sociais, em parceria com os adultos na resolução de problemas que as afectam e na reconstrução social, e provocar reflexões e reacções nos adultos a fim de encontrar fórmulas agradáveis que lhes consintam dar conta de uma coisa tão simples e complexa como é a de compreender as crianças na sua condição de criança, e não somente de aluno e/ou filho (por vezes, basta disponibilizar um pouco do seu tempo também ele preenchido, para as ver, ouvir e escutar verdadeiramente) e fazer da sua vida uma infância de encantadoras recordações.The Project, “Children´s Time… silences lived and noises felt”, within the ambit of Social Education and Community Intervention, using participative action research as its chosen method of investigation, was developed in a school context, specifically in the Carlos Alberto Primary School, in the Miragaia group of schools in Porto, with the full time and fundamental participation of a group of eleven child researchers during eighteen sessions arranged in accordance with the interests of these children. The aim was to collect the voices of these children talking about how they occupied their time. Using the resources of participative techniques, listening devices on the children who were participant observes, conversations and documental analysis, we obtained the information necessary to (re) discover that these children and those questioned, aged between 7 and 10 years, today work for school and in the school in their role as pupils, about 8 to 9 hours daily, or about 40 to 45 hours per week. It is concerning the amount of time that is spent after lessons in their free time doing organized activities and having their learning subjugated by the school model and established by the interests of adults (homework, music, English, directed study, physical education, AEC´s) without, in the majority of cases, being listened to. They are children but they are instilled with the responsibilities of adults, they spend almost all their day in the school while their parents are working. In the majority of cases the children become pupils again at home (doing their homework), or in the institutions that the majority of them frequent after school, commonly known as ATL´s (After School Clubs). The children hardly play and their playing is getting more and more linked to digital literacy. Due to the organization of their daily lives, the children also reveal the need to spend more time with their families. There is effectively an excess of schooling in detriment to play activities (superiority of the statue of pupils over the statue of the child). The children adapt themselves or resist in a silent way, to a full daily program, subjected and pressured into pragmatic educational activities people of all shapes and sizes and different temperaments who are supposed to entertain them, feeling the noise because of their tiredness, disguising and manifesting their incomprehensible behavior, at times undisciplined, strong willed and rebellious or extremely apathetic. This Project also intends to demonstrate the potential of the children´s participation as social actors, in partnership with the adults in the resolution of the problems which affect them and in social reconstruction, and provoke reflection and reaction in the adults with the aim of finding gratifying formulas which will help them manage to do something so simple and complex as understanding children as children and not only as pupils and/or sons and daughters. Sometimes it is enough to make available a little of their time, which is also very full, to really see, hear and listen to them, and make their childhood full of enchanting memories.Universidade de Aveiro2011-06-27T14:43:24Z2010-01-01T00:00:00Z2010info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/3713porMoreira, Sara Augusta Fernandes da Silvainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:03:32Zoai:ria.ua.pt:10773/3713Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:41:51.405776Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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